Esclarecimento prévio: Não estou pessoal ou profissionalmente ligado a esta "guerra". No entanto, fico preocupado com os disparates que desde há muitos anos se fazem com o nosso sistema de ensino, com os sucessivos erros que se cometem, com a arrogancia com que é tratada toda uma classe e com a evidente demagogia com que se abordam as alterações do ensino. Isto já hoje tem consequencias funestas e as futuras com certeza serão mais graves ainda.
-Não discuto a necessidade da avaliação do desempenho de qualquer classe profissional, obviamente não discuto essa necessidade na classe dos professores.
-Não discuto a necessidade e premência do envolvimento dos pais e encarregados de educação no processo educativo dos seus filhos.
Não contesto a absoluta necessidade de mudar aquilo, e é muito, que está mal no sistema de ensino nacional
-Parece-me pois incrível que com todas as carências que o sistema de ensino possui, se comece por colocar em causa a dignidade de quem nele mais anos sofre. Haveria sim que de uma vez por todas, responsabilizar os pais para o papel que lhes cabe enquanto verdadeiros educadores e deixar o ensino para os professores. Cada vez mais os pais e as suas associações parecem pretender demitir-se deste papel confundindo educação com ensino que sendo duas vertentes do desenvolvimento pessoal, têm no entanto agentes bem diferenciados; No caso da educação, o papel cabe aos pais e não é aceitável que de algum modo dele se desresponsabilizem, ou que invoquem razões de cariz ocupacional, cultural ou outro, para que o deleguem nos professores a quem está reservado o papel de ensinar e que nele se devem concentrar. Não é possível esperar que os professores despendam com um aluno, que por incompetência, incúria ou desconhecimento familiar, não possui os mais básicos rudimentos de comportamento, o tempo que deveriam despender a ensinar a toda uma turma, matéria lectiva. Esta é no entanto, uma muito real e vulgaríssima situação, e dela resulta um generalizado prejuízo para todos os alunos e para a prática do ensino, para além de incontáveis situações de extrema e grave indisciplina escolar.
-Recordo-me bem, que quando no passado alguém sugeriu uma maior responsabilização dos pais para com os actos cometidos pelos filhos em ambiente escolar; Então, todo um coro de vozes de associações de pais se levantou em uníssono protesto. Tal atitude, na altura pareceu-me uma tentativa de desresponsabilização ou ainda pior, uma recusa em assumir a responsabilidade que é naturalmente a responsabilidade de ser pai. Interessante, é que logo após os primeiros rumores acerca da introdução da tal “Avaliação” de professores pelos encarregados de educação, apareceu na televisão um senhor façanhudo, afirmando do alto da sua iniquidade e em nome de uma ou de todas as associações de pais, que hoje em dia os pais são pessoas evoluídas e capazes e que existem pais médicos, engenheiros, advogados perfeitamente habilitados (apalavra é minha), para fazerem a dita “avaliação” . Ora aqui uma de duas: ou é necessário ter habilitação superior e isso eliminaria os pais, pedreiros, operários, sapateiros e empregados comerciais entre muitos outros, ou o referido senhor é um oportunista, demagogo, ressabiado e um mau representante dos pais deste país.
-Se realmente a Sr.ª Ministra quer melhorar algo no sistema de ensino deveria começar por reduzir o número de alunos por turma e não por tomar medidas avulsas como a de contratar professores suplementares de Matemática. Assim seria possível que as aulas funcionassem talvez não idealmente mas pelo menos melhor. Será que a senhora julga que o problema é apenas com o ensino da matemática? Será que a senhora realmente conhece a pasta que governa?
Rui
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