terça-feira, maio 29, 2007

Policial




















-O inspector-chefe Meireles saiu do carro mesmo em frente ao número 22 no preciso momento em que sobre a cidade se abatia uma tremenda chuvada. Vestiu a gabardina, disse dois palavrões e atravessou a rua. Depois de cumprimentar o agente da PSP que estava à porta, atirou o cigarro para longe e entrou resoluto. A vítima, encontrava-se logo no hall de entrada, de barriga para baixo numa poça de sangue aparentemente recente. Meireles colocou o joelho direito no chão e atentamente observou o cadáver.
- Um tiro no estômago – afirmou peremptório olhando as costas da vítima. Ergueu-se a custo e amaldiçoou o último gin tónico da noite anterior. Olhou em volta e chamou o sub-inspector Cerdeira.
- Cerdeira! Já encontraram a arma do crime e determinaram a identidade da vítima?
Cerdeira era um homem atarracado, nem alto nem baixo e de idade indeterminada. Chamavam-lhe “a sombra” por andar sempre atrás do inspector mas era quase sempre ele quem descobria a última peça das investigações em que ambos participavam. Tinha estagiado em Londres e só não era ele próprio inspector-chefe em lugar do inspector-chefe por ter feito a licenciatura na UnI.
-Bem chefe, não e sim – disse Cerdeira com o mais sardónico dos sorrisos que foi capaz de exibir– quer dizer, a arma não encontrámos mas sabemos quem é ele.
- Vá lá Cerdeira, que raio quer dizer “sardónico” e quem é afinal o gajo? - O inspector estava agora com cara de poucos amigos. Nunca na realidade tivera muitos, mas desde que o Ferráz lhe fugira com a mulher perdera esse, o que para quem só tinha dois amigos significava quase 60% de perdas
- O tipo é ex-candidato à Câmara de Lisboa. Talvez se lembre dele, teve as trombas aí por todo o lado em cartazes. Era aquele com ar de idiota chapado…
-Porra Cerdeira, eles eram tantos e todos tinham esse ar. Como raio quer que me lembre? Vamos lá tratar de procurar a arma que já são quase duas da manhã e estou com um secão
-Apenas duas horas depois foi o agente Vagos, a quem toda a gente chamava “Bagos”, quem encontrou a dez centímetros da mão direita da vítima, o punhal ensanguentado. Com todo o cuidado, fotografou-o. Tinha mesmo quer ter cuidado, aquela máquina fora caríssima e ele já tivera problemas quando perdera o crachá e a arma durante o pic-nic anual da brigada. Só depois chamou por Meireles.

1 comentário:

SA disse...

estou aqui a torcer para que seja o sá fernandes a vítima...