sexta-feira, dezembro 30, 2005

FELIZ 2006














INUENDO-QUEEN



While the sun hangs in the sky and the desert has sand
While the waves crash in the sea and meet the land
While there's a wind and the stars and the rainbow
Till the mountains crumble into the plain
Oh yes we'll keep on tryin'
Tread that fine line
Oh we'll keep on tryin' yeah
Just passing our time
While we live according to race, colour or creed
While we rule by blind madness and pure greed
Our lives dictated by tradition, superstition, false religion
Through the eons, and on and on
Oh yes we'll keep on tryin'
We'll tread that fine line
Oh we'll keep on tryin'
Till the end of time
Till the end of time

Through the sorrow all through our splendour
Don't take offence at my innuendo

You can be anything you want to be
Just turn yourself into anything you think that you could ever be
Be free with your tempo, be free be free
Surrender your ego - be free, be free to yourself

Oooh, ooh -
If there's a God or any kind of justice under the sky
If there's a point, if there's a reason to live or die
If there's an answer to the questions we feel bound to ask
Show yourself - destroy our fears - release your mask
Oh yes we'll keep on trying
Hey tread that fine line
Yeah we'll keep on smiling yeah
And whatever will be - will be
We'll just keep on trying
We'll just keep on trying
Till the end of time
Till the end of time
Till the end of time



É com estas palavras que termino este ano.
Com esta mensagem de ESPERANÇA e de PERSEVERANÇA em forma de letra de canção.
Pena é que seja em inglês, mas as coisas belas não têm nacionalidade
Para todos um ANO NOVO FARTO DE COISAS BOAS.

Rui

quinta-feira, dezembro 29, 2005

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Diálogos II









— Tenho a certeza!
— Como é que tens a certeza?
— Tenho.
— Mas tens porquê?
— Porque sim.
— Isso não é resposta.
— Então não é?
— Não, não é! Como é que sabes e tens a certeza?
— Houve alguém que me disse.
— Quem?
— Toda a gente sabe disso.
— Toda a gente? Como toda a gente? Diz-me lá quem te disse.
— Ora… disseram-me.
— E tu acreditaste?
— Claro, quem me disse leu não sei onde.
— Mas como é que podes ter a certeza que é mesmo assim?
— Tendo. Eu acredito na pessoa que me contou.
— Na tal pessoa que leu?
— Leu ou ouviu na televisão num documentário.

Rui



sexta-feira, dezembro 23, 2005

quinta-feira, dezembro 22, 2005

DESPERTARES

















-Abriu primeiro o olho direito e depois o esquerdo com esforço considerável. Esticou-se lenta e preguiçosamente, delicadamente como uma flor que abre as pétalas ao sol primaveril. Era a elegância dos gestos, a lentidão quase pensada, com que esticava cada um dos membros e com que tacteava com os dedos alongados, o sofá em que adormecera. Olhou em volta e abriu a boca no seu ritual de acordar, leeeenntameeeente e bocejou.

-Parou apenas um momento e respirou profundamente. Era como se visse o mundo pela primeira vez. Como se a cada despertar tudo fosse novo, diferente e belo para si. A cada despertar uma vida nova dentro de um dia novo. Olhou o sol lá fora, invernoso e pálido, mas brilhante e quente e desejou-o acima de todas as coisas. Desejou deitar-se sob ele e absorver-lhe com a pele o brilho e o calor e ficar assim para sempre nessa indolência sem pecado.

-Reparou com especial atenção no movimento de um pequeno ramo que oscilava para lá da cortina da janela e projectava a sua sombra. Recordou-se de outros despertares, de outros ramos ondulantes e vagamente de acordar com companhia ali a seu lado. Sentiu uma saudade indescritível.

-Desceu até ao chão que pisou mansamente com passos decididos e silenciosos como se dançasse uma complicada coreografia mil vezes ensaiada. Sentou-se no chão tépido, aquecido pelo sol da manhã e gozou a sensação. Começou então, devagar, a lamber as patas e depois o resto do pelo.

Rui

terça-feira, dezembro 20, 2005

ESCREVER






Cada vez, tenho menos vontade de escrever e de cada vez que o tento, a inspiração e a vontade de o fazer fogem como se tivessem visto um “papão” ignóbil. O ruído das teclas surge hesitante e vago como vagos são os dedos que as primem e as ideias que surgem a negro sobre esta imitação electrónica de papel.

No entanto sei que a inspiração existe, que anda por aí na sua vida habitual, apenas longe e descrente de mim.

Nada do que escrevo parece ter qualquer nexo que não seja o da lamentação, um desfiar de tristezas em rosário rezado uma vez e outra.

Nunca tive a ideia de influenciar quem quer que fosse ou sequer de procurar palavras de alívio no retorno da leitura. Não, o que escrevo não me merece a mim comentários. Não me reconheço sequer qualidade na escrita, bem ao inverso, escrevo apenas porque sim e porque não e já são duas razões excelentes para que não deixe do fazer. Talvez as duas únicas razões que vislumbro daqui, deste limbo onde estou agora.

Um blog não passa de um espaço público em que estendemos a nossa alma a corar ao sol dos olhos que nos lêem. Se alguém se influenciar com o que escrevo que o faça. Caso contrario continuarei a escrever porque escrever é um modo de pensar, de sentir.

Já escrevi demais, acerca de “escrever”. Talvez um dia volte ao assunto.

Mas é In-Provavel.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Fazes-me falta












Fazes-me falta Ana, tanta falta!

Duas pessoas, duas visões, um amor e uma morte.
Este livro escrito com a aparente facilidade de quem sente, é uma magnífica obra acerca da saudade e das ocasiões perdidas para sempre, por culpa da cegueira que existe em todos nós quando fechamos os olhos ao amor. É sem duvida uma obra triste mas “imperdivel” para quem conjugue o verbo sentir na sua pessoa ou na de alguém.

Pela parte que me toca, tornou-se um objecto de culto e uma fonte de saudade por si só. Bem-haja quem mo ofereceu.

Rui

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Tempus












-Ela vivia cinco minutos depois de tudo e sabia sempre tudo o que sucedera cinco minutos antes . Os seus dias estavam cheios de certezas, que obtinha concluíndo das razões que conhecia antecipadamente. Nada a fazia mudar de ideias nem nada a inquietava jamais, porque sabia o que se passara há cinco minutos. Tinha os dias da vida cheios de presente e de futuro, separados por trezentos segundos bem contados. Desperdiçava o tempo que tinha sem sequer olhar para trás.


-Ele vivia atrasado cinco minutos. As suas horas estavam cheias de melancôlia do passado e do futuro que estava para si mais distante ainda, do que para toda a gente que conhecia. Tinha sido abandonado como uma lata velha por uma mulher que não era sua mas que era especial e ele só o soube dali a cinco minutos. Estava farto de si mesmo, farto dos amigos, dos relógios, farto até de estar farto de tudo. Ele não tinha tempo e via-o a fugir de si cada vez mais.

-O futuro esperava-os em silêncio mas eles com os medos, as dúvidas e as certezas não o viram e passaram por ele com dez minutos de intervalo.

Rui

quarta-feira, dezembro 14, 2005

PRECISA-SE



















Anúncio In-Provavel

Rui

terça-feira, dezembro 13, 2005

Matar Saudades












-
Estava ali apenas. Estava ali parada como o seu olhar estava parado. Pareciam, ela e o olhar, esperar alguma coisa. Talvez fosse o autocarro que havia de levá-la a casa de um filho ou de um de um neto. Domingo, dia de almoço familiar numa casa cheia de alegria, crianças a correr gritando e fazendo barulho; Televisão alta e cheiro de carne assada e pudim. Filhos, netos, talvez bisnetos a rever, a ter ao colo, a dar beijos, a matar saudades. Lembrava-me vagamente a minha mãe; mas todas as mulheres de ar simples e olhos bondosos me lembram a minha mãe.
-Sabes… o meu pai morreu quando eu tinha quinze anos. Diziam-me que essa era a pior idade para se perder o pai. Mas hoje sei que não existe nenhuma idade boa para coisas tão más. A minha mãe então, ficou sozinha comigo e quando digo sozinha insisto no que digo. Naquela idade quando já se tem a chave de casa e a convicção de ser crescido, tudo no mundo são estradas que nos afastam de casa. No entanto, nunca passei uma Páscoa que não fosse com ela, um Natal que não lhe visse os olhos tristes e cinzentos que antes haviam sido verde-água-alegre.
-Não, não me deixava fazer tudo o que eu queria, bastava-lhe pedi-lo e a mim bastava-me que o pedisse.
-Hoje, quando vejo uma mulher de olhos bondosos lembro-me sempre da minha mãe.

-Chegou o autocarro e quando lhe vi o saco de roupa suja, maior do que ela e talvez tão pesado quanto ela, lembrei-me da proximidade do estabelecimento prisional; Lembrei-me das visitas dos domingos de manhã, reservadas apenas a familiares próximos. Há anos que assistia àquele desfilar de sacos dominicais nas proximidades de casa.

Talvez um filho, um neto ou talvez um bisneto? A matar saudades.

Rui

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Estranha forma de Ecologia



-
Vá, vamos já ajudar a limpar o planeta terra desta escória humana que nos polui a vida e a sociedade.

-Acima de tudo fume, conduza sem cinto de segurança sempre e se for mota o que o transporta nunca, mas nunca use capacete. Coma comida rápida a cada refeição em sempre em grande quantidade. Ande apenas o essencial a pé e faça sempre sexo sem usar preservativo. Não se vacine, não olhe sequer quando atravessar fora das passadeiras e nada de respeitar os limites de velocidade, seja insalubre. Caminhe de noite, horas altas, pelos piores bairros da sua cidade e frequente todos os pardieiros que puder buscando sempre as piores companhias. Manipule explosivos, substancias tóxicas e se possível radioactivas. Meta os dedos nas tomadas, tome carradas de comprimidos, ateste-se de álcool em simultâneo e porque não? Tome drogas, das pesadas de preferência. Adormeça sempre com um cigarro aceso nos dedos, durma o menos que puder e responda sempre mal a quem lhe buzine.

-Mas sobretudo apaixone-se, apaixone-se profundamente e julgue-se correspondido.

-Enfim goze a vida e morra no processo.


Rui

domingo, dezembro 11, 2005

O Mundo Está Perdido













O Mundo está desequilibrado.
O Mundo está perdido.
Esta nova geração não é tão capaz como foi a nossa.
A juventude de hoje não tem valores morais nem princípios éticos.
Os jovens são superficiais, apenas buscam o prazer.
Vivemos o primado do egoísmo.
O mundo está perdido.



-Estas frases, são proferidas com algum desespero passivo por quem perdeu o rumo dos dias, ou se perdeu nele. Por quem vê o seu fim a cada passo mais perto e assim expressa a sua própria desgraça, tristeza e amargura. É muito mais a alma do observador/comentador que se ouve do que a constatação dos factos que observa e de que tira as conclusões. São fruto da descrença e das esperanças frustradas; Da cegueira para com a mudança e da incapacidade de abrir os sentidos e o coração à constante e perpétua mudança social a que chamo evolução e aperfeiçoamento. Tudo é mutável, até mesmo os grandes valores se adaptam às consciências novas e estas a eles sem que deixem de existir.

-O mais profundo significado que atribuo à expressão “alma velha” é este. É o acto de permanecer de braços caídos, cego, surdo e estúpido perante as mudanças que nos arrastam na corrente dos dias. Esta atitude é a que conduz e reduz a uma argumentação maldizente, simultaneamente símbolo de paragem e de desejo de retrocesso, que nos manteria como seres humanos vivos com sombra de cadáveres.

-Infelizmente não vejo estas atitudes apenas como devaneios de velhos. São bem mais e pior do que apenas isso traduzem a incultura e estreiteza de pensamento de muita gente.

-Li não me recordo onde, a tradução de um documento encontrado durante uma escavação arqueológica, talvez Suméria, mas não posso precisar e que aqui reproduzo de memória:

-Os meus filhos não têm valores nem a sua geração.
-O meu pai, o meu avô e os seus avós trabalharam e viveram sempre com a honra que me deixaram e que eu queria para os meus filhos, netos e bisnetos. Mas eles não a desejam. Este mundo tal como o conheço está perdido.
-No entanto, isto ouvi-o ao meu pai acerca da minha geração, ele ao meu avô acerca da sua e este ao seu pai acerca da dele. Ainda assim existimos melhor do que nos tempos antigos e distantes.
-Talvez o mundo seja assim e eu esteja errado como eles estavam”

-No futuro veremos.

Rui

sábado, dezembro 10, 2005

Voar
















-Quando somos novos uma grande parte do tempo que temos é dispendido numa quase incessante busca de novas sensações, diversão e experiências. Admiramos a sensação que nos traz a queda no vazio, a velocidade e a vertigem da busca de felicidade.

-Depois crescemos, seja lá isso o que for, desenvolvemos medos e receios e já não nos lançamos nos ares de braços e coração aberto. Temos medo que ninguém nos ajude na queda e que não haja quem nos estenda os braços para nos ajudar a reerguer. Já não nos aproximamos da borda do abismo e receamos a proximidade de tudo o que não conhecemos, que nos assusta e que seja novo. Temos medo e recuamos, temos medo e não voamos, temos medo e paramos de crescer por dentro. Medo de partir uns ossos ou o coração e já não voamos.



“Ele levou-os à beira do abismo e então disse-lhes:

-Saltem!

Eles estremeceram, deram um passo a trás e não saltaram.

Ele então olhou-os nos olhos e repetiu:

-Saltem!!

Eles então voaram...”


Rui

sexta-feira, dezembro 09, 2005

sobre a minha cidade

sobre a minha cidade, falei-te ontem, mostrei-te
as esquinas do tempo, a imagem de fachadas
que ainda conheci, de outras que
eu próprio ignorava; sobre

a minha cidade e suas pedras, seus espaços
de árvores graves; e o que foi arrasado,
ou está a desfazer-se; as manchas do presente, a
poluição dos homens; e o que foi

violentamente arrancado por negócios sucessivos,
erros, brutalidades: o que era e o que foi
o que é dentro de mim o seu obscuro,
imaginário ser: costumes e conflitos,

maneiras de falar, a gente
e a confusão das ruas, as casas do barredo;
sobre a minha cidade achei que tu
tiveste gratidão, a viste.

que percorreste as pontes que a minha
cidade a ti me trazem, entre
gaivotas alastrando e músicas diferentes,
e foste nascer nela.

(poema de Vasco Graça Moura)

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Carta ao pai natal

















-Tenho que confessar que nunca acreditei, nem em ti, nem na tua existência. Mesmo quando tinha idade para acreditar em ti, não era em ti mas no menino Jesus que acreditava. Não sei bem porquê, talvez por tradição familiar, cultural ou apenas talvez porquê sim.
-A ti, pensei-te sempre como um ser de ficção, de filmes e de outra cultura que não era e não é a minha. Que esperavas? Deixaste que te vestissem com a cor da coca-cola e te colocassem umas barbas como as do Ho-Chi-Min que me aterrorizava sempre que aparecia nos telejornais da noite quando era criança.
-Ainda não me apresentei, apenas porque me dizem que sabes tudo acerca de todas a gente, com uma espécie de omnisciência emprestada por Deus. Sobretudo, dizem-me que sabes tudo acerca de todas as crianças e eu tenho alguns aspectos em que quero ser sempre criança e por isso saberás tudo acerca de mim também.
-Lembrei-me agora que além de tudo o que te contei já, também nunca tive uma chaminé em que pudesses passar em condições. Não, não estou a insinuar que sejas gordo. É que esse fato que usas não deve mesmo dar jeito nenhum para essas descidas e subidas em espaços tão apertados como são as chaminés das cidades de agora.
-Bem...depois a vida foi mudando. Foi-se tornando a cada ano mais complicada e era-me difícil, e ainda é, acreditar na existência de alguém que nunca vira como me é difícil acreditar em algo que não sinto. Lá fui vivendo então, sem ti e muitas vezes até sem Natal. Lá fui passando pela época, muitas vezes desejando apenas que ela passasse por mim o mais depressa possível. Desejando que se extinguissem dos rostos os sorrisos de plástico e se calassem as saudações e os votos de circunstância.
-Via-te, apesar de tudo, em todos os locais por onde passava. Mais alto ou mais baixo, mais magro ou mais gordo... Forte, era forte que queria dizer! Com a barba lisa ou encaracolada, amarelada de fumo de cigarro ou imaculadamente branca, côr de plástico barato. Encontro-te a cada passo nas grandes superfícies em promoções oportunistas de quase tudo e na Internet. Vejo-te pendurado de varandas como um ladrão e em centros comerciais a segurar criancinhas com ar enfastiado, "para a fotografia". Vejo-te nas ruas, a abanar campaínhas e a pedinchar moedas para instituições que nem sei muitas vezes se existem ou a que fins se destinam. Até já te encontrei numa casa de banho pública a fazer o mesmo que eu, com ar aliviado, a fumares quase às escondidas um cigarro e saíste sem teres lavado as mãos.
-Mas, …enfim, tudo isso é passado e deve ficar no local a que pertence que é o passado.
Hoje, escrevo-te a primeira carta em quarenta e um anos para te fazer um pedido. Não é nada de impossível, e eu não sei, nem nunca soube, pedir o que quer que fosse. Que queres? O meu orgulho, como algumas das minhas convicções já não é como era e por vezes, o desespero leva a que engulamos o orgulho e até se aprende a pedir ao Pai Natal. Tu sabes tudo isso . Sabes bem o que sou e que sou apenas como sou. Sabes o que mais desejo, como, e porquê. Por isso não te vou maçar repetindo o que já sabes. Caso possas, agradecia a tua atenção mas talvez nem tu possas… Se sim, prometo passar a acreditar em ti, mais até do que acredito em mim. Prometo-te que vou comprar uma imagem tua e colocá-la sobre a lareira todo o ano e nunca me esquecer de te deixar um copo de leite e bolachas, ou se preferires, champanhe e salmão fumado; Do importado está claro!
-Fica bem. Evita o colesterol e mede a pressão arterial com regularidade. Tem cuidado contigo que o mundo está cheio de coisas más e as noites estão frias como o coração de muitas pessoas.
Teu amigo:

Rui

PS - Como sabes e com certeza compreendes, enviei uma carta ao Menino Jesus acerca do mesmo assunto. É que nestas coisas mais vale tentar jogar pelo seguro.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Palavras e Sonhos













---------Hoje mesmo, uma pessoa que muito respeito e considero, vai ter ocasião de publicar mais um livro.
---------É pelas 18:00 horas no Salão Nobre da Junta de Freguesia de Stº. Ildefonso no Porto e a apresentação da Obra será feita por: Mário Cláudio (Prémio Pessoa 2004) e por Snr. D. Manuel Martins (Bispo Emérito de Setúbal).

-----------Estarei lá presente e deixo aqui um pequeno texto extraído dessa obra.
---------- Sei bem o quanto o mundo lhe deve e o quanto ele jamais lhe cobrou. Se juntarmos uma vida e uma carreira ao serviço dos outros, dificilmente conseguiremos obter um tão brilhante resultado; Pleno de dádiva e de HUMANIDADE.
---------Ao meu, ouso chamar-lhe amigo, Dr. Alexandrino Brochado, o meu abraço de admiração.

LOUVOR DOS POETAS

Não se trata dum apego exagerado a coisas velhas que já morreram. Os cadáveres enterram-se.
A beleza e a arte verdadeiras nunca morrem. Ultrapassam o tempo. Têm o selo da perenidade.

Trata-se, sim, duma expressão de mágoa pelo abandono, pela rejeição de valores que sempre julgamos fora e acima de qualquer ataque ou inflação.

Há dias, numa homenagem prestada a um artista (com letra grande) português, este, ao agradecer as palavras de apreço e de carinho, afirmou: “A vida do artista é dura e áspera sobretudo no país em que vivemos. Aconteceu-me uma fatalidade: acabei uma nova obra… As composições ficam na gaveta, serão vendidas a peso e servirão para embrulhar sabão (o que já aconteceu) ou para buchas de foguetes…”

Palavras duras, magoadas, dum grande vulto da música portuguesa contemporânea! Sinceramente, tive e tenho pena que no podium da arte e da beleza sejam colocados pseudo artistas sem valor, sem dimensão e que os autênticos, os verdadeiros, sejam atirados para a prateleira das coisas velhas e inúteis, cobertas de pó.

E o que dizemos da música, afirmamo-lo da literatura. No momento em que entre nós a arte de escrever, cada dia mais se corrompe e se profana, sob o influxo de todos os estrangeirismos e extravagâncias, da grosseria e do calão, a gramática e a clareza, a elegância e a decência da expressão tornaram-se virtudes clandestinas de cultores atrasados, de velhos ritos.

Escrever mal é hoje uma escola. Parece que o desalinho da linguagem, as tropelias das palavras, o desmazelo da forma são hoje atributos do pensamento. Estilo hoje é palavra soez, é truculência da imagem, é obscuridade rebarbativa. A clareza, a simplicidade, são sinais de frivolidade, o brilho do estilo, uma inferioridade de gosto.

A arte é essencialmente expressão, expressão na cor, expressão plástica, expressão musical e não uma autêntica caldeirada literária ié-ié, como por vezes se verifica. Escrever não é amassar e ligar palavras como quem frita batatas. Pode ser-se profundo sem se ser obscuro ou cair em preciosismos de linguagem. Pode ser-se brilhante sem ser exótico; pode ser-se elegante sem ser arrebicado. A prosa pode ser viril sem cheirar a suor, nem ter as unhas sujas.

É sobretudo no trabalho da expressão estética que está a obra de arte e na sua criação o artista que a inspira e molda. E que dizer da mania de banir por completo o uso das maiúsculas? Será que a exigência da igualdade é tal que até no reino das palavras não se toleram diferenciações? A rasoira da igualdade total instalou-se também no mundo das letras?

Há tempos, lemos um artigo de pessoa com responsabilidade, em jornal também com responsabilidade, onde não aparecia um único ponto final nem uma única vírgula. Até a palavra Deus (parece um sacrilégio) estava grafada com minúscula!

Simples extravagância e ânsia incontida de originalidade ou insinuação duma ideia igualitária que domina todos os espíritos e parece ser a única preocupação do nosso tempo? Até para as artes os tempos são difíceis! Os jovens, que têm às suas costas a grande responsabilidade de construir um mundo novo e melhor, parecem deixar-se dominar pela psicose de escaqueirar todas as estruturas vigentes.

Há uma espécie de alergia a tudo o que é sensatez, madureza e apoio aos valores do espírito. E a ingenuidade, a falta de densidade mental nas afirmações e nas atitudes começam a vir ao de cima e a exercer um domínio despótico.

Na música e na literatura os sinais de desorientação e de rebeldia contra regras e cânones são por demais evidentes. E, numa atitude de inconsciência e irresponsabilidade, muitos buscam o subterfúgio do grito desenfreado, do sapateado nervoso e da mímica histérica. A música ficou reduzida a isto. E a prosa fresca e elegante? Tudo parece esboroar-se num mundo às apalpadelas e em busca de qualquer coisa que lhe foge rindo-se dele. Ironia da vida!

Até para as artes os tempos estão difíceis!

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quarta-feira, novembro 30, 2005

70 Anos




















A Homenagem possível em forma
de agradecimento.

segunda-feira, novembro 28, 2005

República Vodkova



















REPÚBLICA VODKOVA

Situação Geográfica:
-
Trata-se de uma pequena República Ocidental no Oriente. Facto que se ficou a dever a que os Vodkovos não sabiam ler mapas e faziam-no ao contrário. Localizada mais exactamente a sul da Federação Russa, fazia até há pouco parte deste país. É um pequeno território entre a cordilheira de Merdisstók (a Norte) e o deserto de Massa (a sul) e integra no seu território grande parte do lago Baycair, onde se localizam as plataformas de extracção de areia e gás natural.
-A Norte faz fronteira com a Federação Russa, a sudoeste com o Prakistan e a sudeste com o Kapädonistan, duas repúblicas também recentes.
-Fazem ainda parte do país três ilhas na zona fronteiriça do lago Baycair.

Relevo:
-A Vodkova é essencialmente um país liso excepto a norte onde existe a cordilheira de Merdistók. Sendo um país sem relevo possui características de deserto em 60% do seu território o que não parece ter qualquer relevância.
-A rede hidrográfica é constituída por três cursos de água a que podemos com esforço chamar rios e que alimentam o lago Baycair, sendo que dois deles nascem no próprio país e um na Federação Russa.

Povoamento:
-É em Kudur a cidade capital que vive 99% da sua população de meio milhão de habitantes. As outras cidades importantes são: Kuz, Kalina (nas margens do lago), Porcalhitcha (onde se situa o segundo dos dois aeroportos) e Resseaka-Matina. De salientar que nenhuma destas cidades tem mais de duzentos habitantes.
-Apesar de alguns estudiosos atribuírem esta forte concentração populacional ao facto de serem frios os Invernos, a verdade é que num país como este não existem grandes alternativas.
-Os locais de maior densidade populacional são no entanto a antiga “Loja do Povo”, transformada agora em bordél e o Departamento de Licenças de Imigração onde funciona à segunda-feira de manhã a extracção da Lotaria Nacional Vodkovense.

Clima:
-No norte bem como no Centro e Sul do país predomina a ausência de vegetação o que se deve ao clima desértico a aos ventos que sopram quase sempre apartir do deserto. No resto do país o clima é moderado, sobretudo nos três hotéis e no palácio presidencial.


Rui

domingo, novembro 27, 2005

Diàlogos








-O Amor é algo que me ergue do chão e me eleva, fazendo-me pairar.

-Não! A isso chama-se avião, helicóptero ou planador. Quem sabe, até mesmo pára-pente, mas Amor não!

-O Amor faz-me perder a respiração e a fala!

-Noop, isso é cansaço, bronquite asmática ou uma severa constipação que te deixe afónico. Mas Amor…? Não me parece!

-O Amor é algo que arde dentro do peito e nos consome, deixando-nos consolados.

-Hmmmm…? Não me parece. Isso é provavelmente uma arritmia ou um enfarte seguido da sensação de alívio por teres ficado vivo… desta vez!

-Amar é como ser levado às estrelas e depois deixado de novo na terra.

-Pois sim…, isso é algum ET que te raptou e te levou para o seu “disco” para te examinar e que farto de ti, te deixou de novo onde te encontrara.

-O Amor muda tudo o que vemos em menos de um segundo.

-Irra! Isso é um controlo remoto e muda apenas os canais de televisão.

-Então o que é o Amor? Vá, diz lá!

-Sei lá o que é isso ou se sequer existe? Mas se existir, eu reconheço-o quando o vir!

Rui

sexta-feira, novembro 25, 2005

quinta-feira, novembro 24, 2005


Hoje sinto-me cinzento da cor das palavras que aqui escrevo.

-Hoje não terei paciência para telejornais, para o rosário de desgraças mundiais desfiadas entre duas garfadas de jantar aquecido.
-Tenho frio nos dedos e nas teclas e a cabeça dói-me, não me apetece “blogar”.
-Hoje não serei jocoso e nem serei “ácido” como algumas vezes sou; Não me importarei com a crise, não vou ligar “pevas” ao desemprego nem à educação ou à falta dela. Não vou ligar nada a coisa nenhuma.

-
Estou cansado, cansado de pensar de ouvir, de falar, de beber e de quase tudo.
-Vou procurar um canto onde me demore a chegar a casa, para ler qualquer coisa que seja, que me restitua a inspiração.


Só há uma coisa que me apetece!


terça-feira, novembro 22, 2005

STRIPTEASE ME PLEASE












-Digam o que disserem as “mentes abertas”, o strip tease masculino não é nada ou é menos do que nada.
Anda por aí como se fosse uma moda destinada a provar que existem maridos e namorados tolerantes e modernaços ou esposas e namoradas muito descontraídas e moderninhas.

-Não me pareceu nunca, mais do que uma elaborada vingança, exercida em nome da ambição de “direitos iguais” pelas namoradas e mulheres, sobre os homens que perdem tempo a ver mulheres despirem-se. Assim juntam-se em grupos de amigas, colegas de escritório, escola ou despedida de solteira e depois de um jantar bem regado lá vão.

-Para mim aquilo não passa de homens a executarem gestos femininos para tirarem a roupa ao som de música, a imitarem uma arte feminina que não é arte ainda que sejam mulheres a exercê-la. Gestos amaricados e movimentos de dança de quem não sabe dançar e tem o ouvido duro, como os músculos que abana no palco.

-Não fui nunca a um desses acontecimentos, pelo facto simples de se não destinarem a mim nem a exemplares do mesmo sexo que eu e também por achar todo e qualquer espectáculo de striptease uma ridícula perda de tempo e uma triste imitação da realidade. Um ser humano que se expõe por dinheiro e que para disfarçar a vergonha que deveras sente, tenta fazer-se passar por artista.

-Tirar a roupa é e será sempre despir, seja no quarto ou em palco. Em todos os casos a música de fundo não passa de barulho, para acompanhar o bamboleio que disfarça a falta de excitação ou quem sabe, de paixão.

Rui

segunda-feira, novembro 21, 2005

Semelhanças jet-setistas

Transcrevo alguns excertos de um texto de opinião de Mia Couto, retirado do seu livro Pensatempos, sobre o jet-set moçambicano. Qualquer semelhança com o «jet-set português» será… pura coincidência?

“(…) O essencial é parecer rico. Entre parecer e ser vai menos que um passo, a diferença entre um tropeço e uma trapaça. (…) Daí que a empresa comece pela fachada, o empresário de sucesso comece pelo sucesso da sua viatura, a felicidade do casamento se faça pela dimensão da festa. (…)
O jet-set, como todos sabem, é algo que ninguém sabe o que é. Mas reúne a gente de luxo, a gente vazia que enche de vazio as colunas sociais. (…) Aqui seguem algumas dicas que, durante o próximo ano, ajudarão qualquer pelintra a candidatar-se a um jet-setista.
(…) Boas maneiras - não se devem ter. Nem pensar. O bom estilo é agressivo, o arranhão, o grosseiro. Um tipo simpático, de modos afáveis e que se preocupa com os outros? Isso, só uma pessoa que necessita de aprovação da sociedade. O jet-setista nacional não precisa de aprovação de ninguém, já nasceu aprovado. Daí os seus ares de chefe, de gajo mandão, que olha o mundo inteiro com superioridade de patrão. Pára o carro no meio da estrada atrapalhando o trânsito, fura a bicha, passa à frente, pisa o cidadão anónimo. Onde os outros devem esperar, o jet-setista aproveita para exibir a sua condição de criatura especial. O jet-setista não se sujeita a condições: telefona e manda. Quando não desmanda.
(…) Cultura - o jet-setista não lê, não vai ao teatro. A única coisa que ele lê são os rótulos de uísque. (…) Os tipos da cultura são, no entender do matreco nacional, uns desgraçados que nunca ficarão ricos. O segredo é o seguinte: o jet-setista nem precisa de estudar. Nem de ter curriculum vitae. Para quê? Ele não vai concorrer, os concursos é que vão ter com ele. (…)
Óculos escuros - essenciais, haja ou não haja claridade. O style - ou em português, o estilo - assim o exige. Devem ser usados em casa, no cinema, enfim, em tudo o que não bate o sol directo. O matreco deve dar a entender que há uma luz especial que lhe vem de dentro da cabeça (…)
Telemóvel - ui, ui, ui! O celular ou telemóvel já faz parte do braço do matreco (…) A marca, o modelo, as luzinhas que acendem, os brilhantes, tudo isso conta (…) Última sugestão: nunca desligue o telemóvel! (…) Em conselho de ministros, na confissão da igreja, no funeral do avô: mostre que nada é mais importante que as suas inadiáveis comunicações. Você é que é o centro do universo” in Mia Couto, Pensatempos. Ed. Caminho

Ana

terça-feira, novembro 15, 2005

Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa





















Deixo aqui a sugestão a quem não sabe o que é que procure saber.

Rui

segunda-feira, novembro 14, 2005

É o Tempo das Castanhas













Castanhas quentes enroladas em cones de papel,
a aquecer as mãos e o coração.
Nuvens que se despedem da respiração.
Os casacos quentes e fofos,
As luvas de lã colorida,
Os gorros grossos,
O ultimo Inverno, do inferno da vida…

É o tempo das castanhas.

Rui

Meteorologia




















Meteorologia Politica:

-Exposição de ideias fraca e (inferior a uma boa ideia por dia), vento critico soprando forte a roçar o insulto.
-Queda da vergonha e ligeira subida do compadrio nos cargos altos de nomeação governamental.
-Pequena subida da temperatura para a pré-campanha eleitoral.
-Prossegue a baixa ondulação na Educação alterando-se no fim da semana especialmente sexta-feira.
-Nevoeiro intelectual cerrado em mentes ministeriais e outras.

Meteorologia Económica:

-Períodos de Nevoeiro muito intenso que impedem a visibilidade da saída para a crise.
-Descida do preço internacional do petróleo, reflectindo-se por cá numa acentuada subida dos bens de primeira necessidade.
-Prevê-se, para o meio da semana, uma baixíssima subida (37 cêntimos diários), do ordenado mínimo que no entanto não deverá afectar a o desespero nacional.
-Subida acentuada das importações da china e ondulação forte dos endividados orçamentos familiares.


Meteorologia Pessoal:

-Períodos de neblina ou nevoeiro nos olhos, especialmente ao fim do dia acentuando-se durante a noite e a madrugada.
-Vento intenso, por vezes forte, soprando de Centro/Sul.
-Descida acentuada da taxa de alcoolémia durante toda a semana e ligeira subida das dores de cabeça, sobretudo nas testas altas.
-Ondulação dolorosa moderada nestas costas do Norte
-Prevê-se a manutenção do mau humor matinal que em muitos casos se prolongará ao logo de todo o dia.


Rui

sexta-feira, novembro 11, 2005

Presidenciáveis






















-
Tentei e tentarei sempre não demonstrar aqui as minhas convicções políticas, futebolísticas ou de outra qualquer índole porque as considero minhas apenas, e enquanto tal, não partilháveis neste espaço que não tem tal objectivo. Não resisto no entanto, a tecer um comentário ou dois ou mais, acerca do modo como esta “ante-pré-campanha” para as eleições presidenciais tem decorrido, corrido e sobretudo escorrido.

-Desde os primórdios da democracia neste país que pensei sempre que independentemente dos objectivos, sejam politico-partidários ou de carácter mais pessoal como é o caso das presidenciais, a educação e o respeito que os candidatos exibem refelectir-se-à nos seus resultados finais.
-No caso destas eleições choca-me o facto de me parecer que a existência de uma candidatura condiciona de sobremaneira o discurso e a actuação de todas as outras. Daí o ter concluído que ou falta programa a três delas ou sobra à restante. O quase insulto fácil, o tratamento por “tu”, o constante insinuar de dúvidas acerca dos mais recônditos aspectos da vida (pública e sobejamente conhecida de todos), de um dos candidatos pelos restantes, reflecte o receio, ambição cega e desorientação e não a honesta vontade de ser eleito para servir.

-Saliento que não sei ainda em quem irei votar, não sei se ou quando o saberei sem sombra de dúvida, mas sei que atitudes como estas a que tenho assistido não me motivam nem para que vote nem para que escolha.
-Mais para a frente veremos se as pessoas envolvidas possuem a agilidade mental e a educação necessárias para o cargo que pretendem ocupar. Talvez sim, mas agora parece-me In-provavel.

Rui

quinta-feira, novembro 10, 2005

Natal








E pronto ou se preferirem, “prontos”. Lá vem de novo o natal.

-Como sempre faz todos os anos inevitavelmente e sem apelo nem desagravo eis que vai chegando com a suavidade de uma manada de elefantes e o suave tropel de mil gnus desenfreados. A festa é sempre na mesma data, mas os preliminares, esses, qualquer ano começam no fim do verão.

-Já não será possível ligar a TV. sem ser invadido por vinte minutos de publicidade com córos de criancinhas de voz imaculada a cantarem hinos aos hipermercados; Sem dezenas de senhores obesos e potenciais candidatos a enfartes a divulgar com voz profunda a vantagem desta boneca, pista de automóveis ou dinossauro relativamente outras iguais em tudo excepto nos nomes. Imaginem o que será chegar da praia e tentar ver um telejornal com esse prelúdio.

-As ruas enchem-se de luzes e mais luzinhas num “mono-mental” exercício de desperdiçar energia e não há montra que se preze que se não encha de pedacinhos de esferovite, bolinhas coloridas, fitas brilhantes e outros objectos nauseantes de cores intensas cuja lógica nada tem que ver com o que realmente se celebra. Mas enfim… ! Circular torna-se impraticavel, e não se pode dar um passo sequer, sem ser agredido com um saco de compras por alguém “stressado” a correr de montra em montra.

-Não é possível tomar um café sem que o pacote de açúcar ou adoçante e o empregado que nunca vimos mais gordo, nos desejem um Feliz Natal, um próspero Ano Novo e outras banalidades sem interesse algum; E se não colocamos o troco, depois de dada a “gorjeta” na caixinha que feia e mal embrulhada estacionou em cima do balcão, somos olhados de soslaio.

-Interessante também, é observar o número de polícias, aos pares e trios a cada esquina das ruas, onde terão estado todo o resto do ano? Será que de Janeiro a final de Novembro os carteiristas e demais amigos do alheio fazem férias? Ou nesta altura do ano há ordens expressas do senhor ministro das polícias para arejar as fardas de Inverno?

-Mas, o pior de todos os enfados natalícios, é a "musiquinha" de Natal a ser debitada do alto dos candeeiros de rua, “roufenha” e repetitiva, hora após hora, dia após dia, a testar os limites da paciência dos que apenas desejam que a época passe. As mesmas músicas de sempre em mil versões, todas cheias de som de sinos, campaínhas e ho-ho-hos americanos que se nos entranham pelas orelhas e nos fazem cantarolá-las a todo o momento.

-Outro terror natalício, são os postais de boas festas; uma verdadeira tiranía que deixamos que nos imponham. Não vemos as pessoas desde o casamento daquele primo em 1982, não lhes ligamos nenhum mas enviamos pelo natal o rectangulozinho de cartão para que saibam que ajudámos uma qualquer instituição de caridade. Os que recebemos ficam umas semanas a ganhar pó, nunca os relemos e os votos que neles constam, são enjoativamente idênticos a todos os outros de sempre.

-O natal é-nos empurrado pelas goelas, olhos e ouvidos dentro sem compaixão, a todos os momentos e em todos os locais. Impingem-nos a obrigação de sorrir e ser “merdosamente” simpáticos, de apertar mãos e dar beijinhos, de trocar presentes, de desejar coisas boas e ter paciência para aturar tudo a todos.

Rui

terça-feira, novembro 08, 2005

CHOCOLATE











-
Vem aí a feira dos gulosos e todos falam nisso à boca cheia antevendo o encher de boca e a satisfação dos sentidos. Até os mentirosos que dizem que não são gulosos, não conseguem esconder aquele brilho intimamente guardado e que os olhos traem.

-Chocolate, para a tristeza, para a, reconciliação, para oesquecimento, para a desculpa e remédio de todos os males. Triunfo do individualismo materialista, comer para não ser comido. Desculpa para frustrações sem desculpa, mentira com que nos enganamos com a glucose a pulsar nas veias.
-Chocolate branco, negro, chocolate esculpido, com licor e vinho do Porto, com passas mel, gelado e quente. Chocolate em barra, em molho, em bom-bom, em cocktail e em tablete. Pastéis de chocolate, bolos dele, bolinhos, salame, mousse, creme, recheio e cobertura. Com amêndoas, nozes, frutas e cereais, a sós ou com companhia.

-CHO-CO-LA-TE !

-O maior consolo das papilas mais simples e de todas as almas. Prazer, luxo, desejo, vicio, arte, gula.
-É o triunfo final sobre as dietas e a tristeza suprema de quem é diabético.
-Dizem que vicia e eu acredito apenas por ser doce e bom ou apenas bom.

-Existem coisas melhores do que o chocolate, sem dúvida nenhuma, mas dessas talvez fale um dia. Agora… é altura do FESTIVAL INTERNACIONAL DE CHOCOLATE.

-Tenho pena não gostar de chocolate e apenas de quem gosta dele.
De outro modo talvez lá fosse mas assim… é IN-provavel.

Rui

sexta-feira, novembro 04, 2005

Paris já está a arder !











-Dei por mim a pensar que o Iraque até parece ter uma população civilizada comparando-se com Paris. Lá pelo menos os terroristas são terroristas.

Já há por “terras de França” muita gente a pensar que o que se está a passar é fruto da importação de mão-de-obra estrangeira, muitas vezes de países pouco amistosos e não do consumo de alimentos geneticamente modificados e de hambúrgueres da McDonalds ou malefício da globalização.
-Não tenho nada contra nenhuma das quatro coisas e confesso-me preocupado quando como hoje a policia foi chamada porque três jovens “teólogos” muçulmanos, viajavam no metro do Porto com mochilas e sacos de desporto.

-Não se trata de qualquer acto de caris racista ou como é “chique” dizer-se, xenófoba. É apenas o medo que nos invade ainda antes dos motivos que a ele dão origem. Não gosto da intolerância para com ninguém mas se me permitem, detesto mais ainda a intolerância para comigo e para com as minhas ideias e práticas.

-França está “pasmada” a ver o que os seus filhos adoptivos são capazes de fazer ao próprio lar. É caso para pensar se vale realmente a pena criá-los, pari-los ou adoptá-los.

-Talvez depois de Paris parar de arder, a intolerância venha a aumentar e não é difícil entender de quem será a culpa de tal.

Rui

segunda-feira, outubro 31, 2005

Pássaros, passarinhos, passarões e outras aves de arribação ou as potenciais vitimas da gripe das aves.












Águias
benfiquistas.

Desportivo da Aves.

Rio Ave.

Clube de Futebol Passarinhos da Ribeira.

Guarda-redes frangueiros em geral e um em especial que me motiva pesadelos violentos na véspera dos seus jogos pela selecção de todos nós.

Árbitros avestruzes que escondem a cabeça para não verem lances que deviam ver e marcar.

Presidentes de Câmara Migratórias que fogem ao calor para o Brasil e regressam em busca de frescura quando mais lhes convêm. Isto é: põem-se ao fresco quando o calor aperta.
Intimamente ligados a este grupo estão os Cucos que deveriam ter evitado que tais migrações acontecessem e alguns Corvos magistrados/as que deveriam ter mantido na gaiola este tipo de “passaronas” mas não souberam fazê-lo.

Gansos – Ex-alunos da Casa Pia como se não lhes bastasse já tudo o que tem acontecido.

WC Pato - Conhecido produto (passe a publicidade), destinado a disfarçar odores.

Pato Donald – que será vitimado por outra pandemia também originária do oriente: os desenhos animados japoneses.

Zé Carioca – Como ave que é, depois de tantos anos a sobreviver aos gangs das favelas talvez escape ao vírus que por sinal ataca desarmado.

Patos – Cidadãos votantes que acreditam nas promessas eleitorais de certos primeiros-ministros e que depois se arrependem amargamente.

Patos-Bravos – Espécie que nada tem em comum com os anteriores. Espertos e inteligentes, estão desde há muito na mira da Ordem dos Arquitectos que além da notória má pontaria, não tem demonstrado força para puxar o gatilho. Tudo o que tem sido feito para livrar o país dessa autentica praga, tem resultado em tiros de pólvora seca, muito ruído e demagogia quanto baste.

Capão – Primo eunuco do galo cuja feira anual em Freamunde se realiza, a 13 de Dezembro. Sem feira e sendo ave, será difícil para o delicioso animal sobreviver a esta provação.
Para quem nunca ouviu falar ver:
http://www.gastronomias.com/confrarias/capao.html

Galos – São, regra geral, políticos que foram inicialmente retirados dos poleiros e que souberam esperar o revirálho para obterem novo poleiro de onde já não cantam mas onde permanecem até à reforma segura. Ultimamente falou-se muito da Administração da GALP e da Caixa Geral de Depósitos como excelentes poleiros.

Papagaios – Alguns jornalistas e comentadores habituais nos ecrãs e nas ondas do éter que tecem banalidades em redor de factos, concluindo quase sempre o óbvio a partir de análises ocas. Aproveitam sempre estas ocasiões para exprimir opiniões pessoais e para auto-promoção. É caso para dizer que: “…eles falam, falam mas…”.
Não se perde grande coisa em termos de ideias se o vírus os levar.

Galinhas – Falam imenso produzindo ruído de fundo onde quer se encontre mais do que uma com a intenção óbvia de dar nas vistas. Algumas, têm até programas televisivos onde se desdobram em gargalhadas falsas e esgares sorridentes para as câmaras. Também existem em cafés e confeitarias um pouco por todo o lado em grupos barulhentos.

Periquitos – Existem muitos nas autarquias e nos gabinetes dos governantes. Saltitam entre os centros de decisão política e os meios empresariais, levando e trazendo influências, contactos e contratos. Apanham todas as migalhas que caem da mesa do erário público e constroem ninhos para si próprios com o que deveria ser de todos. São muitas vezes vistos na companhia de construtores civis e empreendedores imobiliários.

Peruas – Apanham-se por aí a cada passo nas colunas sociais ou em capas de revistas de vacuidades. Vivem não se sabe de quê, nem interessa e emitem opiniões acerca de tudo como se disso dependesse a próxima “silly season”.

Abutres – Certos políticos que migram entre diversos partidos políticos. Apoiam ora este ora aquele, sempre em busca de apoio para si próprio para cargos internacionais ou há falta de melhor o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Acumulam reformas de deputados, catedráticos e outras e nada parece chegar para o seu “ego” insaciável.

-Haverá com certeza mais, mas a começa a faltar-me o pio. Talvez noutra altura venha a pálrrar acerca deles. Para já, regresso ao ninho que começa a ser hora da alpista.
Bons voo
s.

Rui.

terça-feira, outubro 25, 2005

























Para lêr melhor clicar sobre a imagem.

Direito à estupidez












Art. 1º -
Todo o cidadão português tem não só o direito mas o dever inalienável de ser estúpido.

---------§ único- Entende-se por estupidez a prova cabal e sintomática de estados de consciência e pensamento, reconhecidos pelos diversos convénios internacionais de que Portugal é subscritor.

Art. 2º - Todo o cidadão português estúpido e todo o estúpido cidadão português, incluindo cidadãos estrangeiros casados com cidadãs ou cidadãos portugueses, i.e., cidadãs portuguesas casadas com cidadãos ou cidadãs estrangeiras, tem direito a ser estúpidos a tempo inteiro ou a sê-lo intermitentemente.


---------
§ 1º-Caso a estupidez esteja temporariamente indisponível os cidadãos deverão aguardar ordeiramente a reposição de stocks. Ou em alternativa recorrer a justificações de governantes eleitos, para o não-cumprimento das promessas eleitorais.
---------§ 2º-Por razões de preservação da imagem do país no estrangeiro, especialmente entre os países da União Europeia e da preservação das actividades económicas do sector do turismo não deve ser imposta a cidadãos em turismo no nosso território a prática da estupidez.

Art.º3 – Todo o cidadão português tem o direito inalienável de pagar uma taxa de estupidez e de exigir a respectiva emissão de recibo bem como o direito de exigir através das suas associações representativas o aumento anual desta taxa regularmente e no inicio de cada mandato governamental.

----------§ 1º- O Aumento referido neste artigo devera ser sempre 10% superior ao valor da inflação do trimestre anterior.
----------§ 2º- O valor de 10% previsto no paragrafo anterior deverá reverter para a constituição de um fundo de reforma a favor dos detentores de elevados cargos públicos da Administração Central e Local.

Art.º4 – Todo o cidadão português no âmbito do exercício deste direito, deve assistir em respeitoso silêncio ao destruir da sua economia nacional e familiar, dos seus direitos adquiridos, da sua honra e bom-nome bem como dos da sua profissão. Assim como deve acreditar piamente que tal se destina a debelar a crise e que todas as medidas tomadas para o efeito se destinam a todos por igual, sem distinção de: influência, amizades, peso ou importância politica.

Rui

domingo, outubro 23, 2005

Irritações








-

Há quem diga que tenho um feitio colérico, que me enfureço e que sou demasiado exigente com os outros.

-Talvez seja verdade, mas francamente não suporto gente desleixada a quem pago para obter bens ou serviços e que me trata como se eu tivesse para com eles uma eterna e enormíssima dívida de gratidão. Incluo neste campo os empregados de mesa e as meninas de loja que não sabem pedir por favor ou dizer obrigado; Mas este aspecto parece ser generalizado entre os portugueses hoje em dia ou então serei eu mal-educado e/ ou estrangeiro.

-Não suporto e penso que não o farei “jamais em tempo algum”, pagar por um bem ou serviço o dinheiro que me custa a ganhar e ser mal entendido além de mal atendido. Por exemplo: Se me apetece um café em chávena fria, com a dita cheia dele e adoçante em vez de açúcar é isso mesmo que peço e não me sujeito a tomá-lo em chávena escaldadiça, curto e com açúcar. Ou então se me pedem uma informação na rua e se me dirigem como se eu tivesse escrito na testa “imbecil responsável pelas informações”, não resisto e passo ao ataque. Só não informo do pretendido mas explico, gratuitamente, a quem pede a informação que o que faz é isso mesmo, PEDIR, E que isso faz-se usando a antiga fórmula do por favor e não a mais “modernaça” do “oiça lá onde é que fica…”. Ocorre-me a propósito, algo que há muitos anos aprendi com o saudoso Senhor Guimarães empregado do “Orfeu”, um café da minha adolescência. Dizia-me ele que conhecia as palavras que abrem melhor as portas e que estas não eram, nem “PUXE”, nem “EMPURRE” mas sim, POR FAVOR” e “OBRIGADO”.

-Não sou mas vivi sempre na terra portuguesa que tem, senão o proveito pelo menos a fama, de ter o maior índice de cuspidelas no chão e de uso de palavrões por metro quadrado e “per capita” do país. Tal nunca me melindrou, embora tente não fazer demasiado uso dessa influência conterrânea. No entanto a falta real de educação e de polimento mínimo já não têm em mim o mesmo efeito. Exijo ser tratado como aquilo que sou e não admito menos do que isso. Sou pessoa e como tal mereço e exijo o respeito que tento ter por outros/as como eu. Se sou cliente quero ser tratado como tal, se sou empregado quero respeito por estar a servir alguém com todo o respeito que me merece e se sou gente exijo que me tratem tal qual estou eu a tratar os outros.

-Por outro lado tenho o direito e a obrigação de defender os direitos que são de todos, ainda que outros em nome do “Não te rales”, o não façam. Tenho a obrigação moral de saber os meus direitos e de os exigir porque acredito que a consciência seja algo salutarmente contagioso.

Coisas que me irritam:

-Pés sobre bancos de autocarro ou metro.
-Depois de um encontrão ou pisadela um “-Desculpe lá!”
-Gente que não respeita bichas (ou filas se forem brasileiros).
-Mulheres que agradecem com “OBRIGADO” e homens que o fazem com “OBRIGADA”.
-Quem nem disso é capaz quando se seguram uma porta, lhe cedem passagem ou têm para com esse “ser” uma atitude educada.
-Empregado/as que se fazem descaradamente à gorjeta.
-Gente que olha para o lado “Para não se incomodar”.
-Quem quer que seja que por não ter ouvido o que lhe disseram questiona com a simpática interjeição “HÃ?” ou “QUÊ?”.
-”Mascadores” de chiclete “boquiabertos/tas” e “sorvedores/rãs” de gelado “Sonóros”.
-Quem estaciona o automóvel impedindo a passagem de peões ou outros automobilistas onde quer que seja.
-Tocadores de telemóvel e fãs da troca de toques em locais públicos.
-“CRAVAS” em geral.
-Pessoas que quando se enganam no numero de telefone o desligam na cara de quem atende.
-
Desrespeitosos em geral, “grunhos”, rudes e outros imbecis diversos.

Rui