De uma qualquer maneira a vida é como uma vereda que temos que percorrer logo a partir do momento em que nela nos lançamos com o primeiro passo. É nela que fazemos caminho; Por vezes devagar, outras vezes de modo apressado, outras enérgicos e confiantes e outras ainda indolentes e desmotivados. E não deixa de ser interessante notarmos que todos, absolutamente todos, sabemos onde a vereda termina mas ignoramos tudo acerca do que até ao seu final iremos encontrar. O final está lá, vemo-lo de onde estamos nós a cada momento e quando nos voltamos para trás vemos o caminho percorrido mas não mudamos nada dele por não podermos e dizemos que somos nós que não quereríamos mudar ainda que pudéssemos. Todos os tropeções nos deixam na memória marcas, como pó na biqueira dos sapatos; Todas as escorregadelas nos ensinam que tipo de chão devemos evitar pisar. Cada passo é mais lento pelo peso desses receios e dessas experiências anteriores e chamamos idade a esse peso. Por vezes tentamos deitar fora alguma da carga que levamos connosco, libertamo-nos dela e temos a vã sensação de estar mais leves e de progredir melhor e a outro ritmo. Outras vezes encontramos no caminho alguém que nos ensina que podemos, mais do que andar apenas, correr pequenos pedaços saltitando alegres e felizes e fazemos o que resta da jornada ao lado dessa pessoa. Ajudamo-nos em tudo o que podemos, ultrapassamos obstáculos e tristezas e não cessamos de entrelaçar os dias e os passos nos passos e nos dias do outro caminhante.
Mas também existem ocasiões em que é a carga que trazemos, que nos faz caminhar curvados e de cabeça baixa, olhando apenas o chão e a ponta do calçado sujo e gasto. Aí, nem somos capazes de ver a paisagem ou quem connosco caminha, não sentimos mais que o próprio peso; Não ajudamos por não ver e não somos ajudados por não olharmos para ninguém.
Rui
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