- “Ele” está aí desde o princípio do mundo. Talvez até seja mais velho do que a mais velha profissão do mundo. Tem sido acarinhado pelos maus políticos, pelos burocratas de carreira, pelos barbeiros, donos de tascos e cafés de aldeia, por alguns blogs e por alguns jornais, rádios e programas de televisão.
-Falo, é fácil de ver, do “disparate público”. Com certeza que já na pré-historia existia e que era aquele que teimava que o fogo e a roda não passavam de disparates inúteis.
-Regra geral distingue-se de todos os outros, por ser aquele que tem sempre uma opinião acerca de tudo: “Eu bem avisei César, que o Coliseu devia ter sido construído na outra ponta de Roma. Agora vou ser comido por leões constipados.”
-O “disparate público” acredita em tudo o que é disparatado e não coloca qualquer objecção a repetir uma asneira que tenha ouvido, mesmo que não faça ideia do que está a falar: “Olha este!? A terra é que o centro, toda a gente sabe isso. O Galileu é mas é maluco!”.
-Outra característica sua é o facto de ser invejoso até à saciedade da estupidez: “Mozart? Ora essa… um garotelho que apenas faz ruídos com os instrumentos. A música antigamente é que era boa!”
-Como aconteceu com muitas coisas boas também o “disparate público” foi afectado e transformado pelas novas tecnologias. Actualmente, não é necessário deslocar-se de taberna em taberna ou de casa em casa das comadres, para espalhar a sua sanha virulenta. Existem mil e um programas em que o mais básico e simplório dos “disparates públicos”, pode ser transmitido e ampliado sob a capa de “opinião”. Mil escrevinhadores de colunas assinadas que não sabendo nada acerca daquilo que escrevem, ainda assim o fazem sem que se distingam das “cartas dos leitores” excepto pelo facto de serem bem pagos.
-Quem não ouviu já afirmações como as que se seguem?
- Os professores só trabalham cinco horas por dia, ganham uma fortuna, têm dois meses e meio de férias e não querem ser avaliados!
- Os funcionários públicos, não fazem nada, ganham bem, têm emprego certo e baixa quando querem.
- Os juízes têm dois meses de férias e só trabalham quando querem. É só vê-los a adiar os julgamentos. Uma balda.
- Os portugueses não querem é trabalhar; Os emigrantes são todos mafiosos; Os políticos são todos corruptos; Os sindicalistas são todos comunistas; Os taxistas, todos uns …
Dedicado com todo o respeito e carinho a quem defende a voz do dono “actual dono” pelo menos.
José Miguel Júdice – Afirmações algures num canal noticioso da televisão por cabo.
2 comentários:
uma bruxa mafiosa, lol, gosto da imagem...
Sim, apoiado, é tudo inveja!
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