domingo, março 18, 2007

Schiu !!!











-Oiço muitas vezes gente que se queixa da linguagem ofensiva que com frequência aparece em filmes, séries e mesmo no dia a dia, nas ruas das cidades. Geralmente referem-se ao que se chama linguagem profana ou a palavras que por convenção social se consideram “palavras feias”, “asneiras” ou “palavrões”.

-
A mim aquilo que mais me irrita, no entanto, é a constante exibição de ignorância verbal. Não me refiro a sotaques, regionalismos, ou variações de pronúncia. Refiro-me a toda aquela gente que ouvindo uma palavra, não faz qualquer esforço para a repetir correctamente e que não se importa de exibir sempre que essa característica vocabular:

Stander/standard, em vez de Stand.
Assuntar, em vez de sentar.
Ateimar, em vez de teimar.
O comer, em vez de a comida.
Meter, em vez de
“colocar açúcar”, “pôr-se de joelhos”, etc.
Deitar, em vez de votar.
Botar, em vez de pôr.
Tóxico-independente, em vez de toxicodependente
Homem sexual, em vez de homossexual.
Futabol, em vez de futebol.
Cambra em vês de Câmara (Municipal por ex.).
Pólipos maglinos, em vez pólipos malignos.
Hérnia fiscal, em vez de hérnia discal.
Beneficência, em vez de beneficiência.

-Temos também as “muletas” que são termos constantemente repetidos em qualquer frase e que têm por objectivo disfarçar a ignorância cobrindo com expressões que o emissor julga mais “cultas” e que se tornam autênticos tiques de linguagem:
“É assim:…”
“…prontos!”
“…efectivamente…”
“…evidentemente…”
“Pois.”
“De facto…”
“tás a entender?”
“tás a ver?”

-Mas francamente, que o que me tira do sério, me leva aos arames e me deixa totalmente encanitado e furibundo é a constante confusão que jornalistas credenciados fazem continuamente entre “adesão” e “aderência”.
-Temos assim um país em que as pessoas se colam a manifestações, razão pela qual o governo não as leva a sério.

8 comentários:

Alda Serras disse...

Olá, Rui

Fica-te bem esta indignação, gosto de ver defendida a pureza da língua portuguesa. Mas permite-me algumas observações: assentar e ateimar existem e têm significado idêntico a sentar e teimar, embora a primeira também possa significar tomar nota. Toxicodependente não tem acento (e o a da postagem anterior leva acento grave!) E, será dos óculos, ou beneficência e beneficência são iguais!? Os restantes parecem-me confusões naturais de gente simples, quiçá analfabeta, com poucos estudos, pouco habituada a ler, não me parece correcto “gozar” com as suas dificuldades de expressão.

Quanto ao uso de “muletas” e a aderência em vez de adesão, estou plenamente de acordo contigo.

Unknown disse...

Como disse antes, não me refiro a sotaques, regionalismos, ou variações de pronúncia. Não se trata de qualquer defesa da língua portuguesa na sua forma mais pura, já que não penso que exista uma forma mais pura, sobretudo no modo de pronunciar algumas palavras. Refiro-me, isso sim, à preguiça com que muita gente que possuindo cultura suficiente para ler correctamente, adultera aquilo que lê quando o diz. Não é necessário ser ávido leitor de clássicos para ler a palavra STAND sem a pronunciar “STANDER”.
Um outro facto que me irrita de sobremaneira, é o hábito que os canais, ditos regionais, possuem, de transmitirem entrevistas de rua com pessoas que por puro desconhecimento, possuem enormes “carências de linguagem” e o “destaque jocoso” que estas entrevistas/depoimentos merecem por parte das televisões em geral. Veja-se o caso de “Tino de Rãs” ou do “Emplastro”.
Quanto a mim não sou linguista nem é essa a minha área de conhecimento específico. Não me compete por isso, fazer mais do que tentar ser correcto e aprender com os meus e de outros.
Reparados os meus erros, resta-me agradecer a simpática chamada de atenção e afirmar que ao fazê-lo, quebrei a regra de não responder a comentários. Regra que a partir de agora e por ter sido quebrada deixarei de me impor.
O meu obrigado.

Unknown disse...

Onde se lê:"Não me compete por isso, fazer mais do que tentar ser correcto e aprender com os meus e de outros";
Leia-se:"Não me compete por isso, fazer mais do que tentar ser correcto e aprender com os meus erros e com os de outros".

Miss Alcor disse...

Só para não te aborrecer muito, deixo aqui umas giras que de certeza que vais gostar:

-erne (ao invés de hérnia)
-renumeração (remuneração)
-Luta contra a Lerpa (sim, aquele jogo muito conhecido...not! Em vez de Lepra!!!)

Agora não me lembro de mais, mas eu vivo na freguesia das "pérolas" do português e portanto de certeza que ainda vou apanhar mais algumas!

Unknown disse...

Tenho pena não ter tomado notas de algumas que tenho "ouvisto". Seriam agora memoráveis.

Alda Serras disse...

Olá, desculpa voltar a aborrecer-te mas dá uma olhadela a isto:
http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx

E "assuntar"?! Assunta-te nesta cadeira?!

Alien David Sousa disse...

Rui, compreendo. Claro que sim. Mas não te esqueças que vives num pais aonde a taxa de analfabetos bate no tecto cai no chão e volta a bater no tecto.
Quanto aos jornalistas nada a dizer.
Bjs alienígenas

Anabela disse...

Ora, por mim, o "hades" ao invés de "hás-de" faz-me sangrar os ouvidos... E mais não digo, porque concordo com tudo isso que foi apontado por ti.