-Para que seja possível insultar alguém com alguma dignidade e inteligência, não basta o palavrão batido, a expressão ordinária e repetida, a referência aos parentes próximos ou o achincalhamento próprio dos simplórios e dos parlapatões sem ideias. Para bem insultar alguém, é necessária alguma arte e estilo; É necessário que se possuam recursos linguísticos e imaginação suficiente, para poder improvisar metáforas inteligentes. São estas metáforas que muitas vezes constituem autênticos homicídios de personalidade para o insultado mas que ele, apesar de tudo, pode tolerar sem a verdadeira e irreversível ofensa. A arte de bem insultar é sempre uma demonstração de agudeza de espírito por parte de quem em determinada altura sente necessidade de dizer a outrem o quão mau, baixo, ou estúpido é, ou está a ser momentaneamente. O insulto demonstra, quando inteligente, uma boa integração social, humor, capacidade de análise e de reacção a factos adversos. O insulto, se inteligente, é libertário, democrático, humanista e terapêutico. O insulto, não é desprezível nem deve ser desprezado. Não se deve jamais confundir o “bom insulto” com ordinarice, demência, saloiice ou vulgaridade. O “bom insulto” é insolente, é malicioso, é diabolicamente perverso e ao mesmo tempo elegante e quase aristocrático.
-O insulto, é património cultural de toda a humanidade e da sua comunicação verbal. É instrumento preciso para que aqueles que não se submetem, possam permanecer livres de peias que não desejam, de ideias pré-concebidas e de tentativas de imposição de toda a espécie.
-Quem ao longo da sua vida não insultou em determinada situação, voluntariamente alguém?
-Quem, na altura de escolher as palavras, não hesitou entre a verborreia da vulgaridade e elaboração inteligente de frases? Nestas situações limite, é necessário possuir precisão para ferir sem deixar ferida, bater sem deixar nódoa, magoar sem fazer doer mais do que o tempo necessário para que o insultado possa ver o seu erro, e cair em si… ou não.
-Foram muitos os escritores que cultivaram esta arte de dizer verdades ofendendo apenas o necessário. Muitas vezes disfarçado sob o manto largo do humor, o insulto foi usado magnificamente por: Nicarcos, Gil Vicente, Moliere, Bocage, Rafael Bordalo Pinheiro, Eça de Queirós, Cervantes, Quevedo, Lope de Veja, Camilo Castelo Branco, Ramalho Ortigão, Winston Churchill, Bernard Shaw, Serge Gainsbourg, Jorge Luís Borges e tantos, tantos outros.
--Talvez que em ultima instância, seja a arte do bom insulto a única coisa que valha a pena salvar neste país de façanhudos e gente de riso tonto e fácil. Gente de comunicados oficiais e de “oficiais” sem capacidade de comunicação. Neste país de pseudo cultos sorumbáticos e de palhaços alegres mas ridículos. De gente alinhada em demasia ou demasiado desalinhada; Deprimida e deprimente.
- Eu insultava-te mas acho que não irias notar.
- Não, não te chamei estúpido. Isso seria insultar os estúpidos deste mundo.
- Será que a corrente dos teus pensamentos tem algum elo?
- Nem todas as pessoas são aborrecidas, também há os falecidos.
- Estou a tentar imaginar-te com uma personalidade.
- Se eu atirar um ramo para longe tu sais daqui?
- Tu? Do meu planeta?
- Quando é que o teu circo de anormalidades passa cá para te vir buscar?
- E… a tua opinião deslocada, estúpida e a despropósito, seria?
- Olha lá, por acaso eu pareço-te alguém com vontade de te ouvir?
- Eu finjo trabalhar e eles fingem pagar-me.
- Será que os extraterrestres se esqueceram de te retirar a sonda anal?
- Gosto do teu perfume, mas seria preciso tomares banho nele?
- Qualquer que seja o teu novo visual devo dizer-te que falhaste.
- “Ele pode parecer como um idiota e falar como um idiota, mas não deixes que isso te engane. Ele é um perfeito idiota.” - Groucho Marx
- Deves ser o único génio com um Q.I. de 10.
- Os teus pais por acaso não serão irmãos?
- Deve estar a fazer anos que foste excretado pelo organismo da tua mãe, não?
- Deixa lá, ainda um dia hás-de ser famoso. Lá no manicómio onde te internarem.
- Estás a começar a parecer razoável, vai tomar a medicação!
- Tens mesmo cara de santo… S. Bernardo!
- Sabes bem que entendo esse sentimento de vazio de que falas, conheço bem o teu cérebro!
- Não sei qual é o teu problema mas com certeza a psiquiatria em um nome para ele.
- Gosto de ti fazes-me lembrar de mim quando eu era estúpido!
- Hei! Quem é que te escolhe a roupa, O Stevie Wonder?
- Ok, prometo tentar ser mais simpático se prometeres tentar ser mais inteligente.
- Namorada nova? Onde é que ela deixa o cão e a bengala às riscas?
- Olha que o facto de ninguém te entender não é por seres um artista modernista.
- Irra! Parece impossível como em tempos foste o mais rápido dos espermatozóides!
- Naturista, tu? Depois de tudo o que a natureza te fez?
- Eu sei que toda a gente tem direito a fazer asneiras mas tu abusas desse direito.
- Recordas-me alguém que conheci em tempos, … durante um pesadelo.
- Já pagaste as quotas deste mês do clube dos canalhas?
- Eu sei que não és um plagiador, mas tu não plagias é a raça humana!
- Se alguma vez te vir a afogar, prometo que te atiro uma corda, ambas as pontas e tudo.
- Só ouvirás algo de bom acerca de ti se for num monólogo!
- Gostava imenso de trabalhar para si, mas como coveiro.
- Se disse algo que te tenha ofendido, podes ter a certeza de que foi totalmente propositado.
- És tão estranho que eras capaz de tropeçar no fio de um telefone sem fio.
- Eh pá, vai afogar peixes!
1 comentário:
LOL! Gostei!
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