segunda-feira, agosto 28, 2006

Ressaca











-A minha cabeça lateja como a pele de um tambor. Mas isso nem sequer me interessa, todo o gin é justificado, seja com ou sem agua tónica. Ah… bolas lá para o estilo, isto sim é uma ressaca.
-Bem podia haver quem mandasse calar este parvo palrador ou quem sabe dar-lhe um tiro; Não, tiros não, já chegam os do Iraque.
-Todo este discurso vago e pretensamente filosófico me enterra ainda mais no sono e no alheamento. Será que a filosofia toda caberia no meu último copo de gin? Em todo o caso agora bebia um litro de água.

Será que sou só eu, quem não está a ligar absolutamente nada ao que este insuflado génio está para ali a prégar às moscas? Aposto que aquele ali logo à frente, a rabiscar, também não está cá ou se estiver, está com o mesmo interesse que eu.

-Caramba, ainda falta meia hora, por vezes o tempo é mesmo um mistério cruel.

-Eu já sabia que iria ser assim, aliás eu já sabia desde o início que iria ser assim. Há tantas coisas que sei e a que desprezo a utilidade, e tantas que não sei e que acho úteis. Há tanta coisa que queria. Queria escrever como o Mário Cláudio, queria desenhar como o Alex Raimond, queria compor como o Rodrigo Leão, jogar futebol como o Figo, queria ter e ser de ...

-Acho que me vou embora, estou farto de estar aqui a secar…
-Nestas alturas, dá-me uma inveja de quem se preocupa filosoficamente. Queria estar mais integrado na contemporaneidade em vez de ter esta existência caótica e este amargor seco na boca.

Quem será mais estúpido aqui? O fala-barato pomposo ali no palco, quem não o entende, quem finge entender ou quem o compreende realmente?
-O Plano Regional de Ordenamento do Território do Norte (PROT - Norte) é mesmo fantástico. Como pude eu viver tanto tempo sem que existisse o PROT? Como é boa esta nostalgia saudável que o PROT possui, arre!

-Entretanto vou escrevendo, sempre me faz parecer interessado e tenho ainda muitas paginas em branco. Entretanto recordo outras conferências, outros lugares, outros temas e companhia bem mais interessante do que o “mostrêngo” aqui ao lado; recordo uma em especial… com música de harpa ao fundo.

-Ah, ainda um dia vou entender porque guardo todos os papéis que me dão, ainda que inúteis; Quase nunca os releio nem analiso.
-Bolas, tenho o atacador desapertado…
-Olha, terminou finalmente.
-Café, café, café e agua, muita agua!
-Tenho saudade, agora que me deixei pensar, fiquei ainda com mais saudade.

-Boa tarde, quero um gin-tónico, sem gelo se faz favor!

Rui

sexta-feira, agosto 25, 2006

ONU (Ó NU!!)












-A ONU não vale nada. Representa cada vez menos, tem cada vez menos poder e menos capacidade de manobra. Não tem peso político, não tem força militar ou outra, é manipulada pelos interesses dos países membros permanentes do Conselho de Segurança. Não evita conflitos nem os previne, não evita crimes contra a humanidade e nem sequer os pune.
-Recentemente no caso do Líbano, veio tentar impor um cessar-fogo entre uma organização terrorista e um estado soberano que ela própria reconhece; Sendo que os repetidos ataques terroristas a partir do que deveria ser um país soberano nunca incomodaram a dita ONU. Também nunca foi causa de preocupação o facto de um país com presença de forças da própria organização, ter todo o seu sul dominado por grupos violentos que não reconhecem aquilo que ela própria reconhece e que desencadeiam ataques cobardes a partir desse território de ninguém onde tropas de boina azul se dizem observadores. Realmente, tudo aquilo que fazem é observar.

-A futura força da ONU no Líbano já começa mal. Aparentemente a França com a sua costumeiro chauvinismo, irá comandar, a Itália irá participar mas ninguém sabe por quanto tempo, a Alemanha também, apesar das dificuldades politicas poderá enviar tropas, Portugal e outros países poderão participar se forem clarificadas as circunstâncias dessa participação, em suma: ninguém parece saber bem o que irá acontecer. Isto é o reflexo da politica de defesa europeia, que se existe não funciona e se funciona, funciona apenas intermitentemente e de modo hesitante. Temos por isso duas das mais importantes organizações mundiais envolvidas na questão Libanesa, e ambas sem conseguirem convencer ninguém da sua eficácia.

Rui

quarta-feira, agosto 23, 2006

1 ANO





















-
Um ano depois de começar, foram muitas as coisas que nunca encontraram lugar ou oportunidade de figurarem aqui e seria IN-Provavel que tal acontecesse. Eis algumas:

-Sempre que peço desculpa isso ajuda os meus neurónios.
-Eles dividem-se, uns apontam para o sul outros para a direcção oposta e outros ainda retiram de uma pasta de couro castanha, como a minha, salpicão, chouriço, queijo de cabra e pão de centeio. Falamos todos muito, muitas vezes em absoluto silêncio. Se tivermos agido correctamente, sentimo-nos todos muito melhor.

-O tempo existe, é gratuito, está aí o tempo todo; Rodopia nos relógios, soa do alto dos campanários, nas rádios e televisões em curtos silvos agudos; mas não leva as dores consigo.

-Hoje de manhã, quando ousei afastar os lençóis e arrastar-me até à casa de banho, reparei antes de desfazer a parte da barba que corto todos os dias, que onde antes existiam dois pelos brancos existe agora uma mancha pequena. Podia ser uma sinal, mas afinal sou só eu quem acredita em sinais!

-Era ainda muito cedo ou talvez demasiado tarde.
As estrelas ainda brilhavam e a lua ainda era cheia da luz da madrugada.
No horizonte, haviam mais dúvidas e montanhas do que nuvens claras.

-Qual é o estranho processo da memória?
-O que faz com que recordemos com minúcia e detalhe alguns factos e não recordemos nada de outros?
-Que mecânica ou reacção química faz com que não deixemos de lembrar situações que preferíamos esquecer?
-Porque alguns factos desagradáveis ou apenas tristes, são relegados para o limbo da não lembrança, para o fundo de um baú, e outros não o são?
-A quantos não assaltou já o desejo de esquecer uma pessoa e não foi nunca possível nem será?

-Frases soltas, diálogos incompletos, personagens perdidas e desencontradas.Romance que talvez um dia escreva e que comece assim:
“Naquele fim-de-semana, toda a angustia regressou de novo e se instalou desconfortável, sem aviso ou convite. Veio como de costume para três dias inteiros de cinza e névoa fria.

-Escrever é como uma catarse mas não apenas um catarse.
-Escrevo apenas para me ajudar a pensar e nesse acto sem corte nem costura, descanso a alma por vezes. Nunca pretendi auto-analises ou exorcismos.
-Escrevo, ora elíptico, ora espiral e por vezes concêntrico. Outras vezes não me reconheço no que releio, mas revejo-me ainda assim no que sinto ali escrito.

-Era sábado de tarde quase noite; Ali perto os sinos de uma igreja tocavam a chamar os crentes, os felizes e os de coração confortado.
-Era sábado, era triste e chovia lá fora, para lá dos vidros do café silencioso e vazio. Era sábado e eu, chovia tristemente ao som dos sinos da igreja dos felizes.

-A aranha tece por instinto uma teia de delicado desenho com que enfeita a natureza. Tece-a apenas para apanhar as suas presas e não para decorar a visão dos humanos. Uma rede subtil, capaz de arrebanhar o orvalho das madrugadas e o aguaceiro leve em contas de reflexo diamantífero sob a luz da lua e do sol matinal.
-Uma emoção geométrica, perfeita da evolução pegajosa de que todos somos parte. Todos somos aranha e a sua presa.

-Há dias atrás, tinha na mão um livro que desfolhara brevemente dias antes e onde lera uma deliciosas passagem acerca das inconsistências da antropologia. Como não a encontrava, pensei fazer uma busca por palavras…
-Fiquei triste por reparar que não era um monitor aquilo que tinha na minha frente. Duplamente triste por estar, talvez, a perder uma raiz mais.

-Existem circunstancias bem estranhas na vida. Uma das mais estranhas é sem duvida a ocorrência das dores físicas. Existem algumas com que nos habituamos a viver, de tal modo quem em determinadas alturas especiais, são tudo aquilo com que p+odemos contar. Aconteça o que acontecer estão lá.

Rui

terça-feira, agosto 22, 2006

Pré-História

















-Olhou à sua volta sem saber bem quanto tempo teria passado desde que chegara ali. Aliás, nem sequer sabia bem onde estava, onde era ”ali” ou como havia chegado lá. A paisagem era estranha, as plantas desconhecidas, as arvores só remotamente lembravam as que conhecia e nem sequer um edifício ou construção humana existia até onde a sua vista alcançava. Mais ao longe alguns cumes de montanhas apontavam um céu cinza-azulado e era de uma dessas montanhas que descia o regato de agua cristalina e pura que ali passava sem vestígios de poluição.
-Foi na precisa altura em que pensava ter visto paisagens como aquela em algum livro de história, que um ruído que ouvia lhe pareceu crescer; primeiro como um rumor e depois como um trovão que se aproximasse de si. Assustado, Álvaro cedeu ao mais básico dos instintos humanos e desatou a correr na direcção oposta àquela de onde o barulho, agora quase ensurdecedor, lhe parecia chegar. Corria desalmadamente, saltando pedras e escorregando em valados, mas ainda assim olhando por sobre o ombro para trás. Foi numa dessas olhadelas que quase não quis acreditar no que via, de inicio pareciam-lhe elefantes, mas com a aproximação teve a certeza de que o que corria na sua direcção eram mamutes. Entre a dúvida e o pasmo, sempre sem parar de correr, não viu a rocha enorme contra a qual chocou e que o fez perder os sentidos.
-Sentindo-se sacudido, recobrou a consciência lentamente como se desperta-se de um sonho estranho. Olhou para cima e três mulheres vestindo peles de animais, abeiravam-se dele com olhar curioso. Tinham os cabelos em total desalinho e pêlo no corpo todo. Lutando contra o corpo, que lhe doía, sentou-se e olhou em volta. Estava numa gruta parcamente iluminada por uma fogueira; ao fundo um grupo de pessoas desgrenhadas comia, não soube bem o quê, como comem os animais. Mais além corriam crianças semi-nuas, sujas e mal cheirosas. Aliás o odor era quase insuportável, uma mistura de môfo, podridão, suor e fezes quase disfarçava o odor da madeira queimada.
-Alguns dos seres que via seguravam clavas, mas pareciam partilhar tudo o resto. Reparou que todos os meios de produção como pedras e lanças eram de todos, que não havia noção de família e todos se entregavam a todos. Definitivamente, não existia nem lei nem estado que os regulasse ou lhes restringisse qualquer liberdade.
-Mais tarde, Álvaro apercebeu-se que não existiam classes sociais, nem trabalho definido, apenas a divisão dele. Por vezes caçavam, outras vezes recolhiam alimentos da natureza. No entanto, grande parte do seu tempo era despendido a procriar sem qualquer complexo freudiano.
-Passado algum tempo, três dos homens barbudos do grupo ao fundo da caverna, ergueram-se e foram na sua direcção. Afastaram com suaves pontapés as mulheres à sua volta, baixaram-se olhando-o de perto e sorriram com ar estranho. Pareceu-lhe reconhece-los e titubeantemente disse:

-Fidel, Carl, Friedrich?

Rui

sexta-feira, agosto 18, 2006

Como ser? Como se comportar? Como pensar? O que sentir?














Marxista ou Estóico? Café ou Descafeinado? Telejornal ou Telenovela? Electro-Rock ou Jazz? Berlim com ou sem muro? "Cem anos de Solidão" ou "O Alquimista"? Coca-Cola ou Pepsi? Ridley Scott ou Godard? “O Príncipe” de Maquiavel ou o “Príncipezinho” de Saint-Exupéry? Google ou Yahoo? Amelie Poulain ou Audrey Tautou? Gato Fedorento ou Camilo Castelo Branco? João Paulo II ou Stones ? Seinfeld ou Engels ? Canal História ou Flintstones? Jeunet ou Natalie Portman ? Ateísmo ou Ecstasy? Gótico ou Desconstrutivista? Liberdade anárquica ou Direito?


-Salvo raríssimas excepções, muito louváveis, o panorama cultural é extremamente boçal, e o espectáculo do possível e do improvável tão largo que apenas me resta fazer um sorrisinho amarelo, meio do canto da boca, e continuar andando. Isso, ou deixar que permaneça o meu maior ar de profundo tédio e depressão, enquanto tento não me interessar pelas causas de tal deserto de ideias. Essencialmente, continuar a viver, ou a sobreviver no meio desta “manada”, um dia penoso de cada vez.
-Telemóvel de ultima geração, máquina fotográfica digital de 200 milhões de pixeis, portátil de 250 gramas.
-Os livros que eu leio é que são bons, os filmes que vejo é que são inteligentes, os meus autores são mais cultos que os teus, a minha música é de melhores autores do que a tua.
-Como ser? Como se comportar? Como pensar? O que sentir?
-Usa-se e abusa-se de rótulos, de citações decoradas. É mais fácil ser ateu ou extremista do que ter uma ideologia, uma causa ou um credo. É pratico ser superficial e inócuo, passar ao lado e dizer que se passa por cima. Ser fútil e vão está na moda, ser assexuado e apolítico também.
-A humanidade é demasiado Kitsch, ser humano é “pindérico” e dizer pindérico é kitsch.
-Ninguém quer sentir terra nos pés nem que seja a dançar na terra molhada. Queremos “Nike” e “Reebock”. Queremos cafeína e “Prozac”. Queremos “Prada” e chinelos de praia. Queremos Estados Unidos quando convém e União Soviética quando dá jeito.
-Queremos depilação e implantes capilares. Tabaco e “fitness”. Álcool e comida vegetariana. Piercing’s, tatuagens e brancura. Neve e praia. Artesanato e “ready made”. Pacifistas e lutadores. Narcisistas e marxistas. Queremos ser Aristóteles e Einstein no mesmo corpo de um gladiador com a habilidade de Monet. Falamos da modernidade e somos voyeurs de concursos. Usamos o MSN e ficamos em silêncio com os amigos. Somos o pop de oitenta com a saudade do disco de setenta e do rock’n roll dos sessenta. Somos as nossas próprias imagens que tiramos com máquinas electrónicas e as velhas fotos dos honrados e desbotados antepassados. Somos revolucionários bêbados e afogados de liberdade capitalista. Reaccionários na vanguarda de belas causas a que assistimos em directo pela televisão. Somos “cult”. Somos tristes cópias do que queremos ser e do que acreditamos que somos, e entretanto, fugimos de nós em nome de nada, fugindo e deixando que fujam de nós para que depois tenhamos de que falar e o que lamentar.
-Um dia quando for demasiado tarde.

Rui

Nota: Apesar do tempo tristonho e fechado, hoje foi uma boa tarde!

terça-feira, agosto 15, 2006

NADA










-Sempre fora um daqueles crentes com uma fé inquebrantável e praticante fiel da religião que por uma ou outra razão naquele momento praticava. Actualmente, vai à missa dominical sempre que tem um problema para resolver e quando quer ser visto pelas pessoas a quem pretende impressionar com a sua religiosidade.
-Se Deus não lhe resolver um problema, seja por ter coisas mais importantes, por ser Agosto ou apenas por não querer resolvê-lo, insulta-O, põe em causa a sua bondade e existência, renega-O e corre a uma casa de artigos exotéricos a comprar um amuleto. Como já antes lhe acontecera, o amuleto não funciona e a dona da casa de artigos exotéricos remenda-lhe um “bruxo fantástico”, que o manda comprar quilos de ervas estranhas e lhe cobra uma fortuna. Banha-se no chá dessas ervas, cheira mal duas semanas e em desespero de causa corre a comprar um revolver para se suicidar. Mas, seja por lhe faltar a coragem para premir o gatilho, ou por ter reflectido que o suicídio é um pecado, corre à igreja mais próxima, onde ajoelhado e contrito, bate no peito e pede perdão. Já em paz consigo e com Deus, sai da igreja com as ideias mais ordenadas. Pelo caminho, usa o seu telemóvel (de ultima geração e modelo), liga ao seu advogado para que resolva o problema que o atormenta, que para isso lhe paga; Toma dois whisky's e volta a estar em paz consigo.
“Graças a Deus!”


Rui

sábado, agosto 12, 2006

EMBIRRAÇÕES V










O COSTAS LARGAS!

Facto 1

A Caixa de Previdência e Abono de Família dos Jornalistas é dirigida por uma comissão administrativa cuja presidente é a mãe do ministro António Costa e do Director-Adjunto da Informação da SIC, Ricardo Costa (Maria Antónia Palla Assis Santos - não tem o "Costa). Esta Caixa vai manter o mesmo estatuto. Isso inclui regalias e compensações muito superiores às vigentes na função pública (ADSE), SNS, SAMS e os outros subsistemas de saúde. Sempre são jornalistas, não é verdade?

Facto 2

Empregou no ministério da Justiça a sua filha Susana Isabel Costa Dutra como responsável pela manutenção, do site desse ministério com um vencimento de 3254€ mais subsídio de refeição.

Facto 3

Passou o último ano a propagandear a eficácia das suas medidas no sentido de que se não repetissem os incêndios calamitosos de anos anteriores. Transformou em bombeiros soldados da GNR, que já tinha uma brigada fiscal e outra do ambiente, mas as encomendas de material necessário aos bombeiros não foram feitas a tempo e horas.

Aí Costa, Costa….


Rui

segunda-feira, agosto 07, 2006

CRIANÇAS DE GUERRA











-
Faz-me verdadeira pele de galinha o facto dos eternos combatentes pelos direitos dos “oprimidos”, se deixarem possuir por uma cega fúria irracional nos comentários que tecem. -Causa-me verdadeiro asco o que leio por vezes na Internet, por vezes em órgãos de informação que lhes dão espaço para desbaratarem a torto e a torto a sua sanha de humanistas libertários e verdadeiros, senão únicos, detentores de ideais e de razão.

-Como é possível que alguém se coloque (sem condições), do lado de teocracias que desrespeitam os mais elementares direitos que por cá defendem tão acerrimamente? Do lado de governos, partidos e organizações que fazem tábua rasa da vida humana, dos direitos das mulheres, da liberdade religiosa, da liberdade de imprensa e do direito ao pensamento e à opinião? Ao lado em suma, de quem em nome de Deus mata indiscriminadamente, fanaticamente e de modo cego e inconsciente?
-Como escreveu Samir Kassir (assassinado a 2 de Junho de 2005 em Beirute): “Regimes em que a civilização é reduzida à cultura, a cultura à religião, a religião à politica e a politica à acção violenta.”

-No caso do actual conflito no Líbano, existe por cá muito ser pseudo-pensante que mais parece padecer de um anti-semitismo primário disfarçado de anti-sionismo, do que da capacidade de defender lá, aquilo que por aqui lhes enche o discurso e as letras.
-Não vejo nesta guerra, como não vejo em guerra alguma, nada que me possa satisfazer no que toca à perda de vidas humanas, mas não me esqueço que a situação de guerra existia já desde há muito tempo, com ataques pouco mais que impunes de uma das partes à outra. Claramente me preocupa e entristece profundamente a perda de vidas, sobretudo quando se trata de crianças. No esqueço no entanto, as crianças que vi morrer por culpa de bombistas, em autocarros quando se dirigiam para a escola, em restaurantes onde almoçavam, em mercados ou em plena rua. Não esqueço nem posso, as outras crianças que servem de escudos humanos ao frequentar, alegadas escolas corânicas, estrategicamente colocadas em edifícios em que “lutadores da liberdade” preparam planos de matança. Não esqueço, não posso nem pode ninguém esquecer, as crianças que na idade em que deviam aprender os essenciais valores da vida humana e do respeito por ela, são incitadas à violência e à barbárie, em nome de desígnios religiosos extrapolados do que o seu profeta não quis com certeza que se entendesse dos seus ensinamentos.
-Eu gosto de crianças, de todas as crianças e não apenas de parte delas consoante a sua vida ou morte me permita esta ou outra opinião e a emissão de “sound bites”.

Talvez aos nossos "inteligentes" de serviço, ainda os oiçamos dizer como disse o presidente iraniano, que o holocausto além de justificado não foi aquilo que foi. Eles que não eram revisionistas da história...

Rui