segunda-feira, setembro 11, 2006

Regresso à Escola











-O reinício das aulas ou como é mais conhecido o “regresso às aulas” traz sempre novas esperanças e perspectivas, novas ansiedades e consequentemente novas desilusões.
-Vou aqui deixar apenas algumas notas soltas que podem servir de apoio quer a pais e encarregados de educação, quer a professores e quem sabe, até talvez a alunos desde que (claro) as possam ler, perceber e interpretar.

-Antigamente era a matemática moderna. Era algo interessante graficamente falando. Estava cheia de formas ovais, algumas de cores diferentes, que por vezes se entrelaçavam e formavam formas novas. Graficamente era interessante, mas foram poucos os que aprenderam algo com ela. Nesse tempo, as pessoas achavam que bastava saber fazer círculos defeituosos para saber matemática e que não havia necessidade de livros de exercícios, nem de trabalhos em casa. Daí que hoje em dia ninguém entenda nada de matemática e consequentemente de física, de química ou de geometria, mas toda a gente pensa que um Timex Sinclair é uma coisa facílima e primitiva comparativamente com um PC, um Mac ou uma Playstation.
-Aparentemente hoje apenas os grandes cérebros entendem algo de matemática: cientistas da NASA, o governador do Banco de Portugal, os administradores nomeados para empresas públicas, a ministra da educação, o Francisco Louça (porque entende tudo de tudo) e um ou outro professor de matemática a quem nada é perguntado nunca.

-Português é a nossa língua e essa, toda a gente entende que não necessita saber mais acerca dela. É só estar atento a alguns “repórteres no local” que seja em que circunstancias for, enquanto se esforçam por preencher espaço com detalhes inúteis e disparatados (vulgo: “encher chouriços”), vão aproveitando para assassinar a nossa língua com os mais disparatados e imbecis erros de concordância.
-Antigamente existia na disciplina, uma componente a que se chamava ortografia e que aparentemente deixou de interessar. A própria menção da palavra, resulta hoje como um insulto escrito com “k” e penso já a ter visto escrita num jornal de grande tiragem grafada com “h”.
-Mas afinal porque se preocupam tanto os pais com a actual situação do ensino, chegando mesmo a falar em crise? Porque razão criticam tanto tudo e por todos os motivos?
-Atendendo a que a media de pais com filhos no ensino obrigatório tem entre trinta e quarenta e cinco anos, apetece perguntar se no tempo em que o frequentavam passavam a todas as disciplinas? Se não tinham visíveis dificuldades numa ou outra? Se sabiam a tabuada toda ou que Coimbra era a capital do distrito de Viseu? J Seriam todos alunos brilhantes e esforçados?
-As crianças de hoje trabalham tanto como eles trabalhavam, apenas não andam pela rua a jogar futebol e à pancada com os amigos. Actualmente, isso é feito através da Internet em miríades de jogos que os pais adoram oferecer para não os terem a fazer barulho pela casa enquanto eles lá estão.
-O que se passa é que o ensino mudou, os objectos de aprendizagem são diferentes e a metodologia é outra. Muito embora a necessidade de trabalho extra-escola ainda exista para tristeza de muitos.
Por isso caros pais deste país, antes de pensarem em ir à escola dos vossos filhos insultar os professores ou antes de abrirem a boca para dizer disparates vulgares no escritório ou no café, procurem informar-se acerca da prática corrente das escolas de hoje. Falem com os directores de turma e mantenham-se permanentemente informados das dificuldades e progressos dos vossos rebentos. Porque para se ser pai ou mãe não basta trazer os filhos ao mundo e mimá-los ou reprimi-los, há que saber educá-los e deixar que o ensino os ensine.

Entretanto desejo BOA SORTE a todos os intervenientes, que ao que me tem parecido, bem irão necessitar dela.

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