sexta-feira, março 08, 2013

Dia Internacional da Mulher - História de mulheres

























Uma lei irlandesa do ano 697 proíbe as mulheres de serem soldados — o que significa que, antes disso, as mulheres de facto foram soldados. Como exemplo de povos que, em diferentes momentos da história, tiveram mulheres soldados, podemos mencionar, entre outros, os árabes, os berberes, os curdos, os rajput, os chineses, os filipinos, os maoris, os papuas, os aborígenes australianos, os micronésios e os índios americanos.

  São abundantes as lendas de guerreiras temíveis na Grécia antiga. Essas histórias falam de mulheres treinadas desde a infância na arte da guerra, no manejo das armas e nas privações físicas. Viviam separadas dos homens e iam para a guerra com seus próprios regimentos. São abundantes nessas histórias passagens indicando que elas venciam os homens nos campos de batalha. Na literatura grega, as amazonas são mencionadas, por exemplo, na llíada de Homero, narrativa que data de aproximadamente sete séculos antes de Cristo.
  É também aos gregos que devemos o termo "amazonas". A palavra significa, literalmente, "sem peito". A explicação que costuma ser difundida é que elas praticariam a ablação do seio direito para melhor estenderem o arco. Embora dois dos mais importantes médicos gregos da história, Hipócrates e Galiano, concordem que tal operação de facto aumentava a capacidade de manejo das armas, não se sabe ao certo se ela era mesmo praticada. Oculta-se aí um ponto de interrogação linguístico — não é certo que o prefixo "a" de "amazona" signifique de fato "sem", e foi sugerido que significaria justamente o contrário — de que a amazona era uma mulher com seios particularmente volumosos. Não existe nenhum exemplo, em museu algum, de uma imagem, amuleto ou estátua representando uma mulher desprovida do seio direito, e, fosse a lenda verídica, esse deveria ter sido um tema frequente.

O historiador Diodoro da Sicília, do século I antes de Cristo (que alguns historiadores consideram uma fonte pouco confiável), conta sobre as amazonas da Líbia, que naquela época abrangia do Norte da África ao Oeste do Egito. Esse império de amazonas era uma ginecocracia, ou seja, somente às mulheres era permitido exercer funções oficiais, inclusive as militares. Reza a lenda que o país era governado por uma rainha, Myrina, que com trinta mil mulheres na infantaria e três mil cavaleiras atravessou o Egito, a Síria, até o mar Egeu, impondo uma série de derrotas a exércitos masculinos pelo caminho. Quando a rainha Myrina foi por fim vencida, o seu exército dispersou-se.
O exército de Myrina, porém, deixou marcas na região.
As mulheres da Anatólia pegaram em armas para debelar uma invasão do Cáucaso depois dos soldados (homens) terem sido aniquilados num imenso genocídio. Essas mulheres eram treinadas em todo tipo de armas, incluindo o arco, a espada, o machado de guerra e a lança. Copiaram dos gregos as cotas de malha de bronze e as armaduras.
Recusavam o casamento, que consideravam uma sujeição. Para fins de procriação, eram decretados feriados, durante os quais elas praticavam o coito com homens anónimos escolhidos ao acaso nas aldeias das redondezas. Só tinha o direito de abandonar a virgindade a mulher que houvesse matado um homem em combate.

Apesar da farta colectânea de lendas sobre as amazonas da Grécia antiga, América do Sul, África e outras regiões, só existe um exemplo histórico comprovado de mulheres guerreiras. Trata-se do exército feminino dos Fons, uma etnia do Daomé, na África ocidental, país hoje rebaptizado de Benim.
     Essas mulheres guerreiras nunca são mencionadas na história militar oficial, não foi rodado nenhum filme em que elas sejam as heroínas e actualmente elas só existem, quando muito, em notas históricas de rodapé. Uma única obra científica foi escrita sobre essas mulheres, Amazons of Black Sparta, do historiador Stanley B. Alpern (Hurst & Co Ltd, Londres, 1998). Era, contudo, um exército capaz de lutar, entre as várias forças que ameaçavam seu país, contra qualquer exército de elite de soldados homens da época.
Não se sabe quando o exército feminino dos Fons foi constituído, mas algumas fontes situam o fato no século XVII. Esse exército surgiu originalmente como uma guarda real, porém, foi crescendo até se tornar um efetivo militar de seis mil soldados com status quase divino. Sua função não era nem um pouco decorativa.
Durante mais de dois séculos, elas foram a unidade de elite dos Fons contra a invasão dos colonos europeus. Eram temidas pelo exército francês, vencido em diversas batalhas O exército feminino só foi derrotado em 1892, depois que a França mandou vir por navio o reforço de tropas melhor equipadas, com artilharia, soldados da Legião Estrangeira e um regimento de infantaria da Marinha e de Cavalaria.
Ignora-se quantas guerreiras caíram nessa batalha. As sobreviventes mantiveram uma guerrilha por vários anos, e até meados dos anos 1940 veteranas desse exército ainda estavam vivas, deixando-se entrevistar e fotografar.

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