segunda-feira, julho 23, 2007

LISTAS DE GREVISTAS

OU AS SEMELHANÇAS ENTRE SÓCRATES E O MARQUÊS DE POMBAL





















- Truz-truz!

- Quem é?
- O governo está em casa?
- Se é camarada pode entrar, se é algum problema, saiu agórinha mesmo!
- Humm…
- Que lhe querem?
- Que governe. Está ou não?
- Não. Saiu para a Europa e só volta para as eleições! Mas cuidado que levou debaixo do braço as listas dos que fazem greve.





-Ficamos portanto a saber que o governo não está. Que é inútil apresentar-lhe questões, propostas ou criticas. É inútil enviar-lhas por carta, por pergunta de jornalista, impor-lhas com a força da democracia representativa e plural ou de um varapau de marmeleiro. É nada enviar-lhas em bandeja de prata com rodelinhas de laranja à volta e raminhos de salsa. Não está e pronto.




-O Estado, não interessa se é rico ou pobre, não interessa quanto de fausto apresente, de forças em missão no exterior, de capacidade de acolhimento de refugiados ou de diplomatas. O Estado não dá nada a ninguém porque o Estado não tem nada de seu e tudo o que tem é nosso. O Estado não tem nem pode ter nada, nem bens, nem opiniões, nem ideologias. O Estado tem funções e mais nada.
-Sempre que um Estado enriquece a comunidade empobrece e é roubada, porque ou os seus impostos foram aumentados ou os seus direitos e serviços foram diminuídos. Não pode existir qualquer troca dos cidadãos com o Estado porque o Estado não pode nem deve nunca visar o lucro mas antes o bem-estar dos cidadãos.
-O governo representa o Estado e o Estado é um aparelho, não é uma individualidade e o representante desse aparelho é um governante. Um governante é a mais pequena de todas as coisas que um homem pode ser. Serve apenas para servir e jamais para cultivar a sua personalidade ou para a impor ou para se servir do seu cargo em favor de si ou dos seus.

-O governo Pombalino (e mais tarde o de Salazar), conseguiu através do terror inspirar uma catástrofe que se chama obediência geral e onde existe obediência existe repressão e diminuição de dignidade. Onde existe liberdade não existe jamais obediência e sim acordo. O povo que obedece fá-lo por temor e não por concordância.
-Sebastião José de Carvalho e Mello não passou sem méritos para a história, mas não passou também sem o rótulo de cruel ditador que arrastava atrás de si o Tribunal da Inconfidência e os nomes apontados pela Intendência de Policia.
-Também hoje parece voltar a querer existir o predomínio do Estado sobre o indivíduo, reivindicando o primeiro (o Estado) para si, velhas tiranias autoritárias e todos os direitos que as leis conferem ao Povo. Isto é característico de reformadores em terceira mão, de políticos sem ideias próprias e sem rasgo de talento, carácter ou génio.
-Nesses tempos o Marquês mandava (apenas porque podia) fundar a Real Mesa Censória. Por cá e agora calam-se os discordantes com processos-crime por difamação.
-Nesses tempos, a Intendência de Policia fazia listas de discordantes. Agora e por cá, fazem-nas os serviços públicos e a PSP que fotografa manifestações de trabalhadores.
-Na altura O Marquês de Pombal foi nomeado na sequência de um terramoto. Por cá e agora o terramoto é a própria governação, a perda de direitos, de qualidade de vida, a imposição do autoritarismo e este disfarçado modo de perseguir os discordantes.



-Então, tal como agora, o governante proclamava as benfeitorias por si alcançadas.


-Em 1871, o Marquês de Pombal exclamava: “Agora é que Portugal vai à vela!”; No preciso ano em que James Whatt descobria a aplicação do vapor.

1 comentário:

aquelabruxa disse...

concordo 100%.
o estado faz-me lembrar as histórias de ficção científica sobre inteligência artificial, que é criada para servir o homem e depois vira-se contra ele.