terça-feira, agosto 07, 2007

Diálogos IN-Provaveis























Caso I



-Diálogo IN-PROVAVEL entre dois amigos sendo um deles médico e amigo do outro.

-A acção passa-se no consultório do médico.



-Então, como estás? Vieste de visita ou para uma consulta?


-Nem uma coisa nem outra. Vim para que me declares doido!


-Como?


-Ouviste muito bem! D-O-I-D-O!


-Mas… tu estás maluco ou quê?


-Também pode ser, mas pessoalmente prefiro o termo “doido”. É mais… sonante, mais vulgar, mais reconhecível.


-Mas a que propósito te veio isso à cabeça?


-Precisamente por achar que estou doido e que mereço ser considerado como tal.


-Isso não funciona assim. São precisos exames específicos, análises comportamentais relatórios detalhados, um processo complicado e além disso tu não estás doido!


-E como é que tu sabes que não estou?


-Simples: Uma pessoa fora do seu juízo não admite estar doido, bem antes pelo contrário. Excepto talvez…


-Excepto talvez no caso de estar mesmo muito, muito doido. Como é o caso.


-Ora…, eu conheço-te bem!


-Aí está! Quantas vezes não disseste já, que eu sou meio maluco?

-Aliás todos os meus amigos o dizem de vezes em quando.

-Ora, uma cambada de malucos é o que eles são, aliás, somos.


-Pois, vocês são malucos e eu sou doido!


-Como já te disse, quem não está de posse de todas as suas capacidades mentais ou sofre de uma alteração do seu método habitual de pensar, agir e sentir não admite que se encontra nessa situação e necessita de tratamento.


-Ou seja: se estiver doido, sentir que estou doido, se tiver a certeza de que estou doido e disser que estou doido, sou considerado são. Se estiver são e alguém me considerar doido, sou doido e tratam-me, ainda que contra a minha vontade.

-Não achas que isso é coisa de doidos?

-Mas é assim que as coisas são e é assim que funcionam. Além de que tu não estás doido!


-Achas que não?

-Então que raio levaria um pessoa sã a pedir a um anestesiologista que o declarasse doido em vez de o fazer a um psiquiatra?


Caso II



Diálogo IN-PROVAVEL que poderia ocorrer ao telefone.



-Olá. Como estás?


-Que te interessa isso?


-Gostava de saber que estás bem.


-Depois de meses sem quereres saber nada de mim, sem me ligares o que te pode isso interessar?


-Mas… foste tu que me disseste que não me telefonarias mais e que te não telefonasse.


-Que é que isso tem a ver? Tu é que nunca mais ligaste ou quiseste saber de mim.

(Textos visados e aprovados superiormente)


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