-Ouve-se dizer: pensa em grande, deseja em grande, faz grande! Mas será realmente a grandiosidade a única coisa importante? E que espaço reservamos em nós para as pequenas coisas? Porquê, as coisas pequenas parecem tão ausentes do léxico popular, da moda e do nosso modo de pensar? Poderia alguma vez existir esta nossa vida, por vezes tão fastidiosa e tristonha, se não existissem pequenas coisas com as células e as bactérias? Recordo que é o ADN quem estabelece quem somos, como e como funcionamos à partida; Que o imenso universo é composto, todo ele, por uma imensidade de pequenos átomos, mantidos assim por outra imensidade de ligações e partículas sub atómicas.
-A natureza de toda a vida e tudo na vida, provém e pulula de ínfima pequenez. Toda a vastidão de ecossistemas assenta em incontáveis pequenos organismos e microorganismos sem os quais a vida não existiria no nosso planeta. Até a chuva que nos molha e nos nutre é composta por gotículas que se juntam em gotas para saciar a natureza com a sua dádiva de renovação. O sol que nos ilumina e nos acaricia, não é mais do partículas. Que seria uma rosa sem as suas pequenas pétalas? Perguntem a um pássaro acerca da pequenez das palhas e ramos com que faz o seu ninho.
-Que seria da humanidade sem as pequenas ideias, sem pequenas conquistas, pequenos gestos e sem os pequenos falhanços que conduziram à grande evolução? Imaginemo-nos sem a pequena partícula de chama, que saltou do encontro de duas pedras para nos dar o fogo.
-Têm sido sempre pequenos sonhos, aquilo que nos conduz às grandes realizações. Tem sido sempre a partir de coisas pequenas que esculpimos e reesculpimos o nosso mundo e a nossa cultura. Pequenos poemas que nos acendem a alma, constituídos por pequenas palavras compostas de pequenos signos gráficos.
-Toda a nossa vida, colapsaria se não tivéssemos pequenos momentos de felicidade. São eles o combustível necessário para que desenrolemos os dias, até ao dia seguinte. São coisas pequenas como ínfimos pontos que constituem o desenho, ora cinzento, ora colorido das nossas vidas, das nossas experiências, dos nossos amores, ódios, frustrações e alegrias. Tão inimitáveis e encantadores.
-Porque ansiamos então tanto pela grandeza? Porque não nos empenhamos apenas em cumprir os nossos papéis na vida para assim ajudarmos a redimir o mundo a nós mesmos?
-Neste preciso momento milhares, senão milhões de “pequenas pessoas”, lutam nas suas pequenas vidas para que tenhamos todos uma vida melhor: em laboratórios, em missões, em fábricas e em escolas por todo o mundo. A madre Teresa foi sempre uma “pessoa pequena”, em estatura, em fama e em influência politica ou outra. Mas não deixou de fazer mais do que muitas pessoas ditas grandes, pela humanidade.
-Sempre que vejo uma criança pequena, vejo os seus pequenos olhos ávidos de ver coisas novas, e as suas pequenas mãos, cheias de potencial para agarrarem o futuro.
-Essa é sem dúvida, a fantástica grandiosidade das pequenas coisas. Saibamos aprecia-la correctamente.
-Hoje aconteceu-me uma pequena coisa, que me deixou feliz.
Falei com a Ana!
Rui