domingo, dezembro 02, 2007

Fábula do Burro da Governação Nacional









A triste história do burro da Governação Nacional

-O pacato burrico da governação andou alguns anos a ermo. Ora pastando erva nos prados da paixão pela educação, ora roendo um cardo nascido na economia europeia. Apenas o dirigia com os tacões o Senhor António, engenheiro de fraca vontade e mais dotado para a caridade do que para a governação. Mas houve um dia em que desgostoso, o Senhor António o abandonou junto daquilo que ele achava ser um pântano e onde até então chafurdara alegremente. O pobre do asno por ali ficou, olhando os sapos que lhe pareciam, tal e qual, o Senhor António. Até que o Sr. José Manuel o encontrou e o tomou pela arreata, levando-o a comer cevada europeia para melhor o montar. Mas também não durou muito em cima dele este Senhor José Manuel. Depressa se viu convidado para comer ele mesmo a tal cevada e como estava com pressa, deixou o onagro a um amigo de longa data o Senhor Santana. A pobre besta de carga, fosse por estar farto de que o abandonassem, fosse por dar ouvidos a tudo o que do Senhor Santana se dizia, quase nem o deixou aquecer a sela e atirou com ele às areias do deserto que o homem haveria de atravessar a sós.

-Depois é que foram elas. Para azar da bestinha foi um outro engenheiro (ou mais ou menos engenheiro) quem o encontrou e o montou. Prometera à cavalgadura mundos e fundos, mas mal se viu nele montado, tratou logo de se fazer esquecido das promessas e indo-se aos alforges que os outros lhe haviam deixado, sacou de lá o ensino e a saúde; depois foi a vez da justiça, da administração pública, das portagens, das taxas, do emprego e de muita outra coisa… O pobre animal bem queria protestar mas levava com a chibata da GNR, com processos por difamação ou, outras vezes com longos e densos discursos acerca de reformas necessárias e de politicas económicas disfarçadas de politicas sociais. O Burriquito era mostrado aos dignitários dos outros países europeus, a alguns da América do sul e a todos os dos países de africanos. O senhor José queria acima de tudo, dar do burriquinho uma imagem de saúde e de pêlo brilhante mas o animal debilitava a cada dia e a cada dia mais se fartava de que brilhassem à sua custa, enquanto ele cada vez vivia pior.


-Nota do autor: Aguardo um dia, que desejo venha brevemente, em que possa terminar esta fábula ou história, com um valente par de coices do burrinho nas queixadas e costelas de quem o monta.
-Pela parte que me diz respeito, já hoje o faria com o mais dos prazeres e alegrias mas temos de aguardar para ver.
-Enquanto isso não acontece, tiremos as palas dos olhos, recusemos a chibata e a palha apodrecida e toca a usar do cérebro que não está lá apenas para nada.

“Todo o burro come palha; é preciso é saber dar-lha!”

Sem comentários: