sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Crianças









-Vou começar por vos contar um segredo. O Papão NÃO existe. Tal como não existe o Pai Natal e muito menos a cegonha de que nos falavam em crianças.
-Na realidade quando éramos crianças vivíamos enganados, éramos enganados quase todos os dias por aqueles em quem mais confiávamos: os nossos pais e os adultos em geral. Os adultos não hesitam em recorrer ás mais torpes patranhas para ludibriar as crianças e fazem-no com a maior desfaçatez; Fazem-no até, achando que é esse o seu dever de progenitores e educadores, como se cumprissem um qualquer dever ou uma obrigação superior.
-Quando as crianças não querem comer, os adultos tentam fazer-lhes crer que a colher cheia daquele horroroso puré de verduras, é na realidade um aviãozinho e no intuito de enganar as pobres crianças, até imitam o ruído do motor: VVRRRUUUMMMMM. Qual será a lógica disto? Se as crianças não querem comer o puré, será que lhes apetece comer aviões?
-Outra técnica muito usada é a de tornar a criança responsável pela alimentação de toda a família: “Esta pela mama, esta pelo papá, esta pelo senhor da leitaria. Ou seja, o pobre infante, ou infanta, tem que comer por toda aquela cambada de glutões.
-Para adormecer então é que os adultos mentem, inventam letras idiotas, arrasam as mais belas músicas de embalar e destroem as obras mais clássicas transformando-as em algo semelhante ao jazz experimental cantado por um rouco-surdo. Quem depois de tais maus-tratos aos ouvidos conseguiria pregar olho?
-Os médicos também enganam as crianças. Quem nunca ouviu no final de uma consulta a frase: “Toma meu menino, isto é para ti” enquanto nos estendem uma espécie de pau de gelado sem gelado algum?
-Ainda para mais, somos obrigados pela mãe ou pelo pai a agradecer: “Que se diz ao senhor doutor?”, quando o que nos apetecia era mandar que ele metesse o pauzinho no... no bolso.
-Outra ideia peregrina dos adultos foi a invenção dos jogos educativos, que consiste essencialmente em associar algo de que não se gosta com algo de que se goste muito. Por exemplo: tinham que associar a bola de praia ao globo terrestre?

4 comentários:

Touro Zentado disse...

Nunca te disseram que vinha o homem do saco se não comesses? És um sortudo!

Anabela disse...

Tens razão... aliás, é por isto que pondero, relativamente à maternidade... ou talvez não.

A loucura completa-se quando, após a colherada de papa na boca da criança, esta incorre na imitação espontânea (ou não) da imitação de uma mota: BBBBRRRRRR!

Pergunta inocente... o rouco surdo pode ser o Joe Cocker?

Anónimo disse...

O texto está uma maravilha, mas a imagem está impagável! Abraço!

Alien David Sousa disse...

"Outra técnica muito usada é a de tornar a criança responsável pela alimentação de toda a família" lol


E Rui, é por tudo o que descreveste que nós em adultos somos uma desgraça.Uns inadaptados. ;)

Beijos alienígenas