-Estou farto, fartinho ou como se costuma dizer, estou até às pontas dos cabelos de ouvir falar em escutas. De início, ainda pensei que se tratasse de algo ligado ao movimento dos escuteiros ou corpo de escutas como também se lhes chama. Mas depois não me pareceu que o major Valentim ou o senhor Pinto da Costa fizessem parte desse grupo de gente benfazeja ou que andassem a ajudar velhinhas atravessar estradas. Depois falou-se em mais futebol e mais escutas, em Casa Pia e mais escutas, em Ferro Rodrigues e mais escutas, em Correio da Manhã e mais escutas, em envelope numero 69 e mais escutas.
-Das duas uma: ou a nossa bem amada polícia não é capaz de investigar nada sem recorrer quase exclusivamente ás conversas telefónicas dos suspeitos como meio de prova, ou anda por aí algum juiz que desconhece as leis que deveria fazer aplicar e que assina papeis que não lê.
-Desta vez foi o Senhor Procurador-geral da República a colocar o dedo no botão, perdão, na ferida. Segundo ele, existem demasiadas escutas telefónicas em Portugal. Homem de grande sagacidade não será com certeza, mas teve pelo menos a coragem de afirmar publicamente o que à boca-pequena toda a gente dizia e sabia.
-Claro que a classe politica em geral e a governativa em particular, de imediato se multiplicaram em declarações como se estivessem perante algo inaudito. Com certeza que muitos devem ter suado as estopinhas e mudado de cartão e telemóvel.
-Pela parte que me toca, pelo sim, pelo não, agora começo a termino todas as chamadas com um agradecimento especial aos meus escutadores que se lá estiverem gostarão com certeza de ouvir.
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