-Quem nunca foi a um casamento?
-Se alguém tiver levantado a mão, deixe que lhe diga: “Parabéns!”
-Pessoalmente, sempre que recebo um convite para um casamento, faço exactamente a mesma cara que faço quando recebo uma conta exagerada, uma multa ou uma mensagem insultuosa.
-Já repararam como as pessoas se vestem para irem a um casamento?
-As mulheres sobretudo, vestem-se com cores super garridas e raras, usam decotes que no dia-a-dia nem ousam pensar, quase tão profundos como altos são os saltos dos seus sapatos. Que dizer daqueles chapelinhos com uma rendinha na frente? Pois… e as bolsinhas que transportam debaixo do braço e que contrastam em tamanho com as dos dias “normais”? Que raio conseguem lá meter além do telemóvel? Uma daquelas pistolas de batoteiro do Oeste americano e dois rebuçados para a tosse?
-Os homens por seu lado, enfiam-se em casacos onde apenas entraram no dia do próprio casamento ou que usaram antes ainda da barriga lhes crescer. Alguns, mais novos, ficam com aquele ar vulgarzinho de vendedores de automoveis usados ou de falsos jovens empresários, mas quase sempre erram na escolha da gravata. Aquilo mais parece um uniforme de parvo do que uma vestimenta para uma ocasião especial.
-Outra das coisas que me desespera nos casamentos é a espera. Espera-se que o noivo chegue, espera-se que a noiva chegue sempre atrasada, mas sempre também se espera que não chegue tão atrasada como sempre chega. Espera-se que o casamento termine, depois espera-se com as mãos cheias de arroz para que os noivos saiam da igreja. Na altura em que isso acontece, com o calor e o suor das mãos, o que se lhes atira mais parece arroz malandro do que o arroz dos noivos. Depois ainda esperamos não nos perder desde a Igreja até ao restaurante. Temos sempre que seguir alguém e muitas vezes acabamos a seguir um carro errado até à porta de casa do condutor. Logo a seguir, vem a típica espera pela almoçarada e aí espera-se em fila para conseguir chegar à mesa das “entradinhas”. Espera-se na fila do bar para beber nem que seja um copo de água e continua-se a esperar pelo almoço.
-Também existe a questão dos lugares à mesa. Nunca vos aconteceu alguém sentado perto dizer algo como:
-Olá! Tu deves ser o Alberto, o filho da Tininha. Eu sou a tua prima Aurora filha do Fernandes, aquele com quem o avô não fala. Não achas que o noivo tem ar de azeiteiro?
-Bem… eu não sou da família, sou amigo do noivo.
-Enquanto a comida não chega, os fotógrafos e os tipos do Vídeo não param de encher os olhos dos convidados com flashes e esperam que haja quem possa sorrir.
-As mães por esta altura repetem o vale de lágrimas que haviam vertido na igreja e os tios vão repetindo: “Que sejais muito felizes e vos respeiteis sempre!”
-As gravatas caem na sopa, os brindes parvinhos sucedem-se e não há um idiota que não queira dizer “duas palavrinhas”.
-Depois começa o bailarico, as quedas aparatosas dos “tocados-da-pinga-que-hoje-é-de- graça”, os vestidos que se rasgam os tacões que se partem e mais quedas aparatosas.
-Depois… bem depois é quando normalmente eu saio para o bar, para fugir ao leilão da liga da noiva e da gravata do noivo e já agora para não ver a tristíssima figura das raparigas encalhadas a matarem-se umas às outras pelo ramo. O resto é ainda pior, fotografias com os noivos, com o noivo, com a noiva, com os pais de ambos, com os amigos da noiva, os do noivo, as primas, os ex-colegas… um fartar vilanagem de pixels e de aborrecimento.
-Se então falarmos da despesa que um casamento acarreta para os convidados, rapidamente nos tornamos adeptos fervorosos do celibato e não apenas do nosso. Tudo começa com a despedida de solteiro, onde se gasta dinheiro como se nascesse nas árvores. No final, nada daquilo passa de uma desculpa para que os já casados possam chegar a casa a cairem de bêbados e para que todos vejam mulheres com que sonham a fazerem coisas com que as mulheres deles nem sonham.
-Se a isto somarmos o presente, escolhido por lista na mais cara loja da baixa….
-Pronto, pronto, vivam os noivos… mas que me não convidem para o casamento que eu, se algum dia endoidecer ao ponto de casar, também os não convidarei.
7 comentários:
(ainda em silêncio...sem conseguir prociferar palavra)
Brilhante!
É pá, como eu te compreendo! Odeio casamentos!
lol lol
-Olá! Tu deves ser o Alberto, o filho da Tininha. Eu sou a tua prima Aurora filha do Fernandes, aquele com quem o avô não fala. Não achas que o noivo tem ar de azeiteiro?
-Bem… eu não sou da família, sou amigo do noivo.
lol lol
eu cá quero casar, mas numa igreja pequena em el paso, no texas. e não foi o kill bill que me inspirou. mas olha que um casamento como tu descreves, até dá vontade de ir... lol
e por isso que quando penso no casamento.. é so as testemunhas e mais nada... é tudo tão vulgar e saloio que ate dá dó.
este deve ser o blog dos encalhados.c omo é k eu vim parar aqui???
Caro SANITROL:
Não, não é. Mas ainda que fosse era bem melhor do que um BLOG de imbecis e dada a antipatia das suas palavras e modo como as escreve, se fosse, já saberia como cá teria vindo parar.
Cumprimentos
Não sei como vim parar aqui, até mesmo porque não estava procurando nada sobre casamentos. Mas quando comecei a ler não conseguir parar... Vc descreve exatamente como são os casamentos das minhas amigas. Não vejo como chato tudo isso, até porque ainda quero um casamento desses para mim. Do meu ponto de vista exatamente dessa forma, e assim super divertidos engraçados...
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