-"Há gente que eu gostava de comprar pelo preço que realmente vale e vender pelo preço que eles acham que valem!"
quinta-feira, maio 31, 2007
Valor
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quarta-feira, maio 30, 2007
GREVE
Pelas ESCOLA ENCERRADAS
Pelas UNIDADES DE SAÚDE FECHADAS
Pelas EMPRESAS DESLOCALISADAS
Pelas POLITICAS ERRADAS
Pelas PROMESSAS QUEBRADAS
Pelas DECLARAÇÕES APARVALHADAS
Pelas LIBERDADES AMEAÇADAS
Por todas as ENORMES TRAPALHADAS
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terça-feira, maio 29, 2007
Policial
-O inspector-chefe Meireles saiu do carro mesmo em frente ao número 22 no preciso momento em que sobre a cidade se abatia uma tremenda chuvada. Vestiu a gabardina, disse dois palavrões e atravessou a rua. Depois de cumprimentar o agente da PSP que estava à porta, atirou o cigarro para longe e entrou resoluto. A vítima, encontrava-se logo no hall de entrada, de barriga para baixo numa poça de sangue aparentemente recente. Meireles colocou o joelho direito no chão e atentamente observou o cadáver.
- Um tiro no estômago – afirmou peremptório olhando as costas da vítima. Ergueu-se a custo e amaldiçoou o último gin tónico da noite anterior. Olhou em volta e chamou o sub-inspector Cerdeira.
- Cerdeira! Já encontraram a arma do crime e determinaram a identidade da vítima?
Cerdeira era um homem atarracado, nem alto nem baixo e de idade indeterminada. Chamavam-lhe “a sombra” por andar sempre atrás do inspector mas era quase sempre ele quem descobria a última peça das investigações em que ambos participavam. Tinha estagiado em Londres e só não era ele próprio inspector-chefe em lugar do inspector-chefe por ter feito a licenciatura na UnI.
-Bem chefe, não e sim – disse Cerdeira com o mais sardónico dos sorrisos que foi capaz de exibir– quer dizer, a arma não encontrámos mas sabemos quem é ele.
- Vá lá Cerdeira, que raio quer dizer “sardónico” e quem é afinal o gajo? - O inspector estava agora com cara de poucos amigos. Nunca na realidade tivera muitos, mas desde que o Ferráz lhe fugira com a mulher perdera esse, o que para quem só tinha dois amigos significava quase 60% de perdas
- O tipo é ex-candidato à Câmara de Lisboa. Talvez se lembre dele, teve as trombas aí por todo o lado em cartazes. Era aquele com ar de idiota chapado…
-Porra Cerdeira, eles eram tantos e todos tinham esse ar. Como raio quer que me lembre? Vamos lá tratar de procurar a arma que já são quase duas da manhã e estou com um secão…
-Apenas duas horas depois foi o agente Vagos, a quem toda a gente chamava “Bagos”, quem encontrou a dez centímetros da mão direita da vítima, o punhal ensanguentado. Com todo o cuidado, fotografou-o. Tinha mesmo quer ter cuidado, aquela máquina fora caríssima e ele já tivera problemas quando perdera o crachá e a arma durante o pic-nic anual da brigada. Só depois chamou por Meireles.
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segunda-feira, maio 28, 2007
sábado, maio 26, 2007
sexta-feira, maio 25, 2007
Coisas assim...
-A idade é um preço demasiado elevado a pagar pela maturidade.
-Experiência é algo que apenas se adquire depois de já nos ter feito muita falta.
-Por vezes a idade não traz a experiência consigo, por vezes a idade vem sozinha.
-A experiência é um grande ensinamento, faz com que não reconheçamos um erro quando estamos a repeti-lo.
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quinta-feira, maio 24, 2007
Ministros, Bocarras e Burricadas
-Apenas Neste país encantador (apetecia-me dizer nesta República das bananas governado por um… ) se passam dislátes deste calibre. -Primeiro dizem-se os mais rematados disparates para de seguida se vir a terreiro desmentir aquilo que se disse. Já assim fora com o metro do Porto e antes com a OTA como seu projecto pessoal.
-Não adianta agora, vir dizer que não disse aquilo que disse porque todos o ouvimos a dizê-lo. Cale-se e demita-se de uma vez, pois há muito que parece demitido do mais básico resquício de bom senso e lucidez.
-A actual sem vergonhice é intolerável, o desrespeito pelos cidadãos é óbvio, a desresponsabilização e a irresponsabilidade só encontram paralelo na impunidade de declarações e nas justificações infantis de má interpretação.
-O que vale ao actual governo é que depois de uma rematadissima imbecilidade de um ministro, logo a seguir surge outra ainda mais grave por parte de um colega seu. No entretanto ninguém é chamado à pedra, a ninguém são assacadas responsabilidades e o Primeiro-ministro remete-se ao silêncio cúmplice do costume.
-Se isto não é “um pais de bananas governado por um …. (*)”., não sei o que será.
Post Scriptum – Se existisse um premio a atribuir à mais esfarrapada das desculpas com toda a certeza seria atribuído a Almeida Santos pela sua interpretação das asneiras ditas pelo ministro Mário Lino. Francamente, bombas nas pontes?
(*) Frase supostamente dita por um professor e que lhe acarretou um monte de aborrecimentos típicos de quem habita numa Republica das Bananas
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terça-feira, maio 22, 2007
IRRA!!
in: PÚBLICO
- É o triunfo dos porcos em versão Lusa; O dealbar do lambebótismo; A estupidez gratuita; O reacender das trevas da imbecilidade; O culminar da perseguição sem sentido; O regresso da delação.
-Se assim querem matar a critica, abafar o humor, aniquilar a opinião, ultrajar a Liberdade de expressão, então: tristes dos perseguidos, dos não seguidistas, dos que não bajulam, dos que se não ajoelham, dos que têm coluna vertebral e dos que pensam.
-É enfim, o Socratismo na sua verdadeira face visível.
-Povo que votas, ergue-te, emenda-te que eu perdoo-te.
Declaração Universal dos Direitos do Homem, nomeadamente o seu Art. 19.º:
"Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão".
Artigo 2.º (Estado de direito democrático) da Constituição da República Portuguesa:
"A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa."
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segunda-feira, maio 21, 2007
Casamentos e Copos de Àgua Fria
-Quem nunca foi a um casamento?
-Se alguém tiver levantado a mão, deixe que lhe diga: “Parabéns!”
-Pessoalmente, sempre que recebo um convite para um casamento, faço exactamente a mesma cara que faço quando recebo uma conta exagerada, uma multa ou uma mensagem insultuosa.
-Já repararam como as pessoas se vestem para irem a um casamento?
-As mulheres sobretudo, vestem-se com cores super garridas e raras, usam decotes que no dia-a-dia nem ousam pensar, quase tão profundos como altos são os saltos dos seus sapatos. Que dizer daqueles chapelinhos com uma rendinha na frente? Pois… e as bolsinhas que transportam debaixo do braço e que contrastam em tamanho com as dos dias “normais”? Que raio conseguem lá meter além do telemóvel? Uma daquelas pistolas de batoteiro do Oeste americano e dois rebuçados para a tosse?
-Os homens por seu lado, enfiam-se em casacos onde apenas entraram no dia do próprio casamento ou que usaram antes ainda da barriga lhes crescer. Alguns, mais novos, ficam com aquele ar vulgarzinho de vendedores de automoveis usados ou de falsos jovens empresários, mas quase sempre erram na escolha da gravata. Aquilo mais parece um uniforme de parvo do que uma vestimenta para uma ocasião especial.
-Outra das coisas que me desespera nos casamentos é a espera. Espera-se que o noivo chegue, espera-se que a noiva chegue sempre atrasada, mas sempre também se espera que não chegue tão atrasada como sempre chega. Espera-se que o casamento termine, depois espera-se com as mãos cheias de arroz para que os noivos saiam da igreja. Na altura em que isso acontece, com o calor e o suor das mãos, o que se lhes atira mais parece arroz malandro do que o arroz dos noivos. Depois ainda esperamos não nos perder desde a Igreja até ao restaurante. Temos sempre que seguir alguém e muitas vezes acabamos a seguir um carro errado até à porta de casa do condutor. Logo a seguir, vem a típica espera pela almoçarada e aí espera-se em fila para conseguir chegar à mesa das “entradinhas”. Espera-se na fila do bar para beber nem que seja um copo de água e continua-se a esperar pelo almoço.
-Também existe a questão dos lugares à mesa. Nunca vos aconteceu alguém sentado perto dizer algo como:
-Olá! Tu deves ser o Alberto, o filho da Tininha. Eu sou a tua prima Aurora filha do Fernandes, aquele com quem o avô não fala. Não achas que o noivo tem ar de azeiteiro?
-Bem… eu não sou da família, sou amigo do noivo.
-Enquanto a comida não chega, os fotógrafos e os tipos do Vídeo não param de encher os olhos dos convidados com flashes e esperam que haja quem possa sorrir.
-As mães por esta altura repetem o vale de lágrimas que haviam vertido na igreja e os tios vão repetindo: “Que sejais muito felizes e vos respeiteis sempre!”
-As gravatas caem na sopa, os brindes parvinhos sucedem-se e não há um idiota que não queira dizer “duas palavrinhas”.
-Depois começa o bailarico, as quedas aparatosas dos “tocados-da-pinga-que-hoje-é-de- graça”, os vestidos que se rasgam os tacões que se partem e mais quedas aparatosas.
-Depois… bem depois é quando normalmente eu saio para o bar, para fugir ao leilão da liga da noiva e da gravata do noivo e já agora para não ver a tristíssima figura das raparigas encalhadas a matarem-se umas às outras pelo ramo. O resto é ainda pior, fotografias com os noivos, com o noivo, com a noiva, com os pais de ambos, com os amigos da noiva, os do noivo, as primas, os ex-colegas… um fartar vilanagem de pixels e de aborrecimento.
-Se então falarmos da despesa que um casamento acarreta para os convidados, rapidamente nos tornamos adeptos fervorosos do celibato e não apenas do nosso. Tudo começa com a despedida de solteiro, onde se gasta dinheiro como se nascesse nas árvores. No final, nada daquilo passa de uma desculpa para que os já casados possam chegar a casa a cairem de bêbados e para que todos vejam mulheres com que sonham a fazerem coisas com que as mulheres deles nem sonham.
-Se a isto somarmos o presente, escolhido por lista na mais cara loja da baixa….
-Pronto, pronto, vivam os noivos… mas que me não convidem para o casamento que eu, se algum dia endoidecer ao ponto de casar, também os não convidarei.
Postado por Unknown at segunda-feira, maio 21, 2007 7 comentários
domingo, maio 20, 2007
Homenagem
-Hoje quero aqui prestar uma homenagem, singela mas sentida a dois pobres seres que toda a vida levaram bofetadas, pedradas, golpes e até com tortas de creme; Caíram uma imensidão de vezes, foram humilhados, maltratados, explodidos, atropelados. Viveram inúmeros fracassos e outras tantas desilusões.
-Não, não me refiro a mim em nenhum dos casos, ainda que pudesse. Refiro-me a eles.
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sexta-feira, maio 18, 2007
ENTREVISTA
Batem à porta.
-Entre, entre por favor!
-Bom dia, venho pelo lugar que anunciaram no jornal de ontem.
-Sente-se por favor, sente-se. Tem o seu curriculum consigo? Obrigado. Hum… duas licenciaturas, dois mestrados, quatro línguas, oito anos de experiência, muito bem, muito bem. Penso que o lugar será ideal para si. Alto…, que aborrecimento. Lamento imenso mas afinal é impossível admiti-lo na nossa empresa.
-Mas…, porquê?
-É que o senhor chama-se Maurício e já cá trabalham dois Maurícios; Como entenderá traria alguns problemas de funcionalidade. Não seria operativo em termos de comunicação interna.
-Mas, vai-me recusar apenas por isso?
-Compreenda, teria muito gosto em tê-lo na equipa, mas a empresa tem normas muito definidas acerca de casos assim.
-Por favor, preciso muito deste trabalho…
- Hum…, bem vistas as coisas poderia abrir uma excepção. Se mudar de nome… Olhe temos em aberto... Vital e Capitulino, assim de repente...
-Vital! Vital estaria muito bem por mim se…
-Excelente fica Vital. Continuando, onde mora?
-Moro em Alcabichóbe!
-Impossível, vai ter que mudar de casa. É que já temos duas pessoas que moram lá e isso é o máximo permitido pelas normas da empresa. Sabe como é a proximidade fora do trabalho pode criar conluios e problemas à posteriori. Ainda se fosse Além de Cima ou Oliveiras.
-Bem… posso mudar-me para casa de um cunhado em Além de Cima.
-OK. Já agora, é casado, solteiro? É que não menciona no curriculum?
-Sou casado e tenho dois filhos.
-Pois.. é que assim não vai ser possível. Sabe como é, já cá temos três casados com dois filhos e o director já trepa pelas paredes por isso…. Nisso, como lhe disse, a empresa tem normas muito restritivas.
- Mas aí não há nada que possa fazer, tenho muito carinho aos miúdos e…
-Temos duas vagas para divorciados com dois filhos. Mas teria que me trazer os papéis de divórcio antes de assinarmos o contracto.
-Mas, isto é incrível…
-Tente entender, teria muito gosto em tê-lo nesta equipa, mas a empresa tem normas muito definidas acerca destes casos.
-Está bem. De acordo.
-Que estupidez a minha. Tem que me desculpar. Estive a fazê-lo perder o seu tempo. Não posso mesmo dar-lhe trabalho.
-Mas, que se passa agora?
-É a questão das quotas de mulheres. Tenho que contratar pelo menos 40% de elementos do sexo feminino e já não disponho de lugares para homens.
-Mas… não pode esperar que eu…
-Queira desculpar mas sabe bem que eu teria muito gosto em tê-lo na equipa, mas a empresa tem normas muito rígidas acerca de casos assim.
-E se eu vier vestido de mulher?
-E se vem uma inspecção de trabalho, já viu o que seria. Tente entender as normas da empresa.
-Não há nada que eu possa fazer?
-Bem se fosse uma operaçãozita…; Ao fim ao cabo hoje em dia já nem é nada de estranho é quase uma normalidade. Aí sim, então poderíamos avançar.
-Francamente mudar de sexo para conseguir um emprego
-Entendo. Não se preocupe, hão-de haver outros lugares noutras empresas, no entanto é pena. Paciência. Boa tarde. O seguinte!
-Espere, espere… eu faço a operação! Mas nós ainda não falamos das condições do lugar, nem do salário, do horário nem de nada.
-Repare. O senhor cumpre com o que está a faltar e depois dessas coisitas, desses ajustamentos, volta cá com o novo B.I., o atestado de residência e o certificado do médico e então falaremos das condições. Bom dia Vitalina, com certeza iremos trabalhar muito bem consigo na equipa. Seguinte!
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quarta-feira, maio 16, 2007
Estúpidos
-Ser estúpido não é obrigatoriamente uma coisa péssima, mas lá que é mau, é!
-O maior problemas dos estúpidos é que não existe uma vacina contra eles, nem sequer um qualquer comprimido que os trate a eles e às suas consequências em nós. Simplesmente existem, estão por aí e nunca se sabe como, quando nem onde irão atacar de novo. Mas vejamos em que consiste a estupidez:
-Os inteligentes, quando levam acabo uma acção relativamente a outro ser humano, saem beneficiados com o resultado desta e ao mesmo tempo beneficiam o receptor dessa acção.
Exemplo: Dois indivíduos jogam em sociedade no Euromilhões e no caso de ganharem dividem o prémio.
-Os malvados, quando levam a cabo uma acção que envolva outro indivíduo, obtêm beneficio dessa acção mas dela resulta prejuízo para o segundo elemento.
Exemplo: Dois indivíduos jogam em sociedade no Euromilhões e no caso de ganharem um deles fica com tudo e o outro sem nada.
-Os incautos, quando levam acabo uma acção relativamente a outro ser humano, não obtêm qualquer benefício ou sofrem um prejuízo, mas da acção em causa resulta vantagem ou ganho para o receptor da acção.
Exemplo: Dois indivíduos jogam em sociedade no Euromilhões e no caso de ganharem, um deixa todo o prémio para o outro.
-Os estúpidos, quando realizam uma acção que envolva outro indivíduo, fazem com que dessa acção resulte evidente prejuízo para ambos.
Exemplo: Dois indivíduos jogam em sociedade no Euromilhões e no caso de ganharem,um deita inadvertidamente o comprovativo do registo no WC e ainda inadvertidamente, puxa o autoclismo.
Assim pensava o mundo, o referido estudioso. Eu… acho apenas que todos somos estúpidos em ocasiões inesperadas e uns mais do que outros
Postado por Unknown at quarta-feira, maio 16, 2007 2 comentários
terça-feira, maio 15, 2007
Amadores
-Estou farto de amadores, de aficionados e de carólas.
-Se repararmos bem uma grande parte das actividades necessárias ao nosso progresso são exercidas por este tipo de gente sem preparação, sem formação específica e sem competência para fazerem aquilo que fazem nas condições em que o deviam fazer. Em suma são todos amadores.
-Deveria existir um movimento de consciencialização social, apoiado por uma politica governamental, que fosse coerente, para acabar com este estado de coisas sobretudo nas seguintes áreas:
Condução – Todos sabemos bem as assustadoras taxas de acidentes de transito de que padece este nosso país. Se cada família, a exemplo do que já acontece com os altos (e menos altos) dignitários de cargos públicos, possuísse um carro do Estado com motorista profissional, os números de acidentes, feridos, mortos e incapacitados diminuíram rápida e eficazmente
Solidariedade Social – Quantas serão (não creio que haja quem saiba) as instituições de solidariedade social existentes? Todas as áreas, todas as causas, todos os ideais tem pelo menos duas destas instituições. No entanto, se olhar-mos à nossa volta o que verificamos é que estes amadores nada resolvem: a pobreza é gritante, os excluídos aumentam de dia para a noite e a única coisa que temos em excesso são as carências sociais. Somos abalroados por miríades de peditórios, por mil bugigangas que nos querem vender, por comida que nos cravam à entrada dos supermercados onde vamos a contar os tostões para comer o resto do mês. -Aqui, convenhamos, já existem alguns profissionais. Gente que é paga e bem paga para organizar as actividades que numa sociedade a sério seriam encargo do Estado por que é esse o seu papel em termos de politica social e assistencial. Mas não, os amadores convencem-se que fazem muito por todos e libertam o Estado das suas básicas obrigações, enquanto que os profissionais se não fossem essas obras de assistência, recorreriam eles próprios às obras de assistência. -Se todos fossem profissionais outro galo cantaria.
Politica – Se aqueles que se dedicam ao exercício da actividade politica, desde o Presidente da Republica, ao mais recôndito autarca possuíssem uma licenciatura (que não da Independente, claro), um doutoramento ou até mesmo um bacharelato em administração, Ciência Politica, e Filosofia tudo correria bem melhor. Em vez disso somos governados por advogados, engenheiros (e alguns sabe-se lá), biólogos e toda uma cáfila de amadores e incapazes. -Mais a mais, se fosse como eu proponho, iríamos livrar-nos de preguiçosos (porque um doutoramento dá trabalho), de oportunistas (porque os estudos levam tempo), de incultos (sempre aprenderiam algo) e de todos esses “amadores" que tanto nos têm prejudicado, pois ainda hoje haviam de andar a coçar as cadeiras da faculdade.
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segunda-feira, maio 14, 2007
Rádio Gá Gá
- Olá ouvintes e amigos de sempre deste nosso e vosso programa. Sou Túlio Marcelo Záz e estou aqui para responder às vossas questões acerca de relacionamentos e outros problemas insolúveis. Passemos à primeira chamada:
- Boa Noite!
- Olá Túlio.
- Olá. Como se chama e de onde está a ligar?
- José e ligo de Lisboa.
- Muito bem José, o que tem para nos dizer?
- Bem…, eu liguei porque penso que a minha mulher me engana e eu não sei o que devo fazer nesta situação.
- Que o leva a pensar que é enganado, José?
- Foi..., foi ontem ao jantar. Tivemos uma grande discussão e ela saiu porta fora mas antes ainda me disse que ia a um bar e que depois ia com o primeiro homem que lhe aparecesse.
- E chegou a fazê-lo?
- …Eu creio que sim, só chegou a casa já de manhã.
- Então não tem nada a recear, nem nada com que ficar preocupado. Se ela disse que ia com o primeiro que lhe aparecesse e cumpriu não o anda a enganar. Vamos para a segunda chamada: está lá?
- Olá Túlio, boa noite. - Boa noite. O seu nome?
- Chamo-me João e estou a ligar desde o Porto.
- Conte-nos João, o que o apoquenta?
- Bem, eu sempre fui uma pessoa optimista, sempre via o copo meio cheio e não meio vazio. Mas ultimamente têm-me acontecido uma série de azares que não consigo explicar e que me trazem muito deprimido.
- Então…?
- Primeiro decidi voltar a Portugal, depois perdi o emprego, a minha mulher trai-me com o meu melhor amigo, ontem destruí o carro, sofro de uma doença grave, enganei-me ao votar e votei no partido do actual governo, além de…(PÓC))
- João? Está lá João? Realmente um grande azar até a chamada caiu e como não temos tempo para outro ouvinte despeço-me até à próxima semana. Boa noite a todos!
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sábado, maio 12, 2007
sexta-feira, maio 11, 2007
Pagadores de afectos
-Hoje em dia pagamos a quem nos tome conta dos filhos, a quem nos tome conta da casa, do carro e até dos animais de estimação. Pagamos para que os filhos estejam ocupados depois das aulas que também pagamos mas a que não damos importância por que se pensa estarem naturalmente pagas. Pagamos OTL’s e ATL’s, colégios e explicadores, pagamos em dinheiro, para não pagarmos em tempo que não queremos perder o “aturar” das crianças. Pagam-se plataformas de jogos, ecrãs planos, PC’s, DVD’s, TV's e canais de cabo para as crianças. -Instalam-se alarmes para quando se não está em casa ou no carro. -Pagam-se cães e gatos pelo Natal, para as crianças, como se fossem brinquedos que se abandonam por culpa das férias já pagas ou paga-se a quem fique com eles. -Babysitter’s, petsitters, sem termos com que pagar. -Trabalhamos compulsivamente, bebemos compulsivamente, opinamos compulsivamente. Apenas não somos compulsivos nos deveres e obrigações. Alijamos responsabilidades como Pilatos lavou as mãos e revemo-nos ao espelho de consciência limpa e rosto bem barbeado/maquilhado. -Temos o valor do fim-de-mês, da carreira, da antiguidade, do cifrão, do euro, da taxa percentual, da estatística, do juro, do centímetro cúbico, da potência e da rapidez.
-Compramos antiguidades, velharias, novidades. Amealhamos experiências: bares, galerias, teatro, cinema, concertos, restaurantes, tudo desconcertadamente e não sabemos o que comiam os nossos avós. Corremos festivais, portais; falamos na “net” e acabamos a pagar a quem limpe a cáca do nosso amado “pet”.
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quinta-feira, maio 10, 2007
Geração "X"
-Nós não estivemos na Guerra Colonial, nem na crise Coimbrã. Não votámos nas primeiras eleições pós 25 de Abril de 74 nem andámos de punho erguido pelas ruas a gritar ideais cegos. Aliás, inicialmente nem sequer entendemos bem o que se passava em Portugal mas havia muitos outros que também não entendiam e ainda há quem não tenha compreendido
-Para muitos, a primeira memória histórica são os jogos olímpicos de Munique em 1972, para outros a chegada à Lua.
-Apesar de termos nascido num regime totalitarista, sempre tivemos consciência democrática que foi sendo limada nos erros que fomos cometendo e sofrendo. Sabemos de politica muito mais do que os nossos pais e muitíssimo mais do que saberão os nossos filhos.
-Somos a última geração que jogou ao pião, à “caríca ou sámeira”, que brincou com os amigos na rua e fomos os primeiros a jogar videojogos e a ver desenhos animados a cores.
-O menino Jesus nem sempre nos trazia aquilo que lhe pedíamos mas temos com grande carinho muitas das coisas que ele nos trouxe, ao passo que hoje, o Pai Natal traz muita coisa e quase nenhuma chega ao Natal seguinte.
-Gostámos de séries como “O Polvo”, emudecíamos com a Heidi e trocámos cromos do Sandokan, mas ainda conhecemos as “Victórias” e sabíamos os três “carimbados”.
-Somos a geração que viu Maradona a fazer maravilhas com uma bola, que o viu fazer uma campanha contra as drogas e que gritou a plenos pulmões em frente da televisão por Carlos Lopes até ele chegar à meta.
-Calçámos sapatos com tacões ridículos, e jeans dobrados no fundo, usamos tangas em vez de calções de surfista e nesse tempo o 11 de Novembro era o “Dia de Todos os Santos” e não o Halloween. Fomos sempre as cobaias do “Sistema Educativo”, das reformas e contra-reformas, e ainda sabemos o que era o “Ano Propedêutico”.
-Conhecemos o terrorismo em Portugal, com assaltos e bombas em malas de carros. Vimos cair o “muro de Berlim”, conhecemos as manchas na cabeça de Gorbatchov, muitas anedotas acerca da KGB e vimos Boris Yelsin com os copos a apalpar uma secretária.
-Os da geração anterior gritavam “Nato fora de Portugal”, os da geração seguinte foram para a Bósnia pela Nato.
-Fomos os primeiros a aprender a programar um Vídeo, jogamos com um Spectrum, odiamos Bill Gates, vimos os primeiros telemóveis e sonhamos que a Internet seria um mundo livre enquanto eramos os primeiros a andar de skate.
-Comíamos Sugos, Pintarólas e chiquelétes Pirata, bebíamos “Laranjina C” e recordamos um Algarve muito diferente do de hoje.
-Não sei como conseguimos sobreviver viajando em carros sem cintos de segurança e sem airbags; Não havia protecção nas tomadas eléctricas nem frascos de medicamentos à prova de crianças. Andávamos de bicicleta sem capacete nem cotoveleiras até escurecer, em plena rua e em grupos felizes, inconscientes dos perigos de hoje.
-Fomos nós, quem resolveu o “cubo mágico”, e quem deu memoráveis festas em garagens de amigos aos sábados de tarde.
-Chamaram-nos geração X e ainda bem, pois parece que nem nunca nos entenderam nem perceberam aquilo que éramos e que ainda somos.
Postado por Unknown at quinta-feira, maio 10, 2007 5 comentários
quarta-feira, maio 09, 2007
Como parecer um Secretario de Estado da Educação
Como parecer um Secretario de Estado da Educação:
2) Nunca expresse com palavras simples qualquer tipo de conceito ou acção. Onde um mortal diria “ Aperte esta porca ao máximo” deverá dizer: “Deve procurar um enroscamento do elemento de sujeição mecânica, procurando que este logre o mais elevado nível de apertamento que as suas condições físicas, ambientais e sociais permitam.”
3) Caso escreva livros acerca de pedagogia, recorde-se que depois do primeiro, todos devem incluir no capitulo de bibliografia consultada e/ou recomendada as suas publicações anteriores.
4) Se reunir com os Pais, culpe os professores.
---Se reunir com os alunos, culpe os professores.
---Se reunir com pais alunos e professores, culpe o sistema e as anteriores reformas que apoiou mas que eram de governos anteriores ao seu e (claro) culpe os professores também.
---Cite sempre exemplos de outros países em que a situação é boa no que toca ao ensino mas que são realmente governados, ao contrário do que por cá acontece.
5) Considere-se capacitado para falar acerca de qualquer área do conhecimento como se dela fosse especialista: Pedagogia, Organização e Administração Escolar, Metodologia de Ensino (de qualquer área), Psicologia, Sociologia, Filosofia, Antropologia, História, Geografia, Ed. Cívica, Línguas e Literaturas, Oratória, Técnicas de Estudo, Administração Empresarial, Marketing, Rei-Ki, Semiótica, Linguística, Boxe, Hata-Yoga, Urologia, Nin-Ji-Tsu e Marroquinaria.
Postado por Unknown at quarta-feira, maio 09, 2007 2 comentários
segunda-feira, maio 07, 2007
E agora Engº (ou lá o que quer que seja) ?
-E agora Senhor Engenheiro (ou lá o que quer que seja o senhor)?
-Sim e agora?
-Será que vai ter a desfaçatez de insistir que na Madeira não existe democracia?
-Será que vai voltar a bradar em gestos condoídos, que na Madeira a campanha foi populista? Que não valeu? Que os Madeirenses são estúpidos?
-Será que por acaso o senhor conhece a Madeira?
-Eu cá por mim, se fosse Madeirense, não importa de que partido, iria ter-lhe ainda maior aversão do que a que já tenho não o sendo, mais asco e mais desprezo pelo modo arrogante como trata os eleitores em geral e os daquela região em particular. Sim, porque os eleitores são todos Portugueses e por principio de igualdade, capazes de escolher para si o melhor governante de entre os que se lhe apresentam à escolha em eleições livres e democráticas como foram as do passado domingo, tal como o senhor o foi em circunstancias bem diferentes.
-Não se esqueça que esta pesada derrota foi acima de tudo sua; Não foi do candidato local a quem o senhor negou, covardemente, o apoio que lhe foi pedido. Não foi do seu partido mas sim sua do seu governo e das medidas persecutórias que tomou contra toda uma região, apenas por pretender enfraquecer politicamente quem nunca foi fraco.
-O Dr. Jardim é, como bem sabemos, alguém fora dos cânones do perfeitamente correcto, do “polidismo democrático”, da grassante “bétice partidária” ou das esferas dos “pseudo-cultos-fazedores de opinião”, mas daí a ser tratado como ditador e anti-democrata, vai uma extensíssima distância. Também eu tenho muitas vezes discordado das suas opiniões e muitas mais do modo como ele opina, respeito-o no entanto pela sua obra (indubitável e bem visível), pela sua entrega (que não reconheço em si) ao seu povo e pela sua capacidade de resistência, quase sempre contra tudo e contra todos mas nunca contra os Madeirenses e sim por eles.
-Mais uma vez o senhor calar-se-á. Vai manter-se pretensamente distante e apenas passadas semanas, falará no assunto com a arrogância do costume, como facto consumado e portanto inútil e sem importância como sempre o tem feito acerca de cada pedra em que o senhor e o seu governo têm frequentemente tropeçado fazendo-nos caír a nós todos um pouco mais.
-A Democracia merece da parte de qualquer governante, melhores tratos e mais atenção.
-Agora, descalce lá esta bota se for capaz de o fazer, com respeito pela decisão desse povo que também é o seu, o povo da Madeira.
Postado por Unknown at segunda-feira, maio 07, 2007 1 comentários
"Chatos e fininhos" (Repostagem de 30/12/2005)
-Não há nada mais “chato” do que um “chato”.
-Um “chato” pode muito bem tornar-se um autêntico pesadelo para qualquer pessoa. Pode aborrecer-nos de dia, acabar com a pouca paciência que ainda nos resta ao fim de dia, ou estragar-nos as noites apenas pelo facto simples de existir e de ser “chato”. Existem variados estilos de chato: o “tolo da aldeia”, o perguntador obsessivo, o falador exagerado, o crava-tudo, o lambe-botas, o “chato” maníaco da alimentação racional, do anti-tabagismo, da legalidade exasperante, dos telemóveis, da vida dos outros, das promoções e dos descontos, das telenovelas e concursos, o chato do Jet-set a que chamam “aborrecido”, enfim, uma variedade bastante variada deles. Mas sobretudo há um género que me exaspera: O “Chato por falta de sentido de humor”. Confesso que consegue quase sempre levar-me às fronteiras da perda de paciência. Não entende anedotas nem sequer piadas subtis ou trocadilhos, não compreende as observações oportunas e com graça que lhe fazem ou toma-as literalmente, sem sequer um copinho de agua e ofende-se. Reage mal às brincadeiras e… pior, normalmente acha-se engraçado e bem disposto. A falta de humor é realmente uma coisa muito “chata” de gente muito “chata”.
-Existem e andam por aí à espera de uma ocasião para nos dar cabo do juízo e nos fazer exasperar ou simplesmente fugir deles.
-Pessoalmente odeio “chatos” e tremo de cada vez que penso que posso ser eu um, em circunstâncias que escapem ao meu controle ou que inadvertidamente me torne num. Por isso muitas vezes evito falar acerca de assuntos que para mim tem interesse mas que para outros não passam de vagas ideias. Evito dar continuidade a conversas que não me interessem e evito sobretudo a companhia de “chatos” por ter sempre desconfiado que a “chateza” possa ser contagiosa como uma espécie de sarampo da mente. No entanto, já me tem acontecido ser apanhado com a guarda em baixo e deixar que um chato se torne meu amigo. Depois disso torna-se muito difícil achá-lo “chato” do modo que antes achava e acabo por vezes até por gostar das pequenas coisas que me exasperam mas que nele consigo, se não aceitar, pelo menos entender como parte dele. Nessas alturas reparo, sempre como uma novidade, que os “chatos” não sabem que o são. Vivem como se fossem pessoas normais, vão a jantares, casam, tem amigos e filhos como se não fossem os “chatos” que são. Alguns cometem mesmo o “crime” de serem excelentes pessoas nos intervalos das sua “chateza”, são realmente preocupados com os conhecidos e procuram ajudar sempre que podem, muitas vezes sem que lhes peçam e algumas vezes atrapalhando mais do que ajudam. Mas isso não faz deles más pessoas, apenas pessoas “chatas”.
-Espero não ter sido “chato”, mas não escrevo mais por recear que se torne uma chatice.
Postado por Unknown at segunda-feira, maio 07, 2007 1 comentários
sexta-feira, maio 04, 2007
E... depois?
Sou o terceiro de dois,
o resto na beira do prato,
o lado “C” de um disco antigo,
o prego na sola do meu sapato.
Sou o que não vive comigo,
o abstracto do concreto,
o piercig sem umbigo,
o obtuso do ângulo recto.
Sou o quarto lado do triângulo,
a pulga de um cão,
o frio de uma chama,
o primeiro andar de um rés-do-chão
o ódio de quem me ama
Sou a manteiga na torrada caída,
Sou a morte ainda em vida.
Apeteceu-me, só isso! "Prontos"!!
Postado por Unknown at sexta-feira, maio 04, 2007 1 comentários
Tempo?
Não há tempo! Não temos tempo para nada e nunca o tempo nos chegou.
Nascemos com o tempo contado e em cada minuto desperdiçado, perdemo-nos no tempo que passou.
Nunca tivemos tempo para nada e nem sequer com a vida parada, parámos de correr em volta do tempo que não voltou.
Somos ocupados o tempo todo e temos orgulho de o não ter, enquanto corremos ao lado do tempo que não temos e que dizemos querer.
Sem tempo para viver, vivemos os dias todos a correr sem sequer parar um bocado e sem ver que o tempo amealhado é já quase tempo de morrer
Postado por Unknown at sexta-feira, maio 04, 2007 3 comentários
terça-feira, maio 01, 2007
A Raposa e o Urso - Triste fábula nacional
-Era uma vez um urso. Desconfiado, casmurro por fora mas um pobre diabo crédulo, inofensivo, bonacheirão e palerma. Chamava-se Povo e tinha por comadres duas raposas, as mesmas que se revezavam no governo da floresta. Como bom urso que era, convidava as suas comadres para jantarem consigo; quanto mais não fosse, pelo menos de quatro em quatro anos, que era a altura em que as raposas todas, corriam a floresta inteira: feiras, mercados, clubes, aldeias recônditas da floresta. Nessa altura todas as raposas iam a todo o lado. -Fosse qual fosse a raposa convidada, chegava de mansinho e contava ao urso sonhos, projectos, histórias e promessas, muitas promessas de um bom governo e de um futuro melhor Passava-lhe a pata pelo pêlo, trazia-lhe um programa de governo e dizia-lhe com um sorriso matreiramente honesto:
- Lê isto que isto é a mais pura das verdades.
-O urso punha-se a ler e a sonhar e de tanto sonhar acordado adormecia.
-A raposa então, comia as papas dos dois, palitava os dentes para estarem brancos no próximo debate televisivo, lavava as mãos das promessas que trouxera e ao acordar o urso dizia-lhe:
-Não comas mais que te pode fazer mal. Aperta antes o cinto em nome de Portugal.
-Depois, saíam os dois a dar um passeio. A raposa montada em cima do urso ia cantando:
-Raposinha gaiteira, farta de papas vai à cavaleira!
-A cada quatro anos era sempre assim. Ora uma, ora outra e às vezes ambas, lá iam comendo as papas ao urso que emagrecia a olhos vistos.
-Até que um dia o urso caiu em si. Estava farto de escolher entre aquelas raposas matreiras e semelhantes em quase tudo. Estava farto de estar cada vez mais magro e de andar com elas às costas.
-Na seguinte visita das raposas, deu a todas elas uma patada de urso que as atirou para fora da floresta.
-Passou-se tempo, outras raposas vieram e ocuparam o lugar das anteriores. Agora, não há nada mais triste, nada mais tintamarresco, mais bertoldo e histriónico do que do que ver o urso Povo no Parque Expo em Lisboa, na Baixa do Porto, no Geraldo em Évora ou na Praça da Sé em Bragança com as raposas sobre o lombo a cantarem:
-Raposinha gaiteira, farta de papas vai à cavaleira!
Adaptado de: “Os três partidos e o povo”
In “As Farpas” de Ramalho Ortigão
Postado por Unknown at terça-feira, maio 01, 2007 2 comentários
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