-O debate foi fraco em termos de conteúdo, de orientação e de satisfação da razão de qualquer das partes.
-Mal moderado, quase diria tendenciosamente mal moderado. Recordo a exigência, duas vezes feita pela apresentadora /“moderadora” aos “Educadores” de que não batessem palmas enquanto duas vezes, depois dessa exigência, a autêntica claque da ministra e que me pareceu organizada pelo secretário de estado, desabridamente aplaudia frases inacabadas.
- A mesma “moderadora”, deixou que o debate caísse num discurso técnico que em nada contribuiu para o esclarecimento de ninguém e que serviu sobretudo os objectivos ministeriais ao permitir de novo, o uso e abuso das estatísticas que o próprio ministério produz sem que nunca revele o modo como as produz e que não traduzem absolutamente em nada a realidade actual do ensino.
-Do debate tirei duas conclusões essenciais. Uma refere-se aos professores e a outra à ministra da Educação.
-A primeira, foi que os professores se encontram realmente preocupados com a situação do ensino e não apenas com a sua situação profissional. No entanto não se encontram, (na sua grande maioria) preparados para debates como este. Não possuem o traquejo político, o à-vontade frente às câmaras e demasiadas vezes se deixam dispersar ao querer abarcar demasiados assuntos numa única intervenção, o que leva a “moderadora” a retirar-lhes a palavra. Por outro lado falam muito mais com o coração e quase sempre “pessoalizam” o discurso o que lhes retira eficácia à argumentação. Afinal a sua profissão é ensinar e não debater.
-Por seu lado, a ministra notoriamente teve aulas. Isso tornou-se tanto mais evidente para quem desde o início da sua actividade ministerial a tem acompanhado via TV. A sua imagem foi expurgada de marcas negativas como os seus anteriores óculos mais pesados ou o hábito de não se apresentar com eles; Agora mostra um aspecto mais cuidado, melhor combinação de peças de vestuário, penteado mais elaborado, sobrancelhas aparadas em arco que lhe intensificam o olhar, outrora mortiço e maquilhagem em que sobressai o batôn vermelho que anteriormente se lhe não via.
-Mas não foi apenas isso. É evidente que os gestos e poses são agora estudados e trabalhados: a postura corporal é mais erecta e o posicionamento das mãos varia consoante fala ou escuta. Até o “esganiçar” de voz que a caracterizava já não está lá. O que ainda lá está é o hábito de derivar de assuntos inconvenientes para a bendita afirmação peremptória apoiada por números. O abuso do argumento da necessidade de provas físicas para que os seus oponentes sustentem meras opiniões e sua tão própria técnica de “Calimero”.