-O humor português é profundamente estranho.
-Normalmente resulta de um caldo de tiques, hábitos, pronuncias, rudezas, e esgares. Tudo em dose não apenas exagerada, como por vezes convêm ao humor, mas quase sempre demasiado exagerada o que o torna boçal. Recentemente entramos no primado do palavrão, usado e abusado quase sempre sem necessidade e sem outro resultado que não seja o de arrancar gargalhadas a imbecis que adoram rir em manada.
-A maior descoberta dos fazedores de humor parece ter sido a imitação da pronúncia regional. Os mesmos que antes se achavam uns parlapatões e tentavam em vão disfarçar o sotaque da sua terrinha, são os que hoje o exageram de tal modo que se tornou irrealista e rústico no que isso tem de pior.
Tudo em muitos ditos stand-up comidients, se parece com muito pouco, ou com coisas já demasiado vistas, em muitos... mas não em todos. No entanto, as piadas parecem quase sempre tiradas ditas por loiras acerca de alentejanos ou o inverso; Algumas são considerações que se não fossem “humorísticas” (reparem nas aspas), seriam no mínimo racistas. È que humor negro por cá tem sempre que fazer referencia a andaimes, se bem que recentemente estão a ceder lugar aos emigrantes de leste que nas anedotas terminam sempre no chão. Será isto humor branco?
-Outro estilo estéril de sorrisos foi o que andou por aí a tentar imitar destruindo, séries britânicas bem conseguidas como o “Sim senhor ministro”, “A mulher do ministro” e uma outra acerca de uma senhora emproada que tornava a vida impossível não só aos vizinhos e familiares, mas também a quem por lapso ou má sorte “zapava” pelo canal que insistia em perder tempo e dinheiro produzindo-a e levando-a para o ar.
-Recordo-me agora de uma questão que me tem ocorrido com frequência: quem foi que disse à Anabóla que tem apetência para escrever humor?
-Pessoalmente prefiro o humor com sketches, depende menos da qualidade teatral de quem interpreta e mais da qualidade de concepção. Nisso o Aldo Lima, os “gato fedorento” e os autores de “Manobras de diversão” são excelentes e demonstram que apesar de tudo, o humor nacional não se esgotou com o desaparecimento do Herman José da cena humorística, embora continue em cena a repetir-se em forma e estilo até à exaustão e ao bocejo final.
-Não sei se repararam que não falei aqui de séries como “Malucos do Riso”, “Batanetes”, “Os Jika da Lapa”, “Camilo …” e outras. Não falei apenas porque não há nada a falar, nem nada nelas que se veja, nada que se distinga ou que divirta quem tiver mais do que neurónio e meio e saiba usar metade daquilo que tem.
-Havia mais a dizer mas eu não sou humorista e seria In-Provavel que tivesse graça, piada, ou humor ao fazê-lo. Por isso fico-me por aqui até porque sorrir é coisa de não tenho tido grande vontade.
-Sobretudo lembrem-se sempre disto: A desgraça dos outros faz-nos rir, a nossa leva-nos às lágrimas!
Musica para hoje: " Sudenly i see" Eye to the telescope
3 comentários:
Rui,eu vou mais longe. Neste momento não há humor em Portugal. Não há programas ou series de qualidade em Portugal.
Há - para mim - um individuo que me faz rir quando se digna a fazer stand-up. O Bruno Nogueira. De resto, já nem paciência tenho para o Gato Fedorento. Acho que deviam começar a procurar novos caminhos porque os textos estão a ficar muito batidos.
Mas isto sou só eu.
bjs
p.s falaste em series. Lá fora não assustam os actores: Jerry Seinfeld, Mad About You, Etc
Aqui há alguns bons. Mas não são muitos. Prefiro o drama.
E depois há um coisa que esses palhaços de serviço esquecem: Ridendo Castigat Mores, a rir se castigam os costumes...
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