domingo, janeiro 06, 2008

Luiz Pacheco













Morreu o Luís Pacheco.

-Com certeza, muita gente falará e escreverá acerca dele e entre todos dirão tudo o que houver para ser dito. Alguns lamentarão, outros hão-de respirar um silvo de alívio por entre dentes e encolherão os ombros para seguir em frente. Eu não o li todo, não lhe conheço detalhes nem minudências; não o conheci em pessoa, nem queria, achá-lo-ia um sacana cínico. O que dele li não me dá autoridade para o definir, nem penso que ele pudesse ser definido por não nada definível, por não ser nada nunca e ser um pouco de quase tudo ao mesmo tempo, confusamente e em profundo desalinho. O Luís Pacheco nunca me “cravou vinte paus”, nunca me chamou “filho da puta” e nem sequer sabia quem eu sou.

-Li dele : "Comunidade", “O caso do sonâmbulo chupista”, “Literatura comestível”, “Surrealismo/ Abjeccionismo” que inclui uma versão curta de “O Teodolito”, “Caca, cuspo & Ramela” que escreveu em parceria com Natália Correia e Manuel de Lima; Li os seus “Textos de guerrilha” e “Textos do Barro”, “Figuras, figurantes e figurões” e li-lhe várias entrevistas em revistas várias e vi um documentário televisivo. Continuo sem saber quem era, como era, o que queria ou se queria alguma coisa. Chamaram-lhe de tudo e ele chamou de tudo a quase toda a gente. Usando o palavrão de modo cirúrgico, umas vezes, ou generalizado quase sempre, Luís Pacheco era o mais “estrambólico” de todas as personagens “estrambólicas” que conheço, mas punha sempre e sem hesitação, “o nome nos bois”.

-Morreu um dos mais improváveis escritores, poetas e tudo de Portugal. Se o quisesse imitar terminaria com um palavrão bombástico. Mas não!

Agradecimentos a:

http://luizpacheco.no.sapo.pt/biografia/default.htm

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