sexta-feira, junho 13, 2008

Conselho de Prevenção da Corrupção











CORRUPÇÃO

Li com atraso de semanas, um inquérito feito a 300 portugueses em que a corrupção é apontada como um dos grandes males nacionais a eliminar.

Fiquei chocado. Então não é que querem acabar com uma das mais importantes tradições culturais lusas?

O clientelismo, a “cunha”, as influências, e o “favorzinho”, são, a par com a “arte do desenrrascanço”, a técnica da lamúria e a alternância súbita entre pessimismo absurdo e optimismo incoerente, algumas das mais arreigadas tradições nacionais.

Estranhei que se não tivessem levantado todas as costumeiras vozes de defesa da tradição. Os que se manifestam, sempre que uma fachada representativa de nenhuma época ou estilo está para ser demolida; Os que confundem património com ruína e inovação com aberração. Incompreensivelmente, desta vez ninguém se encerrou num edifício, ninguém se algemou a grades, não correram abaixo-assinados, não choveram e-mails desesperados nem sms’s e nem sequer houve um “prós e contras”.

Será que está tudo doido ou apenas distraído com o futebol?

Que seria deste pobre país? Que seria dos gestores de empresas públicas e semi-públicas, dos assessores, dos chefes de gabinete, de alguns presidentes de câmara ou de clubes; De muitos empresários, dessa imensidade de juristas especializados em contornar as leis e os prazos, de tantos fiscais, directores de compras e aquisições, de muitos jornalistas e da doutora Maria José Morgado?

Que seria se esta, tão arduamente preservada, tradição se finasse de repente?

Depois… serenei. O tal estudo, sondagem ou inquérito foi feito a apenas 300 pessoas. Tenhamos calma, mais de um terço eram os mesmos deputados do PS que mandaram “às malvas” o relatório da Comissão de Prevenção da Corrupção de João Cravinho e o próprio Cravinho para o desterro doirado e silencioso na Europa.

Ontem, aprovaram um Conselho de Prevenção da Corrupção, mas podia ser uma Comissão ou um chá dançante. Logo hão-de com certeza, chover “cunhas” e pedidos para um “tachito na Comissão”.

Depois dos amigos satisfeitos, tudo há-de continuar do modo do costume e não teremos a recear a perda dessa jóia da tradição nacional. Está nas mãos correctas e nas carteiras também… será preservada com toda a certeza.

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