Para todos aqueles que estão apaixonados.
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Desculpem o meu cinismo, mas vocês sabem que isso não vai durar. Claro que durante algum tempo vão andar por aí com esse sorriso idiota estampado na cara; Vão dizer palavrinhas parvas como quem fala com um bebé de meses um ao outro e nunca vão largar-lhe a mão com medo que se possa perder numa multidão de duas pessoas; Vão andar aos beijos pelos passeios, cafés, centros comerciais ou durante os primeiros 25 jantares românticos.
Mas daqui a alguns meses onde é que vão estar? Ainda a namorar? Casados? Juntos? A viver maritalmente? Provavelmente vão estar na berma de uma estrada qualquer ao lado do carro do/a melhor amigo/a melhor amigo/a solteiro/a a segurar o cabelo ou a tentar não acertar com o vómito nos sapatos.
Os amigos e amigas vão ser ignorados durante três ou quatro meses, vão ligar para saber como está ou se ainda cá está. Depois, quando finalmente se encontrarem, vão ter que suportar telefonemas de 5 minutos a cada 10 minutos, a ouvi-lo/a dizer onde está e com quem está e que invariavelmente terminam com um “Amo-te muito amorzinho” ou “Eu também te amo muito amorzinho”. Pior ainda é que nos intervalos dos telefonemas vão querer contar tudo o que de “maravilhoso” tem feito por si a pessoa amada. Vai falar da “sua Cristina” ou do “seu João” como se todos, “o” ou “a” conhecessem intimamente e como se alguém estivesse minimamente interessado em ouvir o que tem para contar. Vai colocar constantemente em destaque aquelas “tantas coisas que têm em comum”: ambos adoram as Canárias, ambos detestam touradas, ambos nasceram a uma Sexta-Feira 13, ambos têm um olho de cada lado do nariz, ambos são filhos de mãe incógnita… O que não vai contar a ninguém e que nunca reparou sequer que existe é tudo aquilo com que não concordam e de que deixaram de falar por não concordar; De politica a religião, de música a saídas nocturnas, de gatos a cães.
Mas por outro lado, pode até ser que desta vez resulte. Pode ser que os dias de lágrimas, de ira e de vómitos tenham terminado, pelo menos durante algum tempo. Talvez desta vez a coisa resulte ou em alternativa, talvez os amigos e amigas tenham aprendido a não apresentarem quem quer que seja, a quem quer que seja, com intuítos românticos. Talvez você mesmo tenha aprendido que o MSN ou um qualquer “chat” são locais onde nunca deve despir a armadura da sensatez (excepto se costumar ganhar o Euromilhões todas as semanas).
Apesar de tudo, são estas situações e acontecimentos que permitem a actividade profissional a muita gente. Que seria dos psiquiatras, dos psicanalistas, dos bombeiros, dos barman’s e confessores deste país, sem as pessoas que se apaixonam e que dão com os “burros na água”?
Ainda me recordo bem da última vez que me apaixonei e do quanto isso me trouxe de comportamentos idiotas. Não me tornou um idiota mas destituiu-me da maioria das capacidades de agir como se pensasse e isto, aos mais variados níveis de actuação. Tornou-me viciado no tóque do meu telemóvel e podia ter-me tornado accionista da Vodafone; Alterou-me todas as rotinas, fez-me interessar por assuntos que nunca me interessaram; Tive insónias, mais do alguma vez antes tinha tido; Sorria sozinho e gargalhava sem razão. Deprimia-me com o pôr-do-sol e com o nascer dele ou alegrava-me quase às lágrimas com ambos; Ficava à chuva numa esplanada sem sequer saber que chovia ou onde estava. Tornei-me ora bêbado, ora abstémio e isto apenas por duas razões: por tudo e por nada. Os meus dias, tinham dias de 12 horas e outros de 48.
Por isso e pela incrível felicidade que senti, apenas quero deixar um conselho a todos aqueles que neste momento vivem uma paixão intensa e que tem a certeza de terem passado de “meia-pessoa” a “pessoa completa” sempre que olhos nos olhos, olham os olhos da pessoa que pensam amar…
Encontrem um quarto!
2 comentários:
fica-se pateta, fica-se, mas não há nada melhor.
Isto é tão verdade que até me doeu... Abraço!
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