Futebol Euro 2008 Selecção Nacional
Gosto de Futebol. Mas sem exageros. Tenho um clube favorito. Mas sem exageros.
Se empata, não perco tempo a pensar nisso porque sei que não foram capazes ou suficientemente bons para ganharem. Se perde, perco o mesmo tempo e concluo que ou os outros foram melhores, tiveram mais sorte ou mais capacidade. Nunca penso que tenha sido culpa da arbitragem.
Quanto à Selecção Nacional, qualquer Selecção, a história é outra. Vibro, vivo, salto, esmurro e urro. Um erro vale um epíteto; O árbitro, está sempre de má vontade, persegue-nos, não entende nada de futebol e é filho de mãe incógnita. Os adversários fazem mais faltas do que aquilo que jogam, um corte de bola é falta, um contacto com o nosso jogador é motivo para um cartão amarelo… ou dois e uma rasteira a meio campo é “penálti” óbvio.
Sinto-me tenso uma hora antes do jogo como se fosse eu a entrar em campo e por vezes, dou por mim a fazer “prognósticos” e a falar um “futebolês” quase perfeito sem sotaque de bom senso algum. A cerveja sabe mil vezes melhor, o fumo do cigarro entra-me nos olhos e faz com que fiquem lacrimejantes, quase sempre ao ouvir o hino nacional.
Gosto daquela alegre magia que nos enche quando um jogador dos nossos mete a bola na baliza dos “outros”.
O que eu já não gosto é da informação acessória que as televisões me impingem de manhã à noite e em cada serviço noticioso. Dizem-nos quase tudo acerca de tudo o mexa nas imediações. Quem está, quantos são, o que vestem e de onde são. Não há parvalhona ou parvalhão que não seja entrevistado pelo repórter enviado ao local. Todos têm cachecóis de mil feitios diferentes a dizerem Portugal. Todos se embrulham em bandeiras nacionais que maltratam como se fossem rodilhas de loiça. E quando o “jornalista” esgota a matéria para “encher os chouriços”, lá vêm as criancinhas (tão giras…) que só conhecem o Ronaldo, a dizerem que é o “mais melhor do mundo”!
Entrevista-se o dono do pronto-a-vestir que fica a 20 quilómetros que pôs uma bandeira no manequim; O ti Joaquim que tem (na horta) tomates vermelhos e feijão verde; A dona Miquelina apenas porque sim e o Zé “borrachóla” apenas porque não. Lá aparece o Dr. Fernando Ferreira Faria Fernandes a discursar acerca da importância da aerodinâmica da bola e da consistência do relvado para a “tribéla” (ou trivéla) do …
Entrevistam-se as mulheres dos jogadores, os pais e avós, a primalhada toda e aquele tipo que já o não vê há mais de 10 anos mas que lhe abriu a cabeça com um pontapé durante um jogo da paróquia aos 7 anos.
Entrevista-se o motorista da camioneta, o cozinheiro, o aparador de relva, o director do hotel, a camareira, o mini-bar, o porteiro e por que não a própria porta do hotel?
Depois vêm as ementas, dos jogadores; O que fazem nos tempos livres, se jogam às cartas ou bilhar; Se bebem leite ou sumo, se foi carne ou peixe, massa ou arroz. A que horas acordaram e quando calçaram as chuteiras.
Espero ainda com maior das ansiedades que mais dia, menos dia, fiquemos a saber a que horas arrotou o Simão Sabrosa; quantas vezes vai o Ricardo Carvalho ao WC por noite ou de que cor são os boxers do Nani.