sexta-feira, setembro 29, 2006

Manual para políticos amadores (Capitulo I)
















-Considero-me um tradicionalista moderado com alguns tiques de reaccionário e umas quantas, se não muitas, atitudes de revolucionário libertário. Possuo uma cada vez maior e mais intensa aversão a algumas pessoas enfeudadas em alguns partidos. Não acredito, nas esquerdas militantes e extremadas, nem tão pouco nas direitas extremas e militantes.
-Por incrível que isso por vezes me pareça a mim e a quem me conhece, acredito no sistema político, na honestidade de uma grande maioria dos seu elementos e não encontro mal de monta no actual regime.
-Outrora, fui militante intenso e responsável; A situação que então se vivia exigia-o e eu tinha a consciência dessa exigência. Ganhei e perdi “combates”, eleições, confrontos ideológicos e tempo, muito tempo e algum dinheiro. Concretizei e vi caírem muitos projectos meus e de outros com quem tinha uma relação leal de comunhão de pontos de vista. Quando considerei ter chegado o momento de me afastar, fi-lo deliberada e lentamente, como se disso dependesse alguma vez a minha dignidade, mas não abandonei nunca o hábito de pensar e reflectir a “coisa politica”.
-Pelo caminho, tomei notas e apontamentos que usei muitas vezes em várias ocasiões, e que aqui irei deixar sob o actual titulo. A mim serviram-me bem.
-Hoje, mais perto do centro do “sistema”, inserido totalmente no mundo e ainda e sempre a pensar, sinto-me cada vez mais cínico com relação a alguns políticos, nada crédulo com relação a algumas intenções e totalmente contrário a determinadas práticas. Não se trata nem da frustração nem da desilusão e nem sequer da descrença. Trata-se apenas de um modo de pensar e da vontade de ver mudar o que de mal está neste meu país.
-Há coisas que felizmente melhoram e a lua cheia é uma das que mais me agradam apesar de ser sempre a mesma lua.

Em Politica:

  • Por vezes não é bom destapar a caixinha dos vermes.
  • Não é aconselhável abanar o barco onde vamos todos juntos pois podemos ir ao fundo, todos separados.
  • A melhor táctica é a do salame, isto é: comer apenas uma fatia de cada vez.
  • O nada é tudo.
  • O que parece é! – Lenine
  • Tudo está ligado a tudo o resto.
  • Bajular resulta sempre.
  • O mentiroso é um criador de factos políticos. O homem honesto é apenas um mero divulgador.
  • É mais difícil reconhecer os inimigos. O tipo que nos trama é o que nos sorri da cadeira ao lado.
  • O referendo é como um “spray” que se abana quando não há coragem para usar e decidir.
  • È sempre bom perdoar aos inimigos, nada os aborrece mais. – Óscar Wilde
  • O protesto é arriscado, a crítica perigosa e a irreverência imperdoável.
  • A coerência é um luxo que por vezes se paga caro.
  • A única coisa para que o passado serve é para ficar para trás.
  • Nunca se deve acreditar em nada até que seja oficialmente desmentido.
  • Não se deve ser revolucionário sem revolução.
  • Há quem possa ser acusado de praticamente tudo, excepto de honestidade, coerência e competência. Disso ninguém os pode acusar.
  • Existem políticos que possuem o mais rígido código de imoralidade.
  • Um conservador de hoje é alguém que defende as ideias de um reformador de ontem.
  • Um reformador só é reconhecido quando morre, mas por isso deixa de reformar morre nesse instante.
  • Agir correctamente pode provocar embaraços. No entanto isto não é razão para deixar de o fazer.
  • Um economista é alguém que serve para explicar amanha, o porquê de as previsões que fez ontem falharem hoje.
  • Alguns políticos não servem para fazer nada, mas sim para explicarem porque não se fez nada e prometerem de novo fazer tudo.
  • O melhor modo de não fazer nada acerca do que quer que seja é falar constantemente nela.

4 passos para não fazer nada em politica:

1- “Ainda é cedo para fazer o que quer que seja!”
2- “Estamos a analisar o que poderá ser feito!”
3- “Estamos a envidar esforços para que tudo ao nosso alcance seja feito!”
4- “Infelizmente já nada podemos fazer, os factos estão consumados!”

  • Quando o tempo confirma os factos eles já não têm significado.
  • O poder adora arrependidos.
  • Existe o trunfo dos sem coração sobre os sem miolos.
  • “No pântano da arrogância, o trajecto dos néscios é tranquilo impune e bem remunerado”.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Blogs S.A.












-Nos blogs, não em todos mas numa generalidade deles, uma primeira leitura impressiona. Por vezes é como se estivesse, sorrateira e maldosamente, a ler o diário da irmã adolescente que nunca tive. A grande diferença é que aqui não existem as pratinhas de chocolates, os bilhetes de cinema nem os bilhetes românticos trocados à socapa nas aulas de português. São pessoas que não conheço a abrirem as portas de uma presumível real intimidade, a pessoas que as conhecem tão pouco quanto eu as conheço…
-Pessoalmente, só muito ao de leve, me perpassam esse género de desabafos que sendo do foro mais íntimo, é por lá que se devem na grande maioria dos casos, manter e saber situar. Evito fazer de um Blog um diário íntimo destinado à mais pura das devassas, e nem tão pouco um jornal generalista ou temático. Escrevo apenas nele, aquilo que me vai na ideia numa ou outra ocasião, sem compromissos de regularidade, tema ou estilo. Não procuro torná-lo num ponto de encontro, ou de debate de ideias, mas apenas um local onde quem gostar de ler (de me ler), me leia; Sem entrelinhas, sem intenções recônditas, e sem compromissos. Recuso a criação e manutenção de polémicas que garantem visitas numerosas e não desejo teorizar nada em detalhe até ao aborrecimento. Procuro muitas vezes tratar seriamente questões cuja seriedade me causa serias dúvidas, e outras vezes procuro no sarcasmo a explicação para temas sérios que me são caros. É aliás no sarcasmo que melhor me revejo quando emito opiniões, o elogio é raro em mim, especialmente porque o mundo está cheio de bajuladores e lambe-botas inúteis; O que vale, vale por si só e não necessita de elogio mas apenas de apoio e de continuidade. É esse o caso de muitos e excelentes Blogs que visito e leio com muito gosto.

-Nos dias que passam em que a leitura é um passatempo de poucos e uma necessidade de muito poucos, os blogs ocupam um espaço importante. Ocupam ou deveriam ocupar, porque por aí existem também blogs, onde apenas se faz a ocupação de espaço com banalidades, pornografia escrita e dislate pseudo-politico, mas tem o seu lugar e ainda bem. Já me disseram que ler Paulo Coelho é melhor do que não ler nada, discordo por razões óbvias, tal como discordo de que comer cogumelos venenosos é melhor do que não comer ou que ver o “Fiel ou infiel” é melhor do que não ver televisão.

terça-feira, setembro 26, 2006

Comunicado da Brigada Al-Amama



















Por: Mohammad Ali-Ká (líder das brigadas Al-Amama)

-Venho a público, infelizmente, porque o nosso pequeno grupo terrorista (Brigadas Al-Amama) não tem obtido o reconhecimento que merece. Sempre que se fala de um qualquer atentado terrorista tudo o que consta nos noticiários é que podem sido da autoria Al-Queda, do Hezbollah ou da Jihad Islâmica. Com certeza vocês não podem imaginar o que é ao nosso quarto carro-bomba, que reivindicámos por carta, fax, telefone e e-mail, ouvirmos a comunicação social descrever o nosso grupo como: “Até agora desconhecida organização”.
-Já tentámos enviar um vídeo mas o Ali (que teve aulas de cinema num campo afegão), depois de ter gasto todo o subsídio e seis meses para o realizar, enviou-o por engano para o festival de Cannes onde ganhou uma “Palma de Ouro” apenas por fazer a apologia do terrorismo.
-Não é sequer por mim, eu sou um mártir tão convicto que nunca tira o cinto-bomba, e o meu Mercedes ultimo modelo, está sempre armadilhado para o que der e vier. Até ainda só não me emulei, por ser tão necessário à causa e ás minhas três mulheres, mas aqueles que envio para o martírio e para o paraíso sabem-no bem.

-Peço-vos por isso que estejam atentos a quem nós somos e a tudo o que fazemos pela expansão da nossa pacifica fé. Agora vou pousar a minha Pepsi, calçar as minhas Nike e vou para a rua queimar umas bandeiras americanas, insultar os países europeus, atirar umas pedras a embaixadas e chorar que nem um desalmado; É que hoje é dia de festa por ter morrido um vizinho que se fez explodir num autocarro escolar.

-Atendam-me por favor, para não ter que ir aí reivindicar pessoalmente os nossos atentados.

terça-feira, setembro 19, 2006

É só Saúde!












O ministro da Saúde admitiu a criação de novas taxas moderadoras para sectores que actualmente são gratuitos para os utentes, como o internamento ou a cirurgia de ambulatório. "Este tipo de receitas é mínimo" para o Serviço Nacional de Saúde, disse o ministro, justificando a criação destas novas taxas com objectivos mais estruturais, como a moderação do acesso e a valorização do serviço prestado.

A taxas moderadoras que actualmente existem - que representam uma receita de 40 milhões de euros por ano - o ministro disse que serão actualizadas no próximo ano, consoante o valor da inflação, tal como aconteceu este ano.

Constituição da Republica Portuguesa, artigo 64 (saúde) que diz assim:

2 - O direito à protecção da saúde é realizado:

a) - Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito.

Quanto à moderação do acesso, realmente já bastavam as listas de espera para impedir os portugueses doentes de se fazer operar à falta de melhor coisa para fazer.

-Hei! Que fazes este fim-de-semana?
-Não tenho nada marcado...
-Que tal se fossemos operados à vesicula, já que é de borla?
-Oh..., já fui e não dei valor nenhum à operação!

sábado, setembro 16, 2006

Sabedoria Apopular














  • É muito mais fácil reconhecer um erro cometido há dez anos do que um cometido há dez minutos.
  • Graças à liberdade de expressão é hoje possível dizer que um ministro é um perfeito inútil sem que nada aconteça. Infelizmente também nada acontecerá ao ministro. (*)
  • Os amigos são para as ocasiões excepto em alguns círculos politico-governativos em que as ocasiões são para os amigos.
  • Temos um sistema fiscal igualitário, ou seja: Quem tem mais paga mais e quem tem menos também paga mais.
  • Ser honrado não conduz a nenhuma parte que os outros apreciem.
  • A juventude tem sempre a ideia de que possuí a verdade total. Infelizmente quando conseguem impô-la já não são jovens e já não é verdade.
  • O homem é o animal mais parecido com o ser humano.
  • A partir de um património de um milhão de Euros, podem contar-se pelos dedos de uma mão as pessoas honestas.
  • Apenas graças à guerra um indivíduo pode não só morrer pelos seus ideais mas também pelos ideais dos outros.
  • Os mineiros, os pára-quedistas e os políticos são os únicos que sobem na vida descendo, os políticos descem apenas de nível moral.
  • Principio de Politicles: Todo o governante envolvido numa crise económica é alvo de um impulso para cima igual ao número de amigos que beneficia.
  • Conhecem aquela história chamada “Ali-Bá-Bá e os quarenta ministros secretários e sub-secretários de estado”?
  • Oração de alguém no poder: “Bem-aventurados os mansos porque eles nos permitem viver como no céu!”
  • Se dez emigrantes de leste constroem um prédio de 3 andares em 18 meses, quantos emigrantes de leste serão necessários, juntando todas as suas poupanças, para em 10 anos poderem comprar um desses andares que construíram
  • Portugal está cheio de governantes ambidextros, isto é: individuo/as que se dizem de esquerda e actuam como sendo de direita. No entanto as suas mãos, direita e esquerda, estão ambas bem cheias.
  • A direita é muito mais importante do que a esquerda na nossa sociedade. Basta apenas pensar que os zeros à direita valem muito mais do que à esquerda.
  • Antigamente ao povo dava-se-lhe fado, Fátima e futebol. Agora graças à democracia vende-se-lhe fado, Fátima e futebol.
  • A maior distancia entre dois pontos é a CP.
  • A minha cor vermelha favorita é o verde!

(*) – Exceptua-se o caso dos sindicalistas da PSP.

terça-feira, setembro 12, 2006

Como é difrente o humor em Portugal










-O humor português é profundamente estranho.
-Normalmente resulta de um caldo de tiques, hábitos, pronuncias, rudezas, e esgares. Tudo em dose não apenas exagerada, como por vezes convêm ao humor, mas quase sempre demasiado exagerada o que o torna boçal. Recentemente entramos no primado do palavrão, usado e abusado quase sempre sem necessidade e sem outro resultado que não seja o de arrancar gargalhadas a imbecis que adoram rir em manada.
-A maior descoberta dos fazedores de humor parece ter sido a imitação da pronúncia regional. Os mesmos que antes se achavam uns parlapatões e tentavam em vão disfarçar o sotaque da sua terrinha, são os que hoje o exageram de tal modo que se tornou irrealista e rústico no que isso tem de pior.

Tudo em muitos ditos stand-up comidients, se parece com muito pouco, ou com coisas já demasiado vistas, em muitos... mas não em todos. No entanto, as piadas parecem quase sempre tiradas ditas por loiras acerca de alentejanos ou o inverso; Algumas são considerações que se não fossem “humorísticas” (reparem nas aspas), seriam no mínimo racistas. È que humor negro por cá tem sempre que fazer referencia a andaimes, se bem que recentemente estão a ceder lugar aos emigrantes de leste que nas anedotas terminam sempre no chão. Será isto humor branco?
-Outro estilo estéril de sorrisos foi o que andou por aí a tentar imitar destruindo, séries britânicas bem conseguidas como o “Sim senhor ministro”, “A mulher do ministro” e uma outra acerca de uma senhora emproada que tornava a vida impossível não só aos vizinhos e familiares, mas também a quem por lapso ou má sorte “zapava” pelo canal que insistia em perder tempo e dinheiro produzindo-a e levando-a para o ar.

-Recordo-me agora de uma questão que me tem ocorrido com frequência: quem foi que disse à Anabóla que tem apetência para escrever humor?

-Pessoalmente prefiro o humor com sketches, depende menos da qualidade teatral de quem interpreta e mais da qualidade de concepção. Nisso o Aldo Lima, os “gato fedorento” e os autores de “Manobras de diversão” são excelentes e demonstram que apesar de tudo, o humor nacional não se esgotou com o desaparecimento do Herman José da cena humorística, embora continue em cena a repetir-se em forma e estilo até à exaustão e ao bocejo final.

-Não sei se repararam que não falei aqui de séries como “Malucos do Riso”, “Batanetes”, “Os Jika da Lapa”, “Camilo …” e outras. Não falei apenas porque não há nada a falar, nem nada nelas que se veja, nada que se distinga ou que divirta quem tiver mais do que neurónio e meio e saiba usar metade daquilo que tem.

-Havia mais a dizer mas eu não sou humorista e seria In-Provavel que tivesse graça, piada, ou humor ao fazê-lo. Por isso fico-me por aqui até porque sorrir é coisa de não tenho tido grande vontade.

-Sobretudo lembrem-se sempre disto: A desgraça dos outros faz-nos rir, a nossa leva-nos às lágrimas!

Musica para hoje: " Sudenly i see" Eye to the telescope

segunda-feira, setembro 11, 2006

Regresso à Escola











-O reinício das aulas ou como é mais conhecido o “regresso às aulas” traz sempre novas esperanças e perspectivas, novas ansiedades e consequentemente novas desilusões.
-Vou aqui deixar apenas algumas notas soltas que podem servir de apoio quer a pais e encarregados de educação, quer a professores e quem sabe, até talvez a alunos desde que (claro) as possam ler, perceber e interpretar.

-Antigamente era a matemática moderna. Era algo interessante graficamente falando. Estava cheia de formas ovais, algumas de cores diferentes, que por vezes se entrelaçavam e formavam formas novas. Graficamente era interessante, mas foram poucos os que aprenderam algo com ela. Nesse tempo, as pessoas achavam que bastava saber fazer círculos defeituosos para saber matemática e que não havia necessidade de livros de exercícios, nem de trabalhos em casa. Daí que hoje em dia ninguém entenda nada de matemática e consequentemente de física, de química ou de geometria, mas toda a gente pensa que um Timex Sinclair é uma coisa facílima e primitiva comparativamente com um PC, um Mac ou uma Playstation.
-Aparentemente hoje apenas os grandes cérebros entendem algo de matemática: cientistas da NASA, o governador do Banco de Portugal, os administradores nomeados para empresas públicas, a ministra da educação, o Francisco Louça (porque entende tudo de tudo) e um ou outro professor de matemática a quem nada é perguntado nunca.

-Português é a nossa língua e essa, toda a gente entende que não necessita saber mais acerca dela. É só estar atento a alguns “repórteres no local” que seja em que circunstancias for, enquanto se esforçam por preencher espaço com detalhes inúteis e disparatados (vulgo: “encher chouriços”), vão aproveitando para assassinar a nossa língua com os mais disparatados e imbecis erros de concordância.
-Antigamente existia na disciplina, uma componente a que se chamava ortografia e que aparentemente deixou de interessar. A própria menção da palavra, resulta hoje como um insulto escrito com “k” e penso já a ter visto escrita num jornal de grande tiragem grafada com “h”.
-Mas afinal porque se preocupam tanto os pais com a actual situação do ensino, chegando mesmo a falar em crise? Porque razão criticam tanto tudo e por todos os motivos?
-Atendendo a que a media de pais com filhos no ensino obrigatório tem entre trinta e quarenta e cinco anos, apetece perguntar se no tempo em que o frequentavam passavam a todas as disciplinas? Se não tinham visíveis dificuldades numa ou outra? Se sabiam a tabuada toda ou que Coimbra era a capital do distrito de Viseu? J Seriam todos alunos brilhantes e esforçados?
-As crianças de hoje trabalham tanto como eles trabalhavam, apenas não andam pela rua a jogar futebol e à pancada com os amigos. Actualmente, isso é feito através da Internet em miríades de jogos que os pais adoram oferecer para não os terem a fazer barulho pela casa enquanto eles lá estão.
-O que se passa é que o ensino mudou, os objectos de aprendizagem são diferentes e a metodologia é outra. Muito embora a necessidade de trabalho extra-escola ainda exista para tristeza de muitos.
Por isso caros pais deste país, antes de pensarem em ir à escola dos vossos filhos insultar os professores ou antes de abrirem a boca para dizer disparates vulgares no escritório ou no café, procurem informar-se acerca da prática corrente das escolas de hoje. Falem com os directores de turma e mantenham-se permanentemente informados das dificuldades e progressos dos vossos rebentos. Porque para se ser pai ou mãe não basta trazer os filhos ao mundo e mimá-los ou reprimi-los, há que saber educá-los e deixar que o ensino os ensine.

Entretanto desejo BOA SORTE a todos os intervenientes, que ao que me tem parecido, bem irão necessitar dela.

5 Anos sem palavras




















Em nome de que?

sábado, setembro 09, 2006

Dor



-



-O que é a dor?
-Algo necessário e inevitável?
-Um aviso, uma indicação de algo vai mal, uma mensagem do interior de nós?
-Será a dor sempre algo desagradável?
-Bem…, exceptuando casos específicos de distúrbios comportamentais, a dor é algo que todos procuramos evitar e que dispensamos por ser exactamente aquilo que é: uma sensação dolorosa. Não sei se é inevitável ou necessária e casos existem em que é mitigável.
-Comummente fala-se em dores agudas, dores persistentes, pós-operatórias, distrofia simpática reflexa que é um tipo de dor neuropática, psicogénicas, nevrálgicas e mais uma série de géneros que se podem encontrar em livros de medicina, com causas conhecidas e relativos tratamentos. Mas ao contrário destas, existem outras contra as quais pouco ou nada se pode fazer e que nada têm que ver com as que se sentem no corpo, nem provêm de feridas visíveis. Uma delas, a dor da perda, é uma dolência que nada mitiga ou cicatriza, que apenas o muito tempo abranda mas que nunca desaparece e cuja chaga nunca fecha.
-Cada um de nós tem um modo próprio de a enfrentar, mas invariavelmente o único que sabemos usar é a fuga inconsequente e escusada, pois para um quer que fujamos a dor acompanha-nos empenhadamente e não nos larga. Podemos usar a negação e tentar não pensar na sua razão ou objecto, dedicar os pensamentos todos a outros pensares, mas ela estará sempre ali, esperando todos os momentos de descuido para se tornar mais presente ainda do que antes. Não nos damos quase sempre conta de que nada adiantamos em tentar lutar contra ela, a dor não é a nossa verdadeira inimiga e quase nunca sequer, existe um inimigo real, concreto e nominável.

“O tempo tudo cura” dizem uns, “com o tempo tudo passa” dizem outros.

-Falar é fácil e gratuito, é inglório e só quem não sente a dor que nós sentimos é capaz de falar assim. Para quem sente essas dores reais, os dias claros e ensolarados são dias escuros de inverno chuvoso e todas as horas tem demasiados minutos de intermináveis segundos cada um e todos eles.
-Outra corrente de falsos conselheiros, apregoa que é necessário escutar a dor, saber de onde provem, aprender a sua inevitabilidade e continuar com a vida, porque de um ou outro modo sempre irá estar ali, dentro e presente. Escutar a dor não é mais doloroso do é senti-la, nem o é menos. Saber de onde provem, não evita que doa e conseguir acolhe-la é um cúmulo de sofrimento que apenas é ultrapassado pela tentativa seguinte de o fazer.

-Não sei teorizar nem mais nem melhor acerca da dor e não gosto de o fazer; Mas uma coisa sei com toda a certeza: a dor é profundamente injusta e a injustiça é para mim impossível de aceitar sem uma boa e insuportável dose de raiva e angústia ou com um sincero sorriso. Sei também que perto de algumas dores assim, as dores físicas tornam-se suportáveis. Meras manchas desfocadas, ao fundo, numa realidade também injusta mas quase compreensível e até, se fosse possível trocar, desejável.


Música para hoje: “I Really aAm Such a Fool” EZSpecial

sexta-feira, setembro 08, 2006

Plutão a Planeta













Já que neste país ninguém protesta por nada excepto futebol, deixo uma sugestão de uma boa causa!


Musica para hoje: "L X-Press" David Byrne

terça-feira, setembro 05, 2006

Diálogo IN-Provavel

















-Afinal quem manda mais, o governo ou o partido do governo?
-Depende!
-Depende de quê?
-Depende do partido do Governo!


-Afinal quem manda mais, o José Socrates primeiro-ministro ou o José Socrates secretário geral do PS?
-Mandam ambos igualmente 13 horas por dia!


-Irra! Este governo é mesmo bom!
-Como é que tu sabes?
-Porque o governo decretou que é um governo mesmo bom!


Rui

segunda-feira, setembro 04, 2006

AMORES ACTUAIS



















Muito raramente aqui coloco textos não inéditos, não sei aliás se já o fiz. Ainda assim, quando há dias ouvi estede Miguel Esteves Cardoso numa repetição do programa "A revolta dos pasteis de nata", convenci-me que o devia fazer.

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber.
Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e é mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.
O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática.
O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananiçidas, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra.
O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos.
Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo.
O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. é uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra.
A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina.
O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima.
O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente.
O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessýria. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.
O amor é uma coisa, a vida é outra.
A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz.
Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra.
A vida dura a Vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."


Miguel Esteves Cardoso in "EXPRESSO"

Protocolos e Igualdades












-O ser humano é por definição um ser profundamente contraditório. Tem necessidade para poder viver harmoniosamente em sociedade, de um conjunto de normas que tende a ignorar logo que as suas necessidades pessoais se sobreponham ás necessidades comuns. Necessita de uma ordem pré-estabelecida por que se reja e a que possa criticar ou opor-se a cada passo. Se por um lado possui a tendência de que seja outro a fazer e a decidir por si, quando as decisões e as acções não vão inteiramente de encontro ao que pensa, estão para si indubitavelmente mal feitas e é então que pretende ser ele a fazer e a decidir. -Bom…, se isto pode parecer uma introdução que pode conduzir a uma análise de cariz político ou sociológico, não é disso que vos vou falar hoje. Não vou falar nem de politica, nem de sociologia nem sequer de nada que seja algo minimamente transcendente. -De que pretendo tratar aqui? Quem levanta a mão? Vamos lá a ver então, o senhor aí na última fila.

(o apontado): “Vai falar de subjectividade!”

-Mesmo isso seria ainda assim profundamente subjectivo, mas então podemos começar por aí e subjectivarmos todos em conjunto.
-Uma das palavras possíveis que usaria para me definir seria “anarquista”, apesar de não me considerar anárquico.
-O que quero então eu dizer com isto?
-Não sou favorável à abolição do actual estado de coisas, nem favorável à abolição do estado, do regime ou do sistema. No entanto sou contra, (e este “contra” não significa uma recusa absoluta), contra uma grande parte dos protocolos e formalismos dos comportamentos socialmente aceites.
-A linha é fina e muitas vezes invisível quando se procura separar a hipocrisia e as boas maneiras e muitas vezes nem existe sequer.

(Voz inidentificável) …a hipocrisia é por vezes preferível ao conflito!

-Vejo que os apontamentos do ano passado já estão a correr por aí; Nada a opor! Mas na realidade tudo depende das consequências que possam advir do conflito e essa é a única medida possível. No entanto não desejo ir por aí para já.
-Era então do protocolo que se falava.
-Se vamos a um local, vestimos de uma maneira determinada. Se nos vamos a encontrar com alguém a quem consideramos importante, trataremos essa pessoa com respeito, até por vezes excessivo. No entanto, se lidamos com alguém cujo aspecto nos parece de algum modo desagradável (um Zé ninguém) sentimo-nos com licença de o desrespeitar, de endurecer a voz ou de lhe faltar ao respeito como modo de evidenciarmos a nossa superioridade moral e estética. Vamos a um médico ou a um advogado somos amáveis. Vamos a uma “tasca”, temos o direito de ser crápulas, refilões e exigentes em excesso. Somos atendidos por uma senhora no interior de uma farda de design, somos polidos e educados mas se nos atende alguém de fato-macaco, tratamo-lo de qualquer maneira. Podemos regatear numa feira mas não numa loja de marca.
-As demarcações e classes sociais não são coisa do passado. Somos todos iguais perante a lei, mas os ricos podem pagar melhores advogados que os pobres, melhores médicos, melhores escolas e universidades. Somos todos iguais, mas uns um pouco menos do que outros.
-O que é o protocolo?
-È exactamente o mesmo que a arte. Critérios pessoais que alguém tratou de fazer passar por universais.
-O que é o protocolo?
-Uma deferência que se tem para com aqueles que são nossos iguais ou superiores. No entanto, não se esqueçam jamais que um crápula não é menos crápula se têm ou aparenta ter mais ou menos capacidade financeira ou acesso ao poder.
(…)

sábado, setembro 02, 2006

Manifestações In-provaveis





















O Bloco de Esquerda convocou uma manifestação de apoio para apoiar as manifestações de apoio dos manifestantes que o têm apoiado.

Rui

Envio de Tropas





















"O Presidente concorda com o envio de tropas"

- Qual presidente? O do Gil Vicente? O presidente da Liga ? O da Federação? O da FIFA?
O do Belenenses? O do Leixões?
-Não, é só o Presidente da República!

Rui

sexta-feira, setembro 01, 2006

Diálogo Provável















-Boa tarde, siga aquela medida eficaz e destituída de populismo!
-Qual? Já não vejo uma dessas há muito tempo!

FIM