-Um ano depois de começar, foram muitas as coisas que nunca encontraram lugar ou oportunidade de figurarem aqui e seria IN-Provavel que tal acontecesse. Eis algumas:
-Sempre que peço desculpa isso ajuda os meus neurónios.
-Eles dividem-se, uns apontam para o sul outros para a direcção oposta e outros ainda retiram de uma pasta de couro castanha, como a minha, salpicão, chouriço, queijo de cabra e pão de centeio. Falamos todos muito, muitas vezes em absoluto silêncio. Se tivermos agido correctamente, sentimo-nos todos muito melhor.
As estrelas ainda brilhavam e a lua ainda era cheia da luz da madrugada.
No horizonte, haviam mais dúvidas e montanhas do que nuvens claras.
-O que faz com que recordemos com minúcia e detalhe alguns factos e não recordemos nada de outros?
-Que mecânica ou reacção química faz com que não deixemos de lembrar situações que preferíamos esquecer?
-Porque alguns factos desagradáveis ou apenas tristes, são relegados para o limbo da não lembrança, para o fundo de um baú, e outros não o são?
-A quantos não assaltou já o desejo de esquecer uma pessoa e não foi nunca possível nem será?
“Naquele fim-de-semana, toda a angustia regressou de novo e se instalou desconfortável, sem aviso ou convite. Veio como de costume para três dias inteiros de cinza e névoa fria.
-Escrevo apenas para me ajudar a pensar e nesse acto sem corte nem costura, descanso a alma por vezes. Nunca pretendi auto-analises ou exorcismos.
-Escrevo, ora elíptico, ora espiral e por vezes concêntrico. Outras vezes não me reconheço no que releio, mas revejo-me ainda assim no que sinto ali escrito.
-Era sábado, era triste e chovia lá fora, para lá dos vidros do café silencioso e vazio. Era sábado e eu, chovia tristemente ao som dos sinos da igreja dos felizes.
-Uma emoção geométrica, perfeita da evolução pegajosa de que todos somos parte. Todos somos aranha e a sua presa.
-Fiquei triste por reparar que não era um monitor aquilo que tinha na minha frente. Duplamente triste por estar, talvez, a perder uma raiz mais.
Rui
2 comentários:
Escreva o tal Romance!
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