“Os cães vivem conosco no nosso mundo segundo as nossas regras. Os gatos vivem conosco no nosso mundo segundo as suas regras e permitem que nós façamos parte do seu mundo por vezes”.
O Sindrome de Asperger é algo verdadeiramente dificil de explicar e como tal não admira que muitos educadores, médicos (pediatras inclusivamente) e até mesmo psicólogos apenas tenham lido dois ou três paragrafos num qualquer manual durante a sua formação académica ou conheçam apenas a “designação genérica” através de acções de formação em que o tema é abordado sucinta e superficialmente na grande maioria das vezes.
No entanto, todos nós (sem excepção, ainda que não nos tenhamos dado conta disso) tivevemos ao longo da vida multiplos conhecimentos de pessoas com SA e não nos demos conta de tal.
O termo "síndrome de Asperger" foi utilizado pela primeira vez por Lorna Wing em 1981 num jornal médico, que pretendia desta forma homenagear Hans Asperger, cujo trabalho não foi reconhecido internacionalmente até à década de 90. O síndrome foi reconhecida pela primeira vez no Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais, na sua quarta edição, em 1994 (DSM-IV).
Históricamente e em traços muito gerais foi Hans Asperger, um pediatra austriaco, quem publicou (em 1944) um artigo numa revista de psiquiatria e neurologia alemã em que descrevia um grupo de crianças com caracteristicas que sendo similares a algumas outras do espectro do autismo possuiam entre si caracteristicas que as distinguiam deste mesmo espectro. Caracteristicas que nunca havia anteriormente observado.
Na década de 90 prevaleceu a ideia de que se tratava de uma variedade do autismo e um transtorno generalizado do desenvolvimento. Actualmente considera-se um sub-grupo dentro do espectro autista possuindo critérios próprios de diagnóstico e sendo muito mais comum do que o autismo clássico.
As crianças/individuos com SA são socialmente estranhos, ingénuos, emocionalmente desligados dos que os rodeiam parecendo viver num mundo à parte.
Embora em alguns casos haja atraso na aquisição da linguagem, possuem uma boa gramática e um vocabulário extenso; um discurso fluído, literal e mesmo pedante, muitas vezes usado em monólogos.
Possuem uma fraca comunicação não verbal e por vezes uma entoação monótona e peculiar.
Têm interesses circunscritos a temas especificos (p. ex: dinossauros, locomotivas, series de tv) tornando-se “especialistas” nestes temas e insistindo a “despropósito” em falar acerca deles.
Ainda que a maioria possua inteligência mediana ou superior à media apresentam dificuladade em aprender tarefas escolares convencionais.
A coordenação motora é frequentemente pobre, embora alguns se possam destacar em áreas dos seus interesses “especiais” (por exemplo: tocar um instrumento musical).
Muitas vezes são rejeitados pelos seus pares dada a sua incapacidade de interpretar segundos sentidos, de mentir e interpretar “expressões faciais ou de fantasiar o que faz com que frequentemente padeçam de depressão.
Alguns estudiosos afirmam que grandes personalidades da História possuíam fortes traços da síndrome de Asperger, como os físicos Isaac Newton e Albert Einstein, o compositor Mozart, os filósofos Sócrates e Wittgenstein, o naturalista Charles Darwin, o pintor renascentista Miguel Angelo, os cineastas Stanley Kubrick e Andy Warhol e o xadrezista Bobby Fischer.
… Não existe no autismo absolutamente nada que seja “suave”. Asperger é uma desordem neurobiológica que afecta profundamente a vida e as actividades sociais mais básicas dos seus portadores. As pessoas com SA lutam tremendamente para conseguirem ultrapassar as suas limitações e os seus deficits. Tem muito mais para aprender do que os outros. Tem que trabalhar para aprender o que os outros aprendem intuitivamente.
Quando chega à nossa vida uma pessoa assim a nossa vida muda, aprendemos mais, tornamo-nos mais sábios porque aprendemos mais acerca de algo que ignorávamos em absoluto. No meu caso aprendi, com a sua “chegada”, que é possível amar uma diferença.
4 comentários:
Obrigada, por mais uma vez me fazeres reflectir sobre o Síndrome de Asperger. Concordo inteiramente contigo quando dizes "é possível amar uma diferença". O preconceito das pessoas em relação ao que não conhecem, por vezes impede-as de verem e gozarem a felicidade que a diferença pode trazer. Privar com pessoas com o síndrome de Asperger, faz-nos tomar consciência das nossas próprias limitações, faz-nos reflectir sobre o nosso projecto pessoal de vida, sobre a nossa capacidade de realizarmos e atingirmos os nossos objectivos pessoais e sociais. Acredito que só nos podemos amar e só nos poderemos sentir amadas quando aceitarmos as diferenças que existem em nós e nos outros. Seria bom valorizarmos apenas aquilo que é realmente importante!...
Manuela Barroso
Que lindo texto...
Beijocas,
Beta André, mãe do Guga
Descobri a 1 mes que meu filho de 3 anos tem SA, procurando explicações na internert achei o seu video que com palavras simples e carinhosas resume o que ter esse transtorno.
Gostaria de receber mais informações sobre o assunto.
Paula
Paula: Estarei ao seu dispor para partilhar toda a informação que tenho vindo a acumular! Não tenho no entanto modo de entrar em contacto consigo. Se procurar o meu e-mail terei muito gosto.
Enviar um comentário