O “ARROTO” é mais do que apenas um som cavo que surge das entranhas humanas mais afastadas do cérebro.
O “ARROTO” não lê e não é informado porque não quer; ouve telejornais mas não entende o que ouve por não esforçar o neurónio solitário com mais do que telenovelas, futebol e revistas sopeiras.
O “ARROTO” não lê porque ler dá trabalho e diz que ler faz mal à vista se não for jornal desportivo (leia-se futebolístico).
O “ARROTO” tem olhos mas apenas olha, não vê! Tem ouvidos mas é surdo à razão, ao conhecimento, à lógica e ao pensamento mais básico.
O “ARROTO” tem boca… tem sobretudo boca, tem practicamente apenas boca. É por ela que lhe sai tudo aquilo a que teima em chamar opinião sem saber que as opiniões necessitam de algum pensamento prévio, reflexão (ainda que mínima) e alguma justificação lógica para não serem irracionais e idiotas e não fazerem idiota quem as emite.
O “ARROTO” não fala, arrota e incomoda com os barulhos que a sua bocarra faz. O seu raciocínio tem mau hálito e as suas ideias têm bolor… ou teriam se tivesse quer raciocínio quer ideias.
O “ARROTO” repete o que ouve sem pensar porque não sabe pensar e não quer aprender mas não porque não possa. Repete o que ouve e o que julga ter ouvido e de todas as vezes repete mal. Se não entende as palavras repete-as ainda assim, ou inventa e adultera o que julga ter ouvido a outros “arrotos” de quem é “amigo”!
O “ARROTO” não faz perguntas faz afirmações e se pergunta é apenas para ter a certeza que tem razão.
O “ARROTO” não sabe nada de nada acerca de coisa alguma mas acha-se capaz de arrotar em qualquer ocasião sobre qualquer tema quer tenha quem o oiça quer não.
O “ARROTO” é inoportuno, boçal, estúpido como um portão de quinta* mas nunca é ausente o que seria a sua única qualidade.
O “Arroto” tem sempre razão e está em todo o lado apenas à espera que o deixem arrotar e aí… ai de quem tentar impedi-lo: a fúria do arroto é ruidosa, escandalosa, popularucha de “pé sem chinela” e mal criada.
Estes são alguns dos imensos arrotos que tenho coleccionado ao longo da minha vida e de que não consigo livrar-me por muito que tente e que deseje esquecer que existem e me aguardam lá fora nos taxis, metro e autocarros, nos passeios, nos programas com participação de ouvintes e por vezes (raramente) à mesma mesa de café em que me sento.
* Tenho o maior respeito e consideração por portões de quinta e no que diz respeito a compara-los com “Arrotos” estou em crer que prefiro um monólogo com um portão destes do que qualquer diálogo (se tal fosse possível) com um “Arroto”.
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