HERMITAGE
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A 20 de Maio de 2005, em S. Petersburgo foi abordada a hipótese de vir a ser instalada em Lisboa uma exposição acerca da Arte Russa ao longo de vários séculos. Então, a então ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, em conversa telefónica com o Diário de Noticias, declarava plena de orgulho:
"O Museu Russo interessou-nos especialmente. Tem uma grande experiência em rede de museus, uma realidade que queremos implantar em Portugal. Ficou combinado que se deslocarão à Rússia peritos portugueses para protocolos de cooperação."
"…colmatar o facto de a colecção museológica portuguesa ser excessivamente nacional e 'pobre' do ponto de vista internacional"."O Museu Russo interessou-nos especialmente. Tem uma grande experiência em rede de museus, uma realidade que queremos implantar em Portugal.”
Em 2007 com a inauguração da que deveria ter sido a primeira de três exposições preparatórias (“Tesouros do Museu Hermitage”) de novo o assunto veio, pomposamente à baila. Tal facto nunca deixou de espantar absolutamente, pelo simples facto de conhecer a difícil situação de uma das três delegações do Hermitage: a de Londres. Esta, desde à muito que se debatia com problemas orçamentais pois que o Hermitage em quase nada suporta ou ajuda a suportar as suas delegações extra-russas (Amesterdão, Las Vegas e Londres).
A ministra mudou (foi mudada) mas a política cultural continuou incerta e a navegar como os ventos queriam que ela navegasse e ao sabor das ocasiões e oportunidades do marketing político. Continuaram as demissões dos responsáveis e as renomiações, transferências e trapalhadas habituais.
Na altura da visita de Putin, de novo: céu, terra e mares estremeceram com anúncio da possível delegação do museu. Telejornais, jornais e revistas apareceram cheias de fotos de Putin e do Hermitage; de Sócrates de Putin e do Hermitage. Que belas as relações Luso-Russas eram. Chegou mesmo a ser insinuado que tal vitória cultural se devia exclusivamente à extrema consideração do “homem de ferro” pelo “menino de oiro”.
O encerramento da “filial” de Londres foi mantido, tanto quanto possível, em silêncio e por cá o Hermitage era a única conquista visível no nosso panorama museológico.
Na semana passada, veio a público a intenção da Direcção da rede dos Museus Hermitage de denunciar os protocolos estabelecidos e de não prosseguir com a hipótese (que foi apenas aquilo de que sempre se tratou) de instalar em Portugal uma filial da “mercearia de arte” russa que é o Hermitage, em cuja posse se encontram muitas obras, cuja proveniência não é nem discutida nem sequer passível de o ser.
O que vai acontecer é que quem possa ter pensado que ia ver em Lisboa um “Museu Hermitage”, ainda o poderá fazer desde que devidamente munido de um “canudo”.
Expressão popular: “Ver por um canudo!”
1 comentário:
Com os russos não se deve brincar!!!
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