-Hoje em dia pagamos a quem nos tome conta dos filhos, a quem nos tome conta da casa, do carro e até dos animais de estimação. Pagamos para que os filhos estejam ocupados depois das aulas que também pagamos mas a que não damos importância por que se pensa estarem naturalmente pagas. Pagamos OTL’s e ATL’s, colégios e explicadores, pagamos em dinheiro, para não pagarmos em tempo que não queremos perder o “aturar” das crianças. Pagam-se plataformas de jogos, ecrãs planos, PC’s, DVD’s, TV's e canais de cabo para as crianças. -Instalam-se alarmes para quando se não está em casa ou no carro. -Pagam-se cães e gatos pelo Natal, para as crianças, como se fossem brinquedos que se abandonam por culpa das férias já pagas ou paga-se a quem fique com eles. -Babysitter’s, petsitters, sem termos com que pagar. -Trabalhamos compulsivamente, bebemos compulsivamente, opinamos compulsivamente. Apenas não somos compulsivos nos deveres e obrigações. Alijamos responsabilidades como Pilatos lavou as mãos e revemo-nos ao espelho de consciência limpa e rosto bem barbeado/maquilhado. -Temos o valor do fim-de-mês, da carreira, da antiguidade, do cifrão, do euro, da taxa percentual, da estatística, do juro, do centímetro cúbico, da potência e da rapidez.
-Compramos antiguidades, velharias, novidades. Amealhamos experiências: bares, galerias, teatro, cinema, concertos, restaurantes, tudo desconcertadamente e não sabemos o que comiam os nossos avós. Corremos festivais, portais; falamos na “net” e acabamos a pagar a quem limpe a cáca do nosso amado “pet”.
sexta-feira, maio 11, 2007
Pagadores de afectos
Postado por Unknown at sexta-feira, maio 11, 2007
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2 comentários:
concordo em muito do que escreves: é um retrato pessimista mas nu e cru desta sociedade superficial, de consumo, despojada do essencial e lavada em supérfluo
Uma caracterização paradoxal.
Os afectos... a essência afectiva e afectuosa não é, por natureza (intrínseca), comercializável.
Ilusão pura!
O retrato que faz é, diria, realista, excessivamente realista... porquanto, nada disso que pagamos é afecto. Pagamos serviços...como se de afectividade se tratasse.
Li e quis deixar este comentário absolutamente óbvio.
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