sábado, dezembro 06, 2008

BOLAS! ...de Natal

bola de natal - bolas natal

NATAL

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Os enormes pavilhões já se encontram cheios de perus a engordar para o abate que se aproxima.

A gente do costume que percorre sem cessar as ruas da baixa (de todas as baixas) é mais do a do costume. Há gente a olhar as montras de cada loja, uns de mãos nos bolsos a agarrar a carteira ou a esconde-las do frio da época, outro segurando sacos de papel colorido com quase nada dentro.

As confeitarias exibem a sua enorme colecção de doces de ovos, queijadas, bolas de Berlim, eclairs e duchaises com o melhor chantilliy do mundo. O Bolo-rei de mil formas e fórmas, com frutas e sem elas, estragado, quadrado, enrolado, com e sem orifício central e tudo o mais que as modernices trouxeram ao velho bolo natalino. Também há o italiano Panetone. Há o Pão-de-ló que antes era Pascal e que agora se come todo ano, com e sem doce de ovos, com chá e com uma enorme falta dele.

As mercearias mais e menos finas têm tudo à vista para chamar a atenção do cliente potencial: O bacalhau, o litão e o polvo secos; Os queijos da serra, de Niza, de S. Jorge, de Serpa, de Azeitão, o Rabaçal, o de cabra, o flamengo, o de ovelha churra, que das ovelhas é o melhor; Os Brie, Gruyère, Bondon, Camembert, Roquefort. Latas de mil cores com bolachas sortidas embrulhadas em papel de prata. Barras de chocolates e bom-bons de todas as formas, feitios e sabores. Todos requintados, todos “estrangeiros”. Também é possível encontrar, se se quiser, latas de caviar russo e iraniano, foie gras de Estrasburgo, presuntos de Espanha e de York, salmão nórdico e arrenque.

As bebidas enfileiradas nas prateleiras mostram os rótulos dizendo Licor, Aguardente Velha e nova, Cognac, Porto ou Port, wisky, Brandy, Vodka, Gin.. muito gin com e sem água tónica; Gargalos de ouro e prata do Espumante e Champagne, do vinho Tinto e Verde, do Branco e Maduro.

Há os frascos de doces de frutas, de mel, de compotas e geleias; Há marmelada e goiabada, as latas de alperce, pêssego, ananás e cerejas em calda.

Não há porta de prédio sem pinheiro de plástico e não há montra sem Pai Natal ou Happy Christmas.

As lojas de brinquedos exibem as novidades electrónicas, os jogos de todos os desportos e as bonecas que hoje têm casas com cortinados, mesas de maquilhagem, meias de seda, perfumes, escovas e cabelos que mudam de cor. As bonecas têm carros, namorados, ilhas de paraíso e bandas de rock. Antigamente, as bonecas ensinavam as meninas a serem mães, hoje ensinam-nas a serem cocotes.

O Natal é por excelência a altura de mudar de telemóvel e as lojas todas estão cheias de gente a consultar tarifas, prestações suaves e planos de carregamento. Telemóveis para adultos, para jovens, crianças e idosos. Telemóveis com e sem tudo, telemóveis a que apenas falta falar.

Os animais também se vendem: o cachorro para o filho, o gato para a sobrinha a tartaruga e a caturra ou iguana para o amigo exótico e imbecil que não distingue um elefante de uma girafa. Todos com afecto, carinho e uma vida familiar prometida pelo menos às férias de Verão. Depois logo se vê!

Nas ruas… os mesmo ecos e melodias de sempre: o habitual Frank Sinatra, o Coro dos pequenos cantores de qualquer lado, o mesmo Bing Crosby e os Wham dos natais passados. “Last Christmas, I give you my hearth the very next day you give it away…”

Nas ruas os mesmo gritos de compre aqui, compre mais barato, leve dois, compre e vote. Vote em mim que eu é sei! Eu cumpri!... e é mentira!

Depois da meia-noite, os corpos aparecem nos cobertores em vãos de escada como nos 364 dias do costume; Nas portas das lojas, nos abrigos sofríveis do vento gélido novembrista e dezembreiro. Os reformados contam os tostões e tricotam as pegas que hão-de dar de presente aos netos que já não vêm à meses!

O Menino Jesus já não mora aqui. Mudou-se para um T-5 na Foz ou na Lapa com condomínio fechado e segurança 24 horas. Tem um berço com palha anti-alérgica, temperatura controlada e que vibra para maior conforto pessoal. A vaca e o Burrinho são meras projecções holográficas. O S. José está numa reunião do Conselho de Administração do Banco Privado e a Nossa Senhora só chega depois das 20:00 horas por ter relatórios inadiáveis a fazer.

Resta apenas a “Ama” Ucraniana (com curso superior de púericultura e doutoramento em Koisogrado) que de Natal não entende nada mas que adora a criança!

“É a vida!” Já dizia o “outro” de má memória e excelente cargo internacional!

É uma trampa! Digo eu que não gosto de dizer MERDA!

É NATAL dizemos todos!

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