domingo, agosto 25, 2013

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eu que nunca escrevo e destesto poesia /

still ZIPPO after all these years.

(Yur Adelev)


Um que fugiu da guerra colonial para o exílio para viver num hotel.
Um outro que escrevia poemas contra a ditadura em toalhas de bordel.

Um que era louco e agora é bipolar,
vive entre cargos políticos, administrações de bancos, jura ajudar paralíticos
e continuar a lutar.

A que dizia que nunca iria casar e vai no terceiro marido.
O que era anarquista e lidera um pequeno partido.
O que era seminarista e casou com a sogra.
O que ia mudar o mundo e trafica droga.
A grande revolucionária que é dona de uma boutique.
O que queria libertar os pretos e tem empresas em Moçambique.

O que ia ser desportista e é fotografo numa revista.

O que era de esquerda e milita numa milícia.
O que ia ser advogado e é policia.
O que era baterista e vende seguros.
O grande moralista que agora empresta a juros...

Restamos apenas nós os dois,
aqui neste café a relembrar as lutas e barricadas,
as trapalhadas… de viagem, as festas de garagem.
O mundo deve-nos quase tudo e nós não lhe devemos nada,
outro brinde e mais uma rodada.
As lutas contra o mal, as antigas namoradas e seus pais
como desconhecíamos então o perigo.
A seguir onde é que tu vais?
Um… um dia! E daquela vez em que nós…
Vamos pagar e sair que no café já estamos sós.

Nunca deixámos que passasse o inimigo…éramos uns heróis.
Heróis meu amigo? Mas ninguém te informou?
Pôrra Pá, foi o inimigo quem ganhou!


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