Já não quero princesas nem contos de fadas.
Não quero lágrimas de mulher adulta nos meus ombros molhados.
Não quero que mais ninguém atraque no cais da minha solidão.
Não quero problemas que não tenho por os terem os outros, nem dúvidas, nem incertezas, nem distâncias.
Quero risos, quero gente que saiba o que quer e onde quer ir e que venha comigo.
Quero luzes, quero som de música, quero copos, quero corpos perto do meu.
Não quero mágoas antigas nem bonecos de pano.
Quero saliva, quero suor, quero respirar outro ar que não o meu.
Não quero beijos a pedido, enviados por piedade da lonjura.
Quero despedir setas em todas as direcções com o olhar e receber as setas dos outros olhares.
Não quero algemas nem laços nem ventos de futuro, nem ausência de promessas, nem promessas sequer.
Quero horas, quero dias que sejam fugazes, sem rasto nem espera.
Quero prazer sem mais nada, quero chegar sem ter ido, não quero esperar.
Não quero mais noites como as minhas, nem ruínas na minha alma.
Quero ser nascer do sol e não ocaso quero ser cimento e não areia.
Não quero teias de aranha no sótão dos afectos, nem passados no meu presente.
Quero querer tudo isto e querer mais ainda, até não querer mais nada.
Mas já não sei como se quer, por querer apenas o que sei.
Rui
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