segunda-feira, março 06, 2006

Sampaio e a Casa Rosa









Presidente Ramalho Eanes, “O Carrancudo”

Presidente Mário Soares, “O Viajado”

Presidente Jorge Sampaio, “O Condecorador”


-
Jorge Sampaio termina agora o seu 2º e provavelmente ultimo mandato presidencial; Fá-lo do modo oposto ao modo como o exerceu, isto é: dando, o mais possível nas vistas; esforçando-se por visitar e aparecer em todo o lado e sobretudo, condecorando o maior numero possível de pessoas; umas merecidamente, outras nem por isso.
-Ao fazer este pequeno balanço da acção do ainda Presidente da República, nada de realmente importante me ocorre e esse parece ter sido o traço essencial da sua acção. Herdou, em bom andamento, o processou de passagem de soberania de Macau e a fundação do estado de Timor e em ambos interveio o estritamente necessário para não atrapalhar. Fê-lo no entanto, ainda a tempo de recolher alguns (poucos), louros e aparecer a verter algumas lágrimas; Umas, de saudade antecipada e outras de aparente alegria, coisa em que aliás é honestamente pródigo, que parece agradar ao povo e de onde não vem ao mundo qualquer mal.
-Recordo que no início da sua presidência, foi muitas vezes confrontado com a crítica de possuir um discurso denso e dificilmente compreensível pela maioria dos portugueses e nesse capítulo, fez algumas cedências, libertando-se de expressões rebuscadas e tornando o seu discurso mais fluente, menos emproado e mais perceptível. Recordo também com agrado, algumas intervenções e entrevistas feitas em inglês que qualifico como brilhantes do ponto de vista da oratória politica.
-
Jorge Sampaio ficará no entanto ligado indelevelmente a dois factos durante o seu “Magistério Politico”. O primeiro: o de ambos os seus associados profissionais, terem exercido funções relevantes a nível da justiça: Vera Jardim como ministro da justiça e Castro Caldas como Bastonário da Ordem dos Advogados. O outro facto foi o de ter aberto um precedente, se não perigoso, no mínimo estranho, para não dizer passível de suspeição de intenções na vida politica democrática, ao demitir o primeiro-ministro de um governo com apoio maioritário na AR. Para além disto apenas o facto de ter sido um presidente “generoso” no que diz respeito à atribuição de Ordens Honorificas em todos os graus. Isto, em rápida análise, retira-lhes alguma importância e algum do real significado que devem possuir como facto de real reconhecimento de méritos extraordinário e casos bem discutíveis existiram.
-Ficar-me-á a recordação de um homem emotivo e aparentemente sincero, empenhado e com muitas das características necessárias ao acto de bem-servir exercendo cargos públicos.

Se mais não fosse, resumiria estes dez anos de Portugal e da sua presidência como uma década. Apenas não sei bem como a qualificar, mas não lhe atribuo culpas de maior no que de essencial vai mal por cá.

Fico à espera, como sempre e como todos, de melhor.

Rui

1 comentário:

Alien David Sousa disse...

Se Sampaio vai fica para a história como o "Condecorador" - apesar de se ter esquecido de mim -, será que o Cavaco vai ficar para a história como o Castrador? É só um pensamente, isto sou só eu.