terça-feira, fevereiro 09, 2010

Provérbios Populares e Sabedoria Popular

In-Provavel proverbios populares

Sempre tive a convicção de que a “sabedoria popular” dos provérbios é uma espécie de pronto-a-vestir da sabedoria. Basta dar alguma atenção ao POVO que reclama a sua autoria e que nunca passa além do estatuto de miserável ou remediado. O mesmíssimo POVO que a cada passo demonstra um aprofunda e absurda ignorância acerca dos seus direitos mantendo-se quedo e mudo ao ser ignorado, pontapeado, enganado, pisado e aviltado.

Os provérbios populares, aquilo que de mais comum têm com o Povo é o facto de serem usados quando convém, sempre que tal é necessário e imediatamente esquecidos logo a seguir. Retorcem-lhes o sentido, o significado e a oportunidade de aplicação e aplicam-se sempre, para tentar obter razão onde ela não existe.

Servem para quase todo o tipo de argumentação.

Parecem-se com as palavras de ordem das manifs a quem a tradição (de novo popular) atribuiu um valor mais duradoiro mas igualmente inútil e frequentemente contraditório.

Parece existir a ideia vincada de que os provérbios vão bem com discursos apelativos e que conferem a razão ou as qualidades populares que os que querem fazer-se passar por “povo” e por “sabedores” necessitam para continuar a enganar. Não há politico, candidato ou oportunista que os não inclua no discurso ou que lhes resista.

-Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem eles são.

-Diz-me como te chamas, dir-te-ei quem tu és.

-Mais vale a amêndoa do que o cianeto.

-Quem tem telhados de vidro é visto pelo vizinho.

-Nem tudo o que luz é da EDP ou do Benfica.

-Para mau entendedor, duas palavras não bastam.

-Tempestade no mar, pescadores na merda. (Miguél Unamuno)

-Milhão a milhão devia o banqueiro estar na prisão.

-Mais vale uma operação em Cuba do que duas em lista de espera.

-Azar ao jogo, azar ao amor… irra que é do pior!

-A cavalo dado, vende-se logo.

-Deitar tarde e cedo erguer, dá cansaço e faz adormecer.

-Quem feio ama, precisa de óculos.

-Os homens não se medem aos palmos, é em centímetros.

-Mais vale uma mão inchada do que uma enxada na mão.

-Chuva em Novembro, Natal em Dezembro.

-Casa onde não há pão, todos pedem empréstimos até mais não!

-Enquanto o pau vai e vem, doem as costas.

-Em casa de carpinteiro, espeto de ferro.

-Nunca peças a quem pediu, nunca votes em quem já te mentiu!

7 comentários:

Teresa Diniz disse...

Rui
Obrigada pela sua visita e pelo seu comentário, que me comoveu. Também hei-de voltar aqui. Adorei os provérbios improváveis.

Helena Teixeira disse...

Lolol...ai o Rui continua igual a si próprio. Inprovável e imperdível :)
Esses provérbios estão porreiros,vou passar a usá-los :)

Jocas
Lena

P.S.: a blogagem de Fevereiro começa amanha na Aldeia.Vamos lá ver quem tem textos porreiros ;)

Pólo Norte disse...

Adoro o chuva em Novembro, Natal em Dezembro! A-do-ro!

Cinderela disse...

Bem visto, sim senhora. Mas eu cá não sou de negar a sabedoria empírica dos nossos ancestrais :)

jo disse...

O teu cepticismo é muito semelhante ao meu, mas quando aparece um belo dia de sol acho que ainda conseguiremos dar uma volta a toda a podridão que grassa pelo Mundo. Enfim, lá bem no fundo ainda tenho alguma (pequenina) esperança que algumas boas modificações possam ocorrer, mas será?
Abraços

Júlia Galego disse...

Muito boas as novas versões dos provérbios. É claro que, nalguns casos, são mais prováveis do que os tradicionais. Não é isto uma contradição no seu In-Provável blogue?
Cumprimentos

Luisa disse...

Fico-me pelo último ditado: como todos mentem nunca mais votarei...